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23/03/2006 - 10h34

Trilha suspensa abre floresta ao público

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AFRA BALAZINA
da Folha de S.Paulo

Uma reserva florestal de mata atlântica até então restrita a pesquisadores na zona sul de São Paulo será aberta ao público no início de abril, no Jardim Botânico do Estado de São Paulo.

A floresta, que possui samambaias-açu de mais de 50 anos e palmitos com cerca de 20 metros de altura, será percorrida pelos visitantes por uma trilha suspensa, que os levará até uma das nascentes do riacho do Ipiranga.

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Trilha permitirá acesso de idosos e cadeirantes
Trilha permitirá acesso de idosos e cadeirantes
No meio do trajeto, a espécie de ponte chega a atingir quatro metros de altura. Feito com madeira de reflorestamento, o caminho tem pouca declividade, o que permitirá também o acesso de cadeirantes e idosos --que poderão chegar ao início da trilha por uma estrada de cimento, num carrinho elétrico.

Durante o trajeto, realizado ontem pela Folha, passa-se ao lado de troncos de árvores, copas de palmeiras e cipós. É possível ouvir o barulho da água correndo e avistar filetes do rio ao longo da caminhada, de aproximadamente 360 metros.

"Apenas pesquisadores acessavam essa reserva florestal. Agora, vamos abrir ao público a possibilidade de entrar na mata", disse o arquiteto do Jardim Botânico Paulo Ganzeli.

Segundo ele, além de ser importante para a educação ambiental da população, a trilha tem um grande apelo histórico, em razão de terminar num olho d'água do riacho do Ipiranga.

"As pessoas poderão ver, em plena metrópole, uma nascente com água cristalina, protegida por uma floresta. Isso tudo a apenas cem metros de uma avenida movimentada como a do Cursino [na zona sul]", afirmou Dácio Matheus, diretor da divisão Jardim Botânico, ligada ao governo estadual.

Há ainda três pequenos mirantes no trajeto, de onde é possível apreciar as gigantes samambaias-açu e uma densa floresta de palmitos, que indica a preservação do local. Matheus explica que, se o visitante for silencioso e der sorte, pode encontrar pelo caminho grupos de macacos bugios, tucanos e bichos-preguiça. Também pode se deparar com borboletas, libélulas e bichos menos agradáveis para muitos, como aranhas.

Na opinião do cadeirante Galdino Oliveira Teixeira, presidente da Associação em Defesa dos Direitos de Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida, a trilha suspensa pode ser um marco da acessibilidade em São Paulo. Teixeira ressalta, entretanto, que é importante que entidades e portadores de deficiência testem o caminho antes da inauguração para verificar se há problemas.

A intenção do Jardim Botânico é abrir o percurso ao público na primeira semana de abril. As visitas serão monitoradas. Falta, entretanto, concluir a estrada de cimento para permitir a chegada dos cadeirantes ao caminho suspenso --são necessários pelo menos dois dias de estiagem para fazer a obra. A trilha, que levou cerca de 50 dias para ficar pronta, custou R$ 148 mil.

Recuperação

A floresta por onde segue a trilha suspensa passa atualmente por uma recuperação. Os bambus, que tomaram conta de áreas de clareira e prejudicavam o crescimento de outras plantas, tiveram de ser cortados.

Espécies nativas começaram a ser plantadas no local para ocupar o vazio deixado pela "praga". Entre as árvores novas estão araticum, palmito juçara, jerivá e ipê amarelo.

Segundo Matheus, as árvores escolhidas são de crescimento rápido, para evitar a volta dos bambus e reequilibrar o quanto antes o ambiente.

De acordo com a bióloga Maria Tereza Grombone, esse processo é chamado de enriquecimento. Ela explica que a área é o último resquício de mata atlântica em planalto na cidade de São Paulo. "O restante fica em encostas", afirmou.

O Jardim Botânico fica na avenida Miguel Stéfano, 3.031 - Água Funda - São Paulo - SP. O telefone é o 0/xx/11/5073-6300. A entrada custa R$ 3 para o público em geral e R$ 1 para estudantes.

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