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04/02/2006
-
09h48
MARIO HUGO MONKEN
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
Traficantes de drogas estão proibindo ou restringindo as religiões afro-brasileiras, como a umbanda e o candomblé, em favelas do Rio de Janeiro, segundo relatos de líderes de associações de moradores e religiosos ouvidos pela Folha. Terreiros foram fechados e, em 2002, um pai-de-santo foi assassinado.
Para representantes de religiões afro, um dos motivos seria o envolvimento de traficantes ou seus familiares com igrejas evangélicas, que têm correntes que associam a umbanda e o candomblé a manifestações demoníacas.
No morro do Dendê, na Ilha do Governador (zona norte), Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinho, acusado de liderar o tráfico local e que se diz evangélico, determinou o fechamento de ao menos três terreiros nos últimos meses e proibiu que pessoas circulem pela favela com cordões ou pulseiras com alusão às religiões afro, segundo testemunhos ouvidos pela Folha.
Despachos de macumba e reuniões são proibidos nas ruas do complexo de favelas de Senador Camará (zona oeste), onde traficantes freqüentam cultos da Igreja Assembléia de Deus dos Últimos Dias. Um dos adeptos era Róbson André da Silva, o Robinho Pinga, chefe do tráfico local e atualmente preso. Na sua apresentação pela polícia, Robinho Pinga apareceu com uma bíblia e afirmando-se evangélico.
Nas favelas de Jacarezinho, Mangueira, Manguinhos e Vigário Geral, todas nas zona norte e onde a venda de droga é dominada pelo Comando Vermelho, os terreiros não têm mais sessões. Há cerca de um mês, um traficante ameaçou agredir uma mulher em Manguinhos, porque ela se disse adepta da religião afro.
A polícia já flagrou a participação de traficantes em cultos próximos de pontos de venda de droga. Alberico Azevedo de Medeiros, o Derico, acusado de liderar a venda de drogas na favela de Acari (zona norte), foi filmado orando num palco de uma igreja evangélica, pouco antes de ser preso.
Um pai-de-santo foi morto na favela da Carobinha, em Campo Grande, em 2002, por divergências religiosas com o então presidente da associação de moradores, suspeito de ligação com o tráfico, dizem líderes comunitários.
No morro da Fazendinha, no complexo do Alemão (zona norte), os traficantes mandaram fechar dois terreiros no ano passado, porque o som dos atabaques atrapalhava o movimento de drogas e a percepção deles sobre uma possível ação da polícia.
No ano passado, um centro de umbanda foi fechado em Piedade (zona norte) por ordem do tráfico porque estava havendo uma guerra entre quadrilhas rivais, que temiam a infiltração policial.
Outro lado
A Ordem dos Pastores Evangélicos Mundial, que reúne várias seitas evangélicas, informou desconhecer qualquer problema entre evangélicos e umbandistas. Segundo a organização, se houver algum tipo de atrito, é de cunho particular. A entidade admite que pastores realizam trabalhos de evangelização com traficantes de drogas, visando sua recuperação.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre religiões afro-brasileiras
Tráfico é acusado de vetar umbanda no Rio
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da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
Traficantes de drogas estão proibindo ou restringindo as religiões afro-brasileiras, como a umbanda e o candomblé, em favelas do Rio de Janeiro, segundo relatos de líderes de associações de moradores e religiosos ouvidos pela Folha. Terreiros foram fechados e, em 2002, um pai-de-santo foi assassinado.
Para representantes de religiões afro, um dos motivos seria o envolvimento de traficantes ou seus familiares com igrejas evangélicas, que têm correntes que associam a umbanda e o candomblé a manifestações demoníacas.
No morro do Dendê, na Ilha do Governador (zona norte), Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinho, acusado de liderar o tráfico local e que se diz evangélico, determinou o fechamento de ao menos três terreiros nos últimos meses e proibiu que pessoas circulem pela favela com cordões ou pulseiras com alusão às religiões afro, segundo testemunhos ouvidos pela Folha.
Despachos de macumba e reuniões são proibidos nas ruas do complexo de favelas de Senador Camará (zona oeste), onde traficantes freqüentam cultos da Igreja Assembléia de Deus dos Últimos Dias. Um dos adeptos era Róbson André da Silva, o Robinho Pinga, chefe do tráfico local e atualmente preso. Na sua apresentação pela polícia, Robinho Pinga apareceu com uma bíblia e afirmando-se evangélico.
Nas favelas de Jacarezinho, Mangueira, Manguinhos e Vigário Geral, todas nas zona norte e onde a venda de droga é dominada pelo Comando Vermelho, os terreiros não têm mais sessões. Há cerca de um mês, um traficante ameaçou agredir uma mulher em Manguinhos, porque ela se disse adepta da religião afro.
A polícia já flagrou a participação de traficantes em cultos próximos de pontos de venda de droga. Alberico Azevedo de Medeiros, o Derico, acusado de liderar a venda de drogas na favela de Acari (zona norte), foi filmado orando num palco de uma igreja evangélica, pouco antes de ser preso.
Um pai-de-santo foi morto na favela da Carobinha, em Campo Grande, em 2002, por divergências religiosas com o então presidente da associação de moradores, suspeito de ligação com o tráfico, dizem líderes comunitários.
No morro da Fazendinha, no complexo do Alemão (zona norte), os traficantes mandaram fechar dois terreiros no ano passado, porque o som dos atabaques atrapalhava o movimento de drogas e a percepção deles sobre uma possível ação da polícia.
No ano passado, um centro de umbanda foi fechado em Piedade (zona norte) por ordem do tráfico porque estava havendo uma guerra entre quadrilhas rivais, que temiam a infiltração policial.
Outro lado
A Ordem dos Pastores Evangélicos Mundial, que reúne várias seitas evangélicas, informou desconhecer qualquer problema entre evangélicos e umbandistas. Segundo a organização, se houver algum tipo de atrito, é de cunho particular. A entidade admite que pastores realizam trabalhos de evangelização com traficantes de drogas, visando sua recuperação.
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