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19/11/2005 - 09h56

Advogada morre após cirurgia estética

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FERNANDA BASSETTE
FABIANE LEITE
DANIELA TÓFOLI
da Folha de S.Paulo

A advogada e professora Silvana Maria Turine Augusto, 37, morreu na tarde de quarta-feira com uma parada cardiorrespiratória após uma cirurgia de hidrolipoaspiração em uma clínica da zona sul de São Paulo. A causa da morte é desconhecida e a polícia investiga o caso.

O procedimento foi realizado pelo médico Romeu Bruno Molinari, 38, que nega relação da morte com a cirurgia. Molinari informou que aplicou uma injeção de soro fisiológico associada à drenagem linfática (tipo de massagem) e ultra-som para combater gordura localizada no alto das coxas.

Ele não classificou o procedimento como lipoaspiração ou como outro tipo de cirurgia. "Ela fez um procedimento estético".

A hidrolipoaspiração é uma técnica que não é reconhecida pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Segundo Osvaldo Saldanha, presidente eleito da sociedade, é feita para retirar quantidades menores de gordura.

É comum que médicos, mesmo de outras áreas, apliquem procedimentos que não são consenso entre seu pares.

Ainda segundo Molinari, que afirmou ter título em Medicina Esportiva e Clínica Médica, a paciente fez todo o procedimento na clínica, conversou durante o processo e, quando preparava-se para ir embora, apresentou "quadro alucinatório e convulsões". "Começou a gritar e falar como um bebê", descreveu o médico.

Molinari levou Silvana até o Hospital Santa Rita em seu próprio carro. De acordo com o hospital, a paciente já chegou morta.

O médico afirmou que, após a morte, familiares da advogada lhe disseram que ela tomava uma série de medicamentos sob orientação do endocrinologista Felippo Pedrinola. "Ela não tinha nos informado [sobre o uso de remédios]". "Não posso afirmar, mas o que aconteceu nos leva a pensar em uso abusivo de substâncias."

Pedrinola explica que Silvana se consultou apenas uma vez com ele. "Ela contou que havia tomado vários remédios para emagrecer mas que, há um mês, tinha parado". Segundo o médico, foram receitados apenas um ansiolítico e um fitoterápico. "Em nenhum momento ela disse que faria tratamento estético. Os remédios que receitei não causariam a morte."

O laudo sobre a morte só deve ficar pronto em 60 dias.

Segundo Fausto Viterbo, especialista em estética e chefe da Cirurgia Plástica da Unesp, os riscos da hidrolipoaspiração são os mesmos de qualquer cirurgia. "Não sabemos quais foram os medicamentos que essa paciente recebeu. Além disso, se injetaram soro em excesso, ela pode ter sofrido uma embolia pulmonar."

Na clínica de Molinari, o procedimento básico custa R$ 4.300 e a consulta médica, R$ 230. Segundo informações passadas por um atendente, a hidrolipoaspiração seria menos invasiva do que uma lipoaspiração comum e a gordura é retirada por microcânulas. O paciente recebe anestesia local e não precisa ficar internado. O médico não citou as cânulas e a anestesia ao explicar o procedimento.

Ontem à tarde o site de Molinari procurava voluntários para a realização de tratamentos estéticos a custos dez vezes menores.

Na sala do profissional há recortes de revistas femininas, mostrando técnicas executadas pelo médico e fotos "antes e depois", vetadas pelo Conselho Federal de Medicina.

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