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20/02/2006 - 09h30

Tráfico expõe jovem decapitado no Rio

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ELVIRA LOBATO
da Folha de S.Paulo

Quem passasse ontem pela rua Dionísio Fernandes, no Engenho de Dentro, zona norte do Rio de Janeiro --bairro onde está sendo construído o Estádio Olímpico João Havelange, para o Pan-2007--, não suspeitaria que a rua pacata, de calçamento de pedras e casas antigas, algumas remanescentes do século 19, tinha sido palco de uma cena de horror no início da madrugada.

Perto da meia-noite, quando a atenção dos moradores estava voltada para a transmissão do show dos Rolling Stones, um automóvel Honda Fit foi abandonado na rua, com uma cabeça sobre o capô, e os corpos de dois jovens negros, retalhados a machadadas, no interior do veículo.

A reação dos moradores foi tão chocante como as brutais mutilações. Vários moradores buscaram seus celulares para fotografar os corpos, e os mais jovens riram e fizeram troça dos corpos.

Os próprios moradores descreveram a algazarra à reportagem. "Eu gritei: Está nervoso e perdeu a cabeça?", relatou um motoboy que pediu para não ser identificado, enquanto um estudante admitiu ter rido e feito piada ao ver que o coração e os intestinos de uma das vítimas tinham sido retirados e expostos por seus algozes.

""Ri porque é engraçado ver um corpo todo picado", respondeu o estudante ao ser questionado sobre a causa de sua reação. Uma jovem, também estudante, disse que acompanhou a cena ao lado dos vizinhos, mas que, ao contrario deles, sentiu náuseas.

Segundo os policiais do 26º DP, onde o caso foi registrado, os corpos não foram identificados, e o carro tinha sido roubado no próprio bairro, dias antes. As vítimas seriam moradores da favela Camarista Meier e teriam sido executados pelo Comando Vermelho em razão de dívidas com o tráfico.

Os corpos, segundo os moradores, ficaram expostos por quase quatro horas, até serem levados para o Instituto Médico Legal.

Ninguém da vizinhança ouvida pela reportagem da Folha demonstrou revolta ou surpresa com as mutilações. Os mais velhos disseram ter olhado para a cena sem surpresa, pois a violência se tornou banal na região.

"Cheguei à rua à 1h, vindo do samba, e vi a cabeça em cima do carro, e muitos vizinhos em volta. Fiquei tranqüilo. Essa é uma coisa normal hoje em dia", resumiu um taxista de 40 anos, que também não quis se identificar à reportagem, e que levava o filho de cerca de 10 anos pela mão. Uma senhora de cabelos brancos, que lavava a varanda da casa com uma mangueira, concordou com o taxista. "É normal, é normal", repetiu.

De acordo com moradores, os jovens foram mortos por não terem pago pela droga que consumiram. A exposição da cabeça no capô do carro seria um recado dos traficantes para que outros não fizessem o mesmo.

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