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12/10/2005 - 09h46

União estuda dar pílula para disfunção erétil

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CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

O Ministério da Saúde estuda distribuir remédios para disfunção erétil na rede pública de saúde. Hoje, 45% dos homens brasileiros entre 40 e 70 anos se queixam de algum problema em relação à ereção, de acordo com dados do Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.

A novidade deve integrar as ações de um programa inédito de saúde do homem, que será lançado em novembro pela pasta. Uma portaria nesse sentido será submetida no final do mês a uma comissão tripartite. Não há ainda um orçamento definido para o programa, segundo o ministério.

José Gomes Temporão, secretário de Atenção Básica do Ministério da Saúde, afirma que R$ 3 milhões já estão reservados para a realização de estudos específicos para entender o perfil dessa população, ainda desconhecido pelo ministério. A pesquisa será feita em parceria com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

O urologista Sidney Glina, do hospital Albert Einstein e que vai presidir a sociedade médica da especialidade em 2006, pondera se a oferta dos medicamentos é prioridade dentro do contexto da saúde pública. "Há muitas carências. O Brasil é campeão mundial em câncer de pênis, que está ligado à falta de higiene, de educação". No país, o tumor representa 2% dos cânceres no homem.

Glina não duvida de que a distribuição dos remédios trará mais qualidade de vida aos homens e que vá atrai-los às unidades de saúde. "Tem muito homem que quer usar, tem indicação para isso e não consegue ter acesso em razão do preço." Cada comprimido das quatro drogas para disfunção erétil disponíveis no mercado custa entre R$ 20 e R$ 30.

Próstata

Uma das primeiras metas do programa de saúde do homem será acabar, em seis meses, com a fila de pelo menos 3.000 homens que aguardam uma cirurgia de próstata na rede SUS. O tumor da glândula é hoje a quarta causa de morte por câncer no Brasil, correspondendo a 6% do total de óbitos do sexo masculino.

Temporão afirma que a iniciativa depende das parcerias dos Estados e municípios. Cada local que aderir ao plano recebe o equivalente a R$ 1 por habitante --se uma cidade possui 100 mil habitantes, terá disponível R$ 100 mil para as cirurgias. Atualmente, o projeto está em andamento em 15 Estados e no Distrito Federal.

Outras ações serão criadas para sensibilizar a população masculina para a adoção de hábitos saudáveis (como uma dieta rica em fibras), fazer o rastreamento do câncer da próstata (se tiver histórico da doença na família) e capacitar os profissionais de saúde a encontrarem os sinais da doença.

Na avaliação de Walter Koss, atual presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, o programa precisa vir associado à contratação de mais profissionais especializados na saúde do homem na rede pública. "Há uma carência enorme. Em Porto Alegre, por exemplo, os homens demoram de três a seis meses para conseguir agendar uma consulta com o urologista", afirma.

O secretário Temporão alega que a nova política de atenção ao homem vai aumentar o número de urologistas e de geriatras, mas não arrisca ainda dizer em quanto. Ele, porém, diz acreditar que o principal desafio é atrair os homens às unidades de saúde.

"Mesmo em locais em que os postos de saúde ficam abertos além do horário comercial e mantidos ativos durante a noite, há baixa procura dos homens adultos", afirma ele.

Uma das idéias, segundo Temporão, é instituir programas de prevenção à saúde do homem no ambiente de trabalho. Para isso, pretende firmar parcerias com hospitais universitários, ONGs e grandes indústrias.

Prevenção

Projetos de prevenção ao alcoolismo, ao tabagismo e à violência também estão na pauta do programa. Hoje, 80% das 120 mil mortes violentas (homicídios e acidentes de trânsito) ocorridas anualmente no país são de homens. "O programa tem obrigação de tratar da questão da violência e estudar ações que reduzam esses números", diz Temporão.

Igual importância também terão os programas de prevenção às doenças cardiovasculares, hoje, a principal causa de morte dos homens. O retrato masculino em relação aos fatores de risco preocupam: 40,9% dos homens adultos estão com sobrepeso, e 83% não praticam atividade física.

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