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28/02/2006 - 09h17

"Há apartheid em diversas partes", diz Gil

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AFRA BALAZINA
da enviada especial da Folha a Salvador
LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

O ministro Gilberto Gil (Cultura) reagiu às cobranças públicas feitas pelo compositor Carlinhos Brown e disse que apartheid social existe em diversas partes. Por meio de assessores, Gil acrescentou que conciliar "igualdades e diferenças é uma coisa muito complicada" no mundo todo.

Brown se referia aos cordões que isolam quem pode pagar o abadá dos trios elétricos. Quem não tem dinheiro fica exposto a agressões no entorno dos trios.

Na madrugada de domingo, Brown, ao desfilar em frente ao camarote de Gil, pediu mais democracia na folia baiana e disse que as autoridades precisam educar o "povo o ano inteiro, e não só sete dias por ano".

Segundo assessores, Gil encarou a crítica com naturalidade. "O Carnaval é um momento em que essas questões são suspensas, porque o negro é quem faz o Carnaval, que tem esse poder, está autorizado a exercer historicamente esse poder", disse.

Na opinião de Gil, o "apartheid escroto" denunciado por Brown existe na "África, na América do Sul toda e até mesmo na Ásia".

Antes de desfilar, ele classificou a escravidão no Brasil como um "apartheid institucional". "O fim da escravidão não reintegrou plenamente os negros ao estatuto da igualdade, do convívio da diferença na igualdade", disse Gil.Ontem, Brown disse não se arrepender das críticas. "O Carnaval é uma festa do povo para o povo e que, aos poucos, está sendo desfigurada pela ganância de empresários."

Não foi apenas Brown que se revoltou. Daniela Mercury interrompeu três vezes o seu desfile no sábado para pedir tranqüilidade e criticar o comportamento de foliões após ver um espancamento.

Caetano Veloso, amigo de Gil, defendeu o formato do Carnaval baiano e disse ontem, em Recife (PE), que atribuir aos cordões de isolamento dos blocos a criação de um "apartheid" social baiano é "lugar comum". "É uma mentira", disse à Folha por telefone.

"Não penso em cordão como apartheid. Cordão é sinônimo de bloco. A palavra [cordão] foi criada justamente por causa deles [os blocos]", afirmou. "Sempre houve cordão em torno dos blocos."

Caetano disse que sua opinião não era uma resposta a Brown.
Sobre a violência no Carnaval da Bahia, afirmou desconhecer os dados atuais, mas disse ter informação de que houve queda na criminalidade "nos últimos anos".

Pela primeira vez no Carnaval de Recife, festa aberta a todos, gratuita e sem cordões, ele elogiou os maracatus e comparou o desfile do Galo da Madrugada aos dos trios elétricos "dos anos 70", "quando eles ainda não estavam ligados aos blocos".

Especial
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