Publicidade
Publicidade
14/03/2006
-
09h48
RAPHAEL GOMIDE
da Folha de S.Paulo
Um documento confidencial do Exército há quatro anos já alertava para ações de traficantes em busca de armas em suas dependências e apontava o quartel de São Cristóvão (zona norte do Rio), de onde foram roubados dez fuzis e uma pistola, como um dos mais seguros do órgão. O material foi distribuído pelo CIE (Centro de Informações do Exército) aos Comandos Militares de Área.
Segundo a Apreciação nº 3, cujo assunto são "Ameaças às Instalações do Exército", de 2002, as unidades devem ter, "como determinação", sentinelas armadas, desarmadas e força de reação, capacidade de opor resistência a eventual ataque externo. O assalto à unidade de suprimentos resultou numa megaoperação do Exército para recuperar o armamento.
As nove páginas, com divulgação urgentíssima, mostram que o Exército já alertava há quatro anos para os riscos de ataques do crime organizado a unidades militares, em busca de armas. A desatenção das sentinelas e do pessoal de serviço em geral, a falta de reação adequada e o sucesso de roubos anteriores encorajam o crime organizado a atacar quartéis do Exército, diz o documento, com orientações do então comandante sobre a segurança dos aquartelamentos.
As 23 propostas de procedimentos para evitar ataques não foram suficientes para evitar o assalto ao ECT (Estabelecimento Central de Transportes), em São Cristóvão. Uma das recomendações, o Plano de Defesa do Aquartelamento --que deveria ser atualizado--, se existia, não funcionou. Os militares foram rendidos e não reagiram; as sentinelas não atiraram nem deram alarme. Houve até militares agredidos.
O relatório confidencial trata do aumento do número de ações contra instalações militares para obter armas e munições e relaciona o "modus operandi" dos criminosos, semelhante ao do caso recente: ações fora do horário de expediente, à noite ou de madrugada (no ECT, foi às 3h50); emprego de surpresa; finalidade de obter armamento e munição; ação para abastecer o crime organizado com "os cobiçados materiais militares" (fuzis, no ECT); costume de participação direta ou indireta de militares da ativa ou de ex-militares, conhecedores das normas e procedimentos internos da guarnição de serviço (ao menos dois suspeitos do roubo são ex-militares).
A preocupação com a desmoralização do Exército é evidente. Segundo o texto, a falta de reação "compromete a imagem da instituição, pois tais casos são explorados negativamente pelos veículos de comunicação de massa".
O material sugere que seja abandonado o conceito defensivo de planos anteriores e adotada uma conduta "exclusivamente ofensiva". Para isso, sugere a criação de "um grupo de reação imediata e de grupos de captura, constituídos por militares de serviço armados e bem municiados". O primeiro deve ser usado no local e o outro "tem por missão realizar uma varredura em toda a área da unidade, bem como estar em condições de reforçar o grupo de reação imediata". Com os militares rendidos, nada disso ocorreu.
O plano "deve ser simples e de fácil execução, por intermédio de um único planejamento, a ser desencadeado independentemente do dia e do horário".
A Folha enviou e-mail à assessoria de Comunicação do CML para saber se os procedimentos de segurança citados no relatório de 2002 foram seguidos, mas não obteve resposta até o final da noite de ontem.
Leia mais
Exército admite desconhecer paradeiro de armas roubadas
PM encontra metralhadora do Exército em favela do Rio
Exército inicia nova fase da operação com cerco na favela do Dendê
Especial
Leia a cobertura completa sobre a presença do Exército no Rio
Leia o que já foi publicado sobre o Exército
Exército alertou sobre ataques em 2002
Publicidade
da Folha de S.Paulo
Um documento confidencial do Exército há quatro anos já alertava para ações de traficantes em busca de armas em suas dependências e apontava o quartel de São Cristóvão (zona norte do Rio), de onde foram roubados dez fuzis e uma pistola, como um dos mais seguros do órgão. O material foi distribuído pelo CIE (Centro de Informações do Exército) aos Comandos Militares de Área.
Segundo a Apreciação nº 3, cujo assunto são "Ameaças às Instalações do Exército", de 2002, as unidades devem ter, "como determinação", sentinelas armadas, desarmadas e força de reação, capacidade de opor resistência a eventual ataque externo. O assalto à unidade de suprimentos resultou numa megaoperação do Exército para recuperar o armamento.
As nove páginas, com divulgação urgentíssima, mostram que o Exército já alertava há quatro anos para os riscos de ataques do crime organizado a unidades militares, em busca de armas. A desatenção das sentinelas e do pessoal de serviço em geral, a falta de reação adequada e o sucesso de roubos anteriores encorajam o crime organizado a atacar quartéis do Exército, diz o documento, com orientações do então comandante sobre a segurança dos aquartelamentos.
As 23 propostas de procedimentos para evitar ataques não foram suficientes para evitar o assalto ao ECT (Estabelecimento Central de Transportes), em São Cristóvão. Uma das recomendações, o Plano de Defesa do Aquartelamento --que deveria ser atualizado--, se existia, não funcionou. Os militares foram rendidos e não reagiram; as sentinelas não atiraram nem deram alarme. Houve até militares agredidos.
O relatório confidencial trata do aumento do número de ações contra instalações militares para obter armas e munições e relaciona o "modus operandi" dos criminosos, semelhante ao do caso recente: ações fora do horário de expediente, à noite ou de madrugada (no ECT, foi às 3h50); emprego de surpresa; finalidade de obter armamento e munição; ação para abastecer o crime organizado com "os cobiçados materiais militares" (fuzis, no ECT); costume de participação direta ou indireta de militares da ativa ou de ex-militares, conhecedores das normas e procedimentos internos da guarnição de serviço (ao menos dois suspeitos do roubo são ex-militares).
A preocupação com a desmoralização do Exército é evidente. Segundo o texto, a falta de reação "compromete a imagem da instituição, pois tais casos são explorados negativamente pelos veículos de comunicação de massa".
O material sugere que seja abandonado o conceito defensivo de planos anteriores e adotada uma conduta "exclusivamente ofensiva". Para isso, sugere a criação de "um grupo de reação imediata e de grupos de captura, constituídos por militares de serviço armados e bem municiados". O primeiro deve ser usado no local e o outro "tem por missão realizar uma varredura em toda a área da unidade, bem como estar em condições de reforçar o grupo de reação imediata". Com os militares rendidos, nada disso ocorreu.
O plano "deve ser simples e de fácil execução, por intermédio de um único planejamento, a ser desencadeado independentemente do dia e do horário".
A Folha enviou e-mail à assessoria de Comunicação do CML para saber se os procedimentos de segurança citados no relatório de 2002 foram seguidos, mas não obteve resposta até o final da noite de ontem.
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Sem PM nas ruas, poucos comércios e ônibus voltam a funcionar em Vitória
- Sem-teto pede almoço, faz elogios e dá conselhos a Doria no centro de SP
- Ato contra aumento de tarifas termina em quebradeira e confusão no Paraná
- Doria madruga em fila de ônibus para avaliar linha e ouve reclamações
- Vídeos de moradores mostram violência em ruas do ES; veja imagens
+ Comentadas
- Alessandra Orofino: Uma coluna para Bolsonaro
- Abstinência não é a única solução, diz enfermeira que enfrentou cracolândia
+ EnviadasÍndice