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26/10/2005
-
03h25
EDUARDO SCOLESE
da Folha de S.Paulo
O secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Odilo Scherer, afirmou ontem que a vitória do "não" no referendo sobre a proibição da venda de armas e munições no país demonstra que a população brasileira "não confia" na segurança pública e que considera o Estado "ineficiente" para prover a segurança das pessoas.
"O referendo traz à tona uma série de questões. Parece que a sociedade, diante das propagandas do 'sim' e do 'não', não pode confiar na segurança pública. E entendeu que o Estado é ineficiente para prover a segurança das pessoas", disse dom Odilo, em entrevista ontem na sede da CNBB.
Segundo ele, é "problemático" o fato de as pessoas estarem procurando armas para cuidar da própria segurança, o que, segundo ele, é papel do Estado. "Ficou a idéia de que é importante que a sociedade e as pessoas físicas tenham acesso às armas e possam elas mesmas cuidar de si", afirmou ele.
Dom Odilo sinalizou que a vitória do "não" pode trazer um risco de explosão na sociedade. "Parece-me problemático ir por esse caminho [de cada um se armar], porque quanto mais pólvora no meio da população maior é o risco de explosão. O Estado é quem tem de assegurar a segurança."
O Brasil, diz, "continua nutrindo" a cultura da violência. "Não somos ainda uma sociedade que prioriza uma cultura da paz e da não-violência, mas ainda prioriza o fato de ter uma arma na mão para se defender e até ameaçar."
Bispo de Jales (SP) e integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência, dom Demétrio Valentini disse que "o resultado do referendo nos convida a uma séria reflexão". "O referendo não dividiu o Brasil em duas partes. Houve sim uma convergência nacional muito clara sobre a preocupação de todos com a segurança."
Apuração
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) concluiu às 10h30 de ontem a apuração dos votos do referendo sobre a proibição do comércio de armas e munições. No último domingo, 95,375 milhões de pessoas compareceram às 323.368 seções eleitorais do país, e o "não" teve 63,94% dos votos.
Os números finais são: o "não" teve 59,109 milhões de votos (63,94%), o "sim", 33,333 milhões (36,06%). Houve 1,329 milhão de votos brancos (1,39%) e 1,604 milhão nulos (1,68%).
O "não" teve maior votação em Marechal Thaumaturgo (97,44%), no Acre. O "sim" obteve a maior soma em Rio dos Pires (78,60%), na Bahia.
Consulte aqui o percentual de votos obtidos pelo "sim" e pelo "não" em cada município.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o referendo
Leia a cobertura completa sobre o referendo sobre a venda de armas e munição
País não crê na segurança pública, diz CNBB
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da Folha de S.Paulo
O secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Odilo Scherer, afirmou ontem que a vitória do "não" no referendo sobre a proibição da venda de armas e munições no país demonstra que a população brasileira "não confia" na segurança pública e que considera o Estado "ineficiente" para prover a segurança das pessoas.
"O referendo traz à tona uma série de questões. Parece que a sociedade, diante das propagandas do 'sim' e do 'não', não pode confiar na segurança pública. E entendeu que o Estado é ineficiente para prover a segurança das pessoas", disse dom Odilo, em entrevista ontem na sede da CNBB.
Segundo ele, é "problemático" o fato de as pessoas estarem procurando armas para cuidar da própria segurança, o que, segundo ele, é papel do Estado. "Ficou a idéia de que é importante que a sociedade e as pessoas físicas tenham acesso às armas e possam elas mesmas cuidar de si", afirmou ele.
Dom Odilo sinalizou que a vitória do "não" pode trazer um risco de explosão na sociedade. "Parece-me problemático ir por esse caminho [de cada um se armar], porque quanto mais pólvora no meio da população maior é o risco de explosão. O Estado é quem tem de assegurar a segurança."
O Brasil, diz, "continua nutrindo" a cultura da violência. "Não somos ainda uma sociedade que prioriza uma cultura da paz e da não-violência, mas ainda prioriza o fato de ter uma arma na mão para se defender e até ameaçar."
Bispo de Jales (SP) e integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência, dom Demétrio Valentini disse que "o resultado do referendo nos convida a uma séria reflexão". "O referendo não dividiu o Brasil em duas partes. Houve sim uma convergência nacional muito clara sobre a preocupação de todos com a segurança."
Apuração
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) concluiu às 10h30 de ontem a apuração dos votos do referendo sobre a proibição do comércio de armas e munições. No último domingo, 95,375 milhões de pessoas compareceram às 323.368 seções eleitorais do país, e o "não" teve 63,94% dos votos.
Os números finais são: o "não" teve 59,109 milhões de votos (63,94%), o "sim", 33,333 milhões (36,06%). Houve 1,329 milhão de votos brancos (1,39%) e 1,604 milhão nulos (1,68%).
O "não" teve maior votação em Marechal Thaumaturgo (97,44%), no Acre. O "sim" obteve a maior soma em Rio dos Pires (78,60%), na Bahia.
Consulte aqui o percentual de votos obtidos pelo "sim" e pelo "não" em cada município.
Especial
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