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19/03/2006
-
11h50
LUÍSA BRITO
da Folha de S.Paulo
Parque Ibirapuera, quinta-feira, 21h30: casais se encontram entre as árvores, em locais mal iluminados. Às 5h do dia seguinte, o parque abre com os "vestígios": chão coberto por camisinhas usadas e embalagens de preservativos.
Ao anoitecer, a área verde mais visitada pelos paulistanos vira um tipo de motel a céu aberto. "Tem dia que dá para encher um saco só de camisinha e o lugar não fica limpo", diz um funcionário.
Os encontros ocorrem geralmente perto do portão 7 (avenida República do Líbano), ao lado da Casa da Leitura e atrás da caixa-d'água, perto do estacionamento do MAM (Museu de Arte Moderna). As pessoas aproveitam a falta de iluminação e o abrigo dos troncos e transam em pleno parque.
Na noite da última quinta-feira, dois casais de homens, de camisa, com as calças abaixadas, faziam sexo nas proximidades do portão 7. Outros homens, em grupo ou sozinhos, permaneciam parados, perto das árvores, à espera de uma paquera, de um parceiro. "Quando você vê um cara que é 'teu número', é só chamar ou assobiar", diz o fotógrafo Artur, 21.
O parque, segundo os freqüentadores, é ideal para encontros fortuitos. "É tudo muito olho no olho, não tem fala", diz o maquiador Pedro (nome fictício), 23. "Foi atrás de uma árvore, ficamos em pé para não sujar a roupa", conta, sobre sua primeira vez lá.
"Aqui é mais 'pegação', sexo sem compromisso. É um reduto onde você conhece pessoas dispostas a transar", diz o segurança Henrique (nome fictício), 23. Segundo ele, o local também é procurado por dar privacidade a gays não assumidos. "Eles dizem à família que estão correndo no Ibirapuera e vêm para cá", afirma.
Segundo os freqüentadores, as mulheres vão com os namorados, e às vezes o casal busca uma terceira pessoa para a relação.
No site de relacionamentos Orkut, na comunidade do parque Ibirapuera, há relatos de casais heterossexuais que dizem já ter transado dentro do parque.
Já quem pratica atividade física vê a atitude como desrespeito. "É bastante constrangedor, deveria ser proibido", diz o árbitro de futebol Rodrigo Carvalho, 30.
O Ibirapuera tem 1,5 milhão de m2 e recebe 20 mil pessoas durante a semana. Aos domingos, o público é de 130 mil. O parque funciona das 5h à meia-noite.
Quem circula pela área se queixa. "Fica uma sujeira, cheio de camisinha, é uma falta de respeito com quem anda e com a própria natureza", reclama a enfermeira Maria Eliete Chagas, 50.
No Orkut, as relações sexuais no parque e a presença de camisinhas é tema de debate acalorado. A maioria das pessoas defende que a polícia evite o sexo no Ibirapuera. Outros escrevem mensagens ofensivas ao público gay.
"Outro dia fazia abdominais e me deparei com várias camisinhas espalhadas pelo chão. Aquilo enoja. O pior é que todos sabem o que rola ali, mas ninguém faz nada", comenta um homem.
Os encontros, segundo os freqüentadores, também são motivados pelo risco de transar em local público. "É diferente fazer sexo aqui. O medo da polícia dá mais tesão", conta o modelo Márcio (nome fictício), 25.
Segundo o advogado e conselheiro da OAB Sergei Cobra Arbex, fazer sexo em local público configura ato obsceno, crime previsto no artigo 233 do Código Penal. A pena é de detenção de três meses a um ano ou multa.
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo disse conhecer o fato e pediu intensificação do policiamento. A Guarda Civil Metropolitana diz fazer patrulhamento diário. Segundo a nota, não houve registro dessa ocorrência neste ano.
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À noite, Ibirapuera vira motel a céu aberto
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Parque Ibirapuera, quinta-feira, 21h30: casais se encontram entre as árvores, em locais mal iluminados. Às 5h do dia seguinte, o parque abre com os "vestígios": chão coberto por camisinhas usadas e embalagens de preservativos.
Ao anoitecer, a área verde mais visitada pelos paulistanos vira um tipo de motel a céu aberto. "Tem dia que dá para encher um saco só de camisinha e o lugar não fica limpo", diz um funcionário.
Os encontros ocorrem geralmente perto do portão 7 (avenida República do Líbano), ao lado da Casa da Leitura e atrás da caixa-d'água, perto do estacionamento do MAM (Museu de Arte Moderna). As pessoas aproveitam a falta de iluminação e o abrigo dos troncos e transam em pleno parque.
Na noite da última quinta-feira, dois casais de homens, de camisa, com as calças abaixadas, faziam sexo nas proximidades do portão 7. Outros homens, em grupo ou sozinhos, permaneciam parados, perto das árvores, à espera de uma paquera, de um parceiro. "Quando você vê um cara que é 'teu número', é só chamar ou assobiar", diz o fotógrafo Artur, 21.
O parque, segundo os freqüentadores, é ideal para encontros fortuitos. "É tudo muito olho no olho, não tem fala", diz o maquiador Pedro (nome fictício), 23. "Foi atrás de uma árvore, ficamos em pé para não sujar a roupa", conta, sobre sua primeira vez lá.
"Aqui é mais 'pegação', sexo sem compromisso. É um reduto onde você conhece pessoas dispostas a transar", diz o segurança Henrique (nome fictício), 23. Segundo ele, o local também é procurado por dar privacidade a gays não assumidos. "Eles dizem à família que estão correndo no Ibirapuera e vêm para cá", afirma.
Segundo os freqüentadores, as mulheres vão com os namorados, e às vezes o casal busca uma terceira pessoa para a relação.
No site de relacionamentos Orkut, na comunidade do parque Ibirapuera, há relatos de casais heterossexuais que dizem já ter transado dentro do parque.
Já quem pratica atividade física vê a atitude como desrespeito. "É bastante constrangedor, deveria ser proibido", diz o árbitro de futebol Rodrigo Carvalho, 30.
O Ibirapuera tem 1,5 milhão de m2 e recebe 20 mil pessoas durante a semana. Aos domingos, o público é de 130 mil. O parque funciona das 5h à meia-noite.
Quem circula pela área se queixa. "Fica uma sujeira, cheio de camisinha, é uma falta de respeito com quem anda e com a própria natureza", reclama a enfermeira Maria Eliete Chagas, 50.
No Orkut, as relações sexuais no parque e a presença de camisinhas é tema de debate acalorado. A maioria das pessoas defende que a polícia evite o sexo no Ibirapuera. Outros escrevem mensagens ofensivas ao público gay.
"Outro dia fazia abdominais e me deparei com várias camisinhas espalhadas pelo chão. Aquilo enoja. O pior é que todos sabem o que rola ali, mas ninguém faz nada", comenta um homem.
Os encontros, segundo os freqüentadores, também são motivados pelo risco de transar em local público. "É diferente fazer sexo aqui. O medo da polícia dá mais tesão", conta o modelo Márcio (nome fictício), 25.
Segundo o advogado e conselheiro da OAB Sergei Cobra Arbex, fazer sexo em local público configura ato obsceno, crime previsto no artigo 233 do Código Penal. A pena é de detenção de três meses a um ano ou multa.
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo disse conhecer o fato e pediu intensificação do policiamento. A Guarda Civil Metropolitana diz fazer patrulhamento diário. Segundo a nota, não houve registro dessa ocorrência neste ano.
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