Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
28/12/2005 - 10h23

Secretaria negocia com rebelados em RO; presos dizem ter matado 10

Publicidade

da Folha Online

A Secretaria da Segurança de Rondônia espera retomar na manhã desta quarta-feira as negociações com os presos que estão rebelados desde o último domingo (25) na Casa de Detenção José Mário Alves da Silva, conhecida como Urso Branco, em Porto Velho. Eles mantêm quase 200 pessoas reféns e dizem ter matado ao menos dez detentos rivais.

A secretaria, que não confirma o número de mortos, afirma que o Gabinete de Gerenciamento de Crises aguarda contato dos rebelados para dar continuidade às conversas. O gabinete é presidido pelo secretário da Segurança, Renato de Souza, e representantes do Tribunal de Justiça, do Ministério Público, das polícias Civil e Militar e conta com advogados da Comissão de Direitos Humanos.

Na manhã desta quarta, o secretário deve conceder uma coletiva para anunciar medidas que poderão ser adotadas para encerrar a rebelião e também falar sobre o impasse nas negociações.

Impasse

Na terça-feira (27), as negociações eram consideradas avançadas. Porém, elas voltaram a ser suspensas por volta das 21h (19h horário local).

Uma das principais reivindicações dos rebelados é o retorno à unidade do preso Ednildo Paula Souza, o Birrinha, considerado líder do Urso Branco. Ele cumpre pena de 30 anos por roubo e foi transferido para outra casa de detenção no último sábado (24).

O pedido foi aceito pela Secretaria Estadual da Segurança Pública, contanto que os reféns fossem soltos e que a Polícia Militar revistasse o prédio antes da entrada de Birrinha. Porém, os presos insistem que Birrinha entre antes da soltura dos reféns.

Os reféns são cerca de 200 pessoas --sendo apenas nove homens-- que visitavam a unidade quando a rebelião começou. Conforme a direção do presídio, eles se recusam a deixar o local, em apoio aos presos.

Outra reivindicação dos presos aceita durante as negociações de terça foi a de que alguns deles sejam transferidos para amenizar o problema da superlotação. Atualmente, o presídio com capacidade para apenas 360 presos abriga cerca de 1.050.

Os rebelados também querem a mudança de comando na Vara de Execuções Penais de Porto Velho, chefiada pela promotor Amadeu Sikorski Filho, responsável pela transferência de Birrinha.

Para pressionar as autoridades, os rebelados dizem ter matado dez presos rivais. Sobre o telhado da unidade, eles teriam exibido os corpos de dois deles. Para a secretaria, porém, as mortes ainda não estão confirmadas e há possibilidade dos presos terem organizado uma encenação.

Entrevista

A Agência Folha obteve o número de um celular em poder de um dos amotinados. Sob a condição de não ter seu nome revelado, ele disse que 16 presos foram assassinados e que, se o impasse continuasse por muito tempo, outros morreriam.

Questionando sobre a razão de não exporem abertamente os corpos, como no motim de abril do ano passado, ele disse que era para evitar pânico entre os reféns. Ele afirmou que os corpos estavam escondidos em duas celas.

"Essa reivindicação é sobre um irmão nosso que foi transferido para outra cadeia e sobre os direitos que nós temos, prometidos em outra rebelião que nós fizemos aqui, e que não foram cumpridos até agora. Eles [autoridades] querem nos envenenar e o que vão conseguir é a morte."

Memória

Em abril de 2004, os presos do Urso Branco promoveram uma rebelião e mataram 15 detentos --cinco decapitados. Como demonstração de força, amotinados, sobre o telhado da unidade, eles exibiram corpos e cabeças extirpadas das vítimas.

Na mesma época, a OEA (Organização dos Estados Americanos) redigiu um duro relatório contra o Estado brasileiro.

Com Agência Folha

Leia mais
  • Rebeliões em Urso Branco já renderam críticas da OEA

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre rebeliões de presos
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página