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09/02/2006 - 18h12

Operação Cegonha termina com 17 prisões

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JANAÍNA LAGE
da Folha Online, no Rio

A Operação Cegonha, deflagrada nesta quarta-feira pela PF (Polícia Federal) resultou na prisão de 17 pessoas. Um suspeito permanece foragido nos EUA. Segundo a PF, foram três prisões no Ceará, duas em Tocantins, quatro em São Paulo, cinco no Rio de Janeiro, uma no Maranhão e duas na Bahia.

A operação tem o objetivo de prender integrantes de uma quadrilha especializada em enviar crianças ilegalmente para os Estados Unidos.

Eles ficarão detidos por cinco dias. A PF vai pedir a prorrogação deste prazo para os principais integrantes do grupo.

De acordo com o chefe do Núcleo de Operações da Delegacia de Imigração, Felício Laterça, a quadrilha enviava as crianças para os EUA para que encontrassem os pais, imigrantes ilegais. A PF não descarta, no entanto, a hipótese de que em alguns casos tenha ocorrido adoção internacional.

De acordo com as investigações, a quadrilha cobrava de US$ 13 mil a US$ 15 mil por criança para providenciar novos documentos e transportá-la com falsos pais aos EUA. Estimativa da PF indica que de 2002 para cá, cerca de 150 pessoas foram enviadas para os EUA ilegalmente. Deste total, já foram identificadas de 40 a 50 crianças.

Na avaliação da PF, a ação da quadrilha era "ilegal e imoral" porque submetia as crianças a constrangimentos: elas tinham a aparência modificada para realizar a entrevista no consulado e eram ensinadas uma nova história de vida para viajar com falsos pais, denominados cegonhas. Em média, elas passavam três dias decorando a nova história com os acompanhantes.

"A quadrilha movimentava milhões de dólares. A credibilidade do governo brasileiro está em jogo. Além disso, houve grave transtorno psicológico a crianças", afirmou Laterça.

A quadrilha providenciava também certidões de nascimentos falsas. Em alguns casos, as crianças eram registradas como filhos dos integrantes do grupo. Um dos suspeitos, o sargento da PM Billy Grahan Pimenta de Mendonça, tem 12 filhos registrados, seis gêmeos. A PF investiga o envolvimento de cartórios no esquema.

Além das crianças, a quadrilha transportava pessoas interessadas em arranjar trabalho nos EUA. Os membros do grupo se encarregavam de falsificar carteiras de trabalho e os interessados viajavam como babás das crianças.

As pessoas responsáveis pelo transporte dos menores têm alto padrão aquisitivo e em geral são advogados e funcionários públicos. O objetivo era facilitar a aprovação pelo consulado.

Os supostos integrantes da quadrilha serão indiciados por formação de quadrilha, falsidade ideológica e tráfico de crianças. A pena pode chegar a 14 anos de prisão.

As crianças vinham principalmente de Minas Gerais. Elas saíam do país pelos aeroportos do Galeão ou por Guarulhos e desembarcavam em Miami, Nova York, Nova Jersey e Atlanta. Segundo a PF, as investigações vão continuar e as crianças que foram remetidas ilegalmente para os EUA poderão ser deportadas junto com os pais.

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