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02/03/2006
-
22h14
MARCO BAHE
Colaboração para a Agência Folha, em Recife
Policiais militares são acusados pela morte de dois adolescentes, cujos corpos foram encontrados na madrugada desta quinta-feira às margens do rio Capibaribe, na zona norte de Recife. Os dois faziam parte de um grupo de 14 jovens que teriam sido espancados e depois obrigados a pular no rio.
Diogo Rosendo Ferreira, 15, e Zinael José de Souza da Silva, 17, não sabiam nadar e morreram afogados, segundo amigos que também teriam sido alvo do espancamento. Treze policiais militares acusados de participação no crime foram afastados. Como eles não foram identificados pelo Comando da PM, não foi possível localizar os seus advogados.
Segundo quatro adolescentes ouvidos pela Corregedoria da Secretaria Estadual de Defesa Social, o grupo de 14 amigos estava a caminho do bairro do Recife, no centro da capital pernambucana, na noite da segunda-feira de Carnaval, quando foi abordado por dois carros da polícia.
Policiais da Rádio Patrulha e do Serviço de Emergência 190 teriam acusado o grupo de praticar arrastões. Levados até a favela do Coque, os adolescentes teriam sido espancados com cassetetes de madeira e forçados a pular no rio do alto do viaduto Joana Bezerra. Os dois jovens mortos estavam desaparecidos desde então.
Segundo o Instituto de Medicina Legal, não havia sinais de ferimentos por arma de fogo nos dois adolescentes. O IML atestou que Zinael e Diogo morreram por afogamento. Os corpos foram enterrados nesta quinta.
Protestos
Zinael foi enterrado no final da tarde no cemitério de Santo Amaro. Familiares e amigos protestaram contra as mortes.
"Meu filho estava na 7ª série e trabalhava vendendo CDs na rua. Era um garoto querido por todo mundo, nunca se envolveu em confusão. Não vou deixar que a morte dele fique impune. A gente vai até o fim", disse a mãe de Zinael, Zineide Maria de Souza, 56.
Entidades ligadas ao Movimento Nacional dos Direitos Humanos se reuniram, à noite, para avaliar o caso. Segundo o coordenador da ONG Gajop, Fernando Matos, os casos de abusos têm se repetido em Pernambuco.
"Chegamos ao ponto de o chefe de Polícia Civil afirmar publicamente que as entidades de defesa dos direitos humanos só defendiam bandido. Por isso nos retiramos do conselho estadual", afirmou.
A assessoria do chefe de Polícia Civil, Aníbal Moura, afirmou que não teria como contatar o delegado ontem para responder. Moura também não atendeu o celular.
Outro lado
O secretário da Defesa Social, João Braga, e o Comando da Polícia Militar de Pernambuco não quiseram comentar o caso e indicaram a Corregedoria da Polícia para falar sobre as mortes dos adolescentes.
O corregedor-geral de Polícia, José Luiz Oliveira, afirmou que todos os envolvidos nas mortes serão responsabilizados. Ele não descarta a participação de outros policiais.
Segundo Oliveira, a Corregedoria já solicitou o rastreamento via satélite dos carros policiais no horário em que o crime teria ocorrido. Serão ouvidos os jovens e os policiais acusados.
"Dessa forma saberemos se mais policiais participaram. Casos como esses precisam ser apurados minuciosamente. Esses procedimentos preliminares são importantes para subsidiar a sindicância."
Especial
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Colaboração para a Agência Folha, em Recife
Policiais militares são acusados pela morte de dois adolescentes, cujos corpos foram encontrados na madrugada desta quinta-feira às margens do rio Capibaribe, na zona norte de Recife. Os dois faziam parte de um grupo de 14 jovens que teriam sido espancados e depois obrigados a pular no rio.
Diogo Rosendo Ferreira, 15, e Zinael José de Souza da Silva, 17, não sabiam nadar e morreram afogados, segundo amigos que também teriam sido alvo do espancamento. Treze policiais militares acusados de participação no crime foram afastados. Como eles não foram identificados pelo Comando da PM, não foi possível localizar os seus advogados.
Segundo quatro adolescentes ouvidos pela Corregedoria da Secretaria Estadual de Defesa Social, o grupo de 14 amigos estava a caminho do bairro do Recife, no centro da capital pernambucana, na noite da segunda-feira de Carnaval, quando foi abordado por dois carros da polícia.
Policiais da Rádio Patrulha e do Serviço de Emergência 190 teriam acusado o grupo de praticar arrastões. Levados até a favela do Coque, os adolescentes teriam sido espancados com cassetetes de madeira e forçados a pular no rio do alto do viaduto Joana Bezerra. Os dois jovens mortos estavam desaparecidos desde então.
Segundo o Instituto de Medicina Legal, não havia sinais de ferimentos por arma de fogo nos dois adolescentes. O IML atestou que Zinael e Diogo morreram por afogamento. Os corpos foram enterrados nesta quinta.
Protestos
Zinael foi enterrado no final da tarde no cemitério de Santo Amaro. Familiares e amigos protestaram contra as mortes.
"Meu filho estava na 7ª série e trabalhava vendendo CDs na rua. Era um garoto querido por todo mundo, nunca se envolveu em confusão. Não vou deixar que a morte dele fique impune. A gente vai até o fim", disse a mãe de Zinael, Zineide Maria de Souza, 56.
Entidades ligadas ao Movimento Nacional dos Direitos Humanos se reuniram, à noite, para avaliar o caso. Segundo o coordenador da ONG Gajop, Fernando Matos, os casos de abusos têm se repetido em Pernambuco.
"Chegamos ao ponto de o chefe de Polícia Civil afirmar publicamente que as entidades de defesa dos direitos humanos só defendiam bandido. Por isso nos retiramos do conselho estadual", afirmou.
A assessoria do chefe de Polícia Civil, Aníbal Moura, afirmou que não teria como contatar o delegado ontem para responder. Moura também não atendeu o celular.
Outro lado
O secretário da Defesa Social, João Braga, e o Comando da Polícia Militar de Pernambuco não quiseram comentar o caso e indicaram a Corregedoria da Polícia para falar sobre as mortes dos adolescentes.
O corregedor-geral de Polícia, José Luiz Oliveira, afirmou que todos os envolvidos nas mortes serão responsabilizados. Ele não descarta a participação de outros policiais.
Segundo Oliveira, a Corregedoria já solicitou o rastreamento via satélite dos carros policiais no horário em que o crime teria ocorrido. Serão ouvidos os jovens e os policiais acusados.
"Dessa forma saberemos se mais policiais participaram. Casos como esses precisam ser apurados minuciosamente. Esses procedimentos preliminares são importantes para subsidiar a sindicância."
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