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01/04/2006
-
09h38
ANTÔNIO GOIS
da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
A história é absurda. Inverossímil. Mas está levando pais da região metropolitana do Rio a um clima de paranóia urbana. Criminosos dirigindo uma Kombi estariam seqüestrando crianças para retirar seus órgãos e vendê-los. Os corpos seriam devolvidos aos pais com um bilhete dizendo "mãe, seu filho não sofreu", junto com algum dinheiro para ajudar nas despesas do enterro.
A Polícia Civil negou o desaparecimento de crianças nessas circunstâncias. Segundo o Instituto Médico Legal, não há registro de corpos nessas condições.
"É uma paranóia. Mesmo pais mais esclarecidos estão acreditando nisso e levando seus filhos à escola. Tivemos que avisar a todas as diretoras da rede que tudo não passava de um boato absurdo", diz a secretária de Educação de Nilópolis (Baixada Fluminense), Eva Maria Melo Vasconcelos.
Os boatos variam de bairro para bairro, mas seguem o mesmo roteiro: um grupo numa Kombi que seqüestra as crianças a caminho da escola. Há até quem garanta conhecer alguém que já viu crianças mortas com os corpos cortados. Os casos, no entanto, nunca são registrados nas delegacias, e nenhuma família reclama do desaparecimento de crianças.
Em Nova Iguaçu, na Baixada, pais de um conjunto habitacional pediram ajuda a traficantes, que estão escoltando as crianças até a escola e jurando de morte os tais criminosos da Kombi. "Aqui tá todo mundo com medo, mas eles [os traficantes] vigiam na porta da escola", diz uma moradora.
No Cachambi (zona norte), foram afixados cartazes sem assinatura em postes alertando sobre o "sumiço de várias crianças". Ontem de manhã, na entrada de uma escola municipal do bairro, a maioria dos pais ouvidos pela Folha disse acreditar na história.
"Não é boato, não. Estão chamando isso de lenda urbana, mas uma vizinha minha viu os corpos de duas crianças. O caso só não virou notícia porque eram filhos de pobre", diz Rejane Souza, 28. Na dúvida, Darlene Silva, 34, redobrou a atenção com o filho. "Sempre o levei para a escola, mas ele voltava sozinho. Pedi a meu marido que o pegasse na saída."
A origem do boato ainda é desconhecida. Uma hipótese é que motoristas de vans espalharam a notícia para prejudicar Kombis que fazem transporte escolar.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre transplante de órgão
Boato sobre crime assusta pais no Rio
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da Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
A história é absurda. Inverossímil. Mas está levando pais da região metropolitana do Rio a um clima de paranóia urbana. Criminosos dirigindo uma Kombi estariam seqüestrando crianças para retirar seus órgãos e vendê-los. Os corpos seriam devolvidos aos pais com um bilhete dizendo "mãe, seu filho não sofreu", junto com algum dinheiro para ajudar nas despesas do enterro.
A Polícia Civil negou o desaparecimento de crianças nessas circunstâncias. Segundo o Instituto Médico Legal, não há registro de corpos nessas condições.
"É uma paranóia. Mesmo pais mais esclarecidos estão acreditando nisso e levando seus filhos à escola. Tivemos que avisar a todas as diretoras da rede que tudo não passava de um boato absurdo", diz a secretária de Educação de Nilópolis (Baixada Fluminense), Eva Maria Melo Vasconcelos.
Os boatos variam de bairro para bairro, mas seguem o mesmo roteiro: um grupo numa Kombi que seqüestra as crianças a caminho da escola. Há até quem garanta conhecer alguém que já viu crianças mortas com os corpos cortados. Os casos, no entanto, nunca são registrados nas delegacias, e nenhuma família reclama do desaparecimento de crianças.
Em Nova Iguaçu, na Baixada, pais de um conjunto habitacional pediram ajuda a traficantes, que estão escoltando as crianças até a escola e jurando de morte os tais criminosos da Kombi. "Aqui tá todo mundo com medo, mas eles [os traficantes] vigiam na porta da escola", diz uma moradora.
No Cachambi (zona norte), foram afixados cartazes sem assinatura em postes alertando sobre o "sumiço de várias crianças". Ontem de manhã, na entrada de uma escola municipal do bairro, a maioria dos pais ouvidos pela Folha disse acreditar na história.
"Não é boato, não. Estão chamando isso de lenda urbana, mas uma vizinha minha viu os corpos de duas crianças. O caso só não virou notícia porque eram filhos de pobre", diz Rejane Souza, 28. Na dúvida, Darlene Silva, 34, redobrou a atenção com o filho. "Sempre o levei para a escola, mas ele voltava sozinho. Pedi a meu marido que o pegasse na saída."
A origem do boato ainda é desconhecida. Uma hipótese é que motoristas de vans espalharam a notícia para prejudicar Kombis que fazem transporte escolar.
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