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24/02/2006 - 22h43

Autor de pedido ao STF, pastor evangélico já está em liberdade

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FÁBIO AMATO
da Agência Folha, em Campos do Jordão

Condenado a 16 anos de prisão sob acusação de molestar quatro crianças em Campos do Jordão (167 km de São Paulo), o pastor evangélico Oséas de Campos, 47, disse nesta sexta-feira que o STF (Supremo Tribunal Federal) cumpriu a Constituição.

"Se até torturador pode progredir no sistema, por que eu não poderia?" Campos está livre desde agosto do ano passado. Já na cadeia, ele conseguiu na Justiça a redução da pena para oito anos e foi solto após cinco anos na prisão.

O STF na quinta-feira (23) aceitou um pedido de habeas corpus em favor dele e reconheceu o direito de condenados por crimes hediondos --como estupro, latrocínio ou atentado violento ao pudor-- a requerer a progressão no regime de prisão.

A decisão não pode mais beneficiar Campos, que já está livre. Mesmo assim, ele faz uma apelo ao "pessoal do sistema penitenciário", para que aproveitem a oportunidade surgida com a sentença e requeiram na Justiça os benefícios previstos pela Constituição.

"Qualquer pessoa tem o direito de errar e se arrepender. Eu acho que é preciso que os condenados por crimes hediondos cumpram um pouquinho de pena, sim. Mas não faz sentido deixar a pessoa apodrecer na cadeia. É muito melhor aplicar uma pena alternativa depois de um tempo, como prestação de serviços à comunidade."

Campos se diz inocente da acusação de atentado violento ao pudor. Ele comparou a sua situação ao caso "Escola Base", de grande repercussão na imprensa, no qual os donos de uma escola particular de São Paulo foram condenados por molestar alunos e, anos depois, foram inocentados na Justiça.

"Eu até hoje não sei o que aconteceu. Pediram para levar as crianças até uma cachoeira, e eu levei. Depois disseram que uma das meninas estava com dificuldade para urinar e me acusaram de ter molestado todas elas", contou.

Definindo-se como um "missionário", Campos mora em Mogi das Cruzes (Grande São Paulo), tem três filhos de dois casamentos, e ganha a vida como cantor evangélico. Ele falou com a reportagem por telefone, a caminho do Mato Grosso do Sul, onde se apresentaria em uma igreja.

Disse que ganha "o suficiente para manter a casa e pagar a prestação do carro" e que não pretende processar o Estado pelos cinco anos na cadeia, segundo ele injustamente.

"Eu não teria como provar a minha inocência. É a minha palavra contra a da vítima. E basta a palavra da vítima para colocar alguém na cadeia por atentado violento ao pudor."

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