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14/12/2005
-
22h47
ADRIANA CHAVES
da Agência Folha
Um parasita encontrado em animais aquáticos pode ter causado cegueira em 12 pessoas em Araguatins (621 km de Palmas). Ao todo, as secretarias municipal e estadual da Saúde detectaram 262 casos de lesão ocular de origem desconhecida no município, no extremo norte do Tocantins, em uma investigação feita de 9 de novembro a 12 de dezembro.
Em nota oficial, a Sesau (Secretaria Estadual da Saúde) informou suspeitar que as vítimas tenham sido contaminadas pelo parasita trematóide, transmitido por caramujos.
"Por um desequilíbrio ecológico naquele local, [os caramujos] se multiplicaram intensamente, acometendo principalmente crianças que se banharam no rio Araguaia, onde estão alojados os moluscos."
Ainda não há informações sobre as causas do possível desequilíbrio ecológico, segundo a assessoria de imprensa da secretaria. Técnicos da Sesau, pesquisadores do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, USP (Universidade de São Paulo) e UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) estão estudando o caso.
Todas as vítimas estão sendo acompanhadas e medicadas, segundo o governo estadual. Nesta quarta-feira, a Naturatins (Instituto Natureza do Tocantins) interditou provisoriamente as beiras e as praias naturais formadas ao longo do rio Araguaia, no município. Não há registro de casos em outras regiões.
Também foi iniciada a retirada mecânica dos caramujos, tidos como possíveis transmissores da doença. O problema se restringe a um trecho específico do rio no município, que ocupa 2.627 km2 e cuja população é de 29.338 habitantes (censo de 2000).
Na nota, o secretário estadual da Saúde, Gismar Gomes, afirmou que não há motivo para preocupação para a população de Araguatins, já que a secretaria está tomando todas as medidas necessárias para a solução do problema.
"Nós conseguimos agir com rapidez realizando essa investigação e agora mobilizamos também o Naturatins para interditar a área afetada para a retirada dos moluscos das margens do rio", declarou o secretário no documento.
A Folha procurou Gomes durante toda a tarde desta quarta, pelo telefone, mas ele ainda não atendeu a reportagem.
Doença
De acordo com a assessoria de imprensa da Sesau, os sintomas da contaminação se assemelham aos de uma conjuntivite. O verme se aloja no olho, dando início a um processo inflamatório. A maioria das vítimas teve apenas um olho atingido. Antes desse surto, houve casos isolados da doença naquele município e em Marabá (PA), em 2002.
Para um dos especialistas que estudam o caso, o oftalmologista da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Fernando Orestes, ainda é muito prematuro atribuir à causa do surto à contaminação por trematóides supostamente transmitidos por caramujos do rio. "Os dados estão sendo analisados ainda, estamos realizando uma série de estudos."
De acordo com Orestes, nem mesmo o microorganismo causador da doença pôde ser identificado. "Ainda não se sabe se são trematóides. Não se sabe se filarioses (infecções causadas por vermes filárias, também transmitidos por hospedeiros) ou até fungos. Por enquanto, é tudo especulação, estamos em busca das causas, nem o elemento causador da doença é conhecido.
O especialista ressaltou que não há motivos para alarde. "É uma ocorrência comum na região, não é tão raro. É preciso tomar cuidado com esse tipo de divulgação, trata-se de um surto que apareceu e que está sendo controlado."
Especial
Leia o que já foi publicado sobre surtos de doenças
Parasita pode ter cegado ao menos 12 pessoas no TO
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da Agência Folha
Um parasita encontrado em animais aquáticos pode ter causado cegueira em 12 pessoas em Araguatins (621 km de Palmas). Ao todo, as secretarias municipal e estadual da Saúde detectaram 262 casos de lesão ocular de origem desconhecida no município, no extremo norte do Tocantins, em uma investigação feita de 9 de novembro a 12 de dezembro.
Em nota oficial, a Sesau (Secretaria Estadual da Saúde) informou suspeitar que as vítimas tenham sido contaminadas pelo parasita trematóide, transmitido por caramujos.
"Por um desequilíbrio ecológico naquele local, [os caramujos] se multiplicaram intensamente, acometendo principalmente crianças que se banharam no rio Araguaia, onde estão alojados os moluscos."
Ainda não há informações sobre as causas do possível desequilíbrio ecológico, segundo a assessoria de imprensa da secretaria. Técnicos da Sesau, pesquisadores do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, USP (Universidade de São Paulo) e UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) estão estudando o caso.
Todas as vítimas estão sendo acompanhadas e medicadas, segundo o governo estadual. Nesta quarta-feira, a Naturatins (Instituto Natureza do Tocantins) interditou provisoriamente as beiras e as praias naturais formadas ao longo do rio Araguaia, no município. Não há registro de casos em outras regiões.
Também foi iniciada a retirada mecânica dos caramujos, tidos como possíveis transmissores da doença. O problema se restringe a um trecho específico do rio no município, que ocupa 2.627 km2 e cuja população é de 29.338 habitantes (censo de 2000).
Na nota, o secretário estadual da Saúde, Gismar Gomes, afirmou que não há motivo para preocupação para a população de Araguatins, já que a secretaria está tomando todas as medidas necessárias para a solução do problema.
"Nós conseguimos agir com rapidez realizando essa investigação e agora mobilizamos também o Naturatins para interditar a área afetada para a retirada dos moluscos das margens do rio", declarou o secretário no documento.
A Folha procurou Gomes durante toda a tarde desta quarta, pelo telefone, mas ele ainda não atendeu a reportagem.
Doença
De acordo com a assessoria de imprensa da Sesau, os sintomas da contaminação se assemelham aos de uma conjuntivite. O verme se aloja no olho, dando início a um processo inflamatório. A maioria das vítimas teve apenas um olho atingido. Antes desse surto, houve casos isolados da doença naquele município e em Marabá (PA), em 2002.
Para um dos especialistas que estudam o caso, o oftalmologista da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Fernando Orestes, ainda é muito prematuro atribuir à causa do surto à contaminação por trematóides supostamente transmitidos por caramujos do rio. "Os dados estão sendo analisados ainda, estamos realizando uma série de estudos."
De acordo com Orestes, nem mesmo o microorganismo causador da doença pôde ser identificado. "Ainda não se sabe se são trematóides. Não se sabe se filarioses (infecções causadas por vermes filárias, também transmitidos por hospedeiros) ou até fungos. Por enquanto, é tudo especulação, estamos em busca das causas, nem o elemento causador da doença é conhecido.
O especialista ressaltou que não há motivos para alarde. "É uma ocorrência comum na região, não é tão raro. É preciso tomar cuidado com esse tipo de divulgação, trata-se de um surto que apareceu e que está sendo controlado."
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