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26/02/2006
-
20h29
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Bezerros
Sob o sol do meio-dia do Agreste nordestino, milhares de pessoas usando máscaras, com luvas nas mãos e os corpos cobertos por mantas, transformaram neste domingo a cidade de Bezerros (a 100 km de Recife, PE) na principal atração do Carnaval de Pernambuco.
Foi o dia do desfile dos papangus, os anônimos mascarados que dançam e brincam nas ruas, tentando esconder a identidade dos amigos e parentes --um dos objetivos da festa.
Aberto à participação de todos, sem cordões de isolamento, abadás ou cobrança de ingresso, a folia reuniu, segundo a prefeitura, cerca de 600 mil pessoas, o equivalente a dez vezes o número de habitantes da cidade.
Cerca de 30 blocos, animados por orquestras de frevo e maracatus, participaram da festa. Eles cortaram a cidade em um desfile de três quilômetros, até a praça central. Na noite deste noite, no palco erguido no local, artistas se revezam em shows gratuitos que só devem terminar na manhã de segunda.
O tema escolhido este ano foi "O fantástico mundo do circo na terra dos papangus". Muitas pessoas seguiram a indicação e desfilaram em pernas de pau ou com fantasias de palhaços e mágicos.
A maioria, porém, optou pela irreverência ou pela simplicidade das máscaras e roupas coloridas. Ao contrário do desfile de sábado do Galo da Madrugada, em Recife, pouco se destacaram as alegorias com críticas políticas ou alusivas à Copa do Mundo.
A criatividade dos participantes foi premiada em um concurso de fantasias na rua. Na terça-feira, a festa continua com um jogo de futebol, disputado por times de papangus e apitado por árbitros e auxiliares mascarados.
Angu em 1905
A tradição dos papangus surgiu em 1905, quando um grupo de amigos saiu às ruas usando máscaras para visitar amigos e parentes, sem ser reconhecidos. Nas casas, eram recebidos com angu, prato feito à base de fubá.
O costume foi mantido, mas as máscaras mudaram. Antes, feitas com papel de embrulhar charque e papelão, agora, são moldadas em papel machê. As feições também mudaram. As tradicionais, pintadas de branco, mantêm os rostos inexpressivos. As estilizadas são coloridas, risonhas e lembram as máscaras de Veneza.
Um dos mais antigos artistas da cidade é Armando Monteiro do Nascimento, o Lula Vassoureiro, 61. Ele confecciona máscaras desde os 8 anos de idade e é o autor das alegorias de até sete metros de altura que decoram as ruas de Bezerros durante o Carnaval.
O artesão é também o criador do tradicional bloco Bacalhau do Lula Vassoureiro, que sai às ruas de Bezerros desde 1954.
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Anônimos mascarados transformam Carnaval de Bezerros
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da Agência Folha, em Bezerros
Sob o sol do meio-dia do Agreste nordestino, milhares de pessoas usando máscaras, com luvas nas mãos e os corpos cobertos por mantas, transformaram neste domingo a cidade de Bezerros (a 100 km de Recife, PE) na principal atração do Carnaval de Pernambuco.
Foi o dia do desfile dos papangus, os anônimos mascarados que dançam e brincam nas ruas, tentando esconder a identidade dos amigos e parentes --um dos objetivos da festa.
F.Donasci/Folha Imagem |
Mascarados desfilam durante o Carnaval de Bezerros |
Aberto à participação de todos, sem cordões de isolamento, abadás ou cobrança de ingresso, a folia reuniu, segundo a prefeitura, cerca de 600 mil pessoas, o equivalente a dez vezes o número de habitantes da cidade.
Cerca de 30 blocos, animados por orquestras de frevo e maracatus, participaram da festa. Eles cortaram a cidade em um desfile de três quilômetros, até a praça central. Na noite deste noite, no palco erguido no local, artistas se revezam em shows gratuitos que só devem terminar na manhã de segunda.
O tema escolhido este ano foi "O fantástico mundo do circo na terra dos papangus". Muitas pessoas seguiram a indicação e desfilaram em pernas de pau ou com fantasias de palhaços e mágicos.
A maioria, porém, optou pela irreverência ou pela simplicidade das máscaras e roupas coloridas. Ao contrário do desfile de sábado do Galo da Madrugada, em Recife, pouco se destacaram as alegorias com críticas políticas ou alusivas à Copa do Mundo.
A criatividade dos participantes foi premiada em um concurso de fantasias na rua. Na terça-feira, a festa continua com um jogo de futebol, disputado por times de papangus e apitado por árbitros e auxiliares mascarados.
Angu em 1905
A tradição dos papangus surgiu em 1905, quando um grupo de amigos saiu às ruas usando máscaras para visitar amigos e parentes, sem ser reconhecidos. Nas casas, eram recebidos com angu, prato feito à base de fubá.
O costume foi mantido, mas as máscaras mudaram. Antes, feitas com papel de embrulhar charque e papelão, agora, são moldadas em papel machê. As feições também mudaram. As tradicionais, pintadas de branco, mantêm os rostos inexpressivos. As estilizadas são coloridas, risonhas e lembram as máscaras de Veneza.
Um dos mais antigos artistas da cidade é Armando Monteiro do Nascimento, o Lula Vassoureiro, 61. Ele confecciona máscaras desde os 8 anos de idade e é o autor das alegorias de até sete metros de altura que decoram as ruas de Bezerros durante o Carnaval.
O artesão é também o criador do tradicional bloco Bacalhau do Lula Vassoureiro, que sai às ruas de Bezerros desde 1954.
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