Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
09/04/2006 - 09h20

Preconceito com psiquiatra piora doença

Publicidade

DANIELA TÓFOLI
da Folha de S.Paulo

Toda vez que precisava cruzar a rua, a funcionária de serviços gerais Marize Guimarães, 40, suava frio. Tinha certeza de que seria atropelada. Por mais de 20 anos conviveu com o medo. Só quando começou a ter depressão procurou um médico. Ela não queria ir a um psiquiatra. "Pensava que era médico só para loucos."

A advogada Vera, 34, também relutou em ir ao especialista. "Sempre achei que esse negócio de depressão, pânico e ansiedade era frescura. Sabe aquela história: pobre sofre dos 'nervos', rico tem 'estresse'? Pois é, acreditava."

O preconceito atrapalha o acesso a tratamentos corretos e, assim, nem todo mundo que precisa recebe ajuda médica. A pesquisa São Paulo Megacity mostrará quantos, de fato, se tratam.

"Queremos mostrar como está o acesso aos psiquiatras e definir os transtornos mais recorrentes para melhorar a prevenção e planejar a assistência", diz a coordenadora do projeto, Laura Helena Silveira Guerra de Andrade. "Atendimento psiquiátrico não é frescura nem coisa de doido."

Professor do departamento de psiquiatria da UFRJ, Marco Antônio Brasil diz que boa parte dos pacientes só chega ao consultório quando já está com um quadro mais grave, quando "as seqüelas são maiores". Ele diz que uma pessoa só precisa de acompanhamento médico quando sua vida, pessoal ou profissional, é afetada.

Foi o que aconteceu com Vera. Estressada há anos, passou a ter comportamentos estranhos no começo de 2004. "Achava que, em qualquer circunstância, alguma tragédia aconteceria. Deixei de ir a aniversários de amigas, com medo de assalto. Andar de carro sozinha, à noite, era pesadelo."

O pior viria poucos meses mais tarde. "Comecei a ter problemas físicos: taquicardia, mão gelada, boca seca, tontura e enjôo." Cinco meses depois de procurar todo o tipo de médico, foi ao psiquiatra. "Tinha preconceito, achava que era médico de doido. Hoje, brinco que sou louca medicada."

Vera tem síndrome de ansiedade e toma antidepressivos há um ano. "Continuo na terapia, mas por enquanto não sei como ficaria sem os remédios", afirma.

Marize também ingere medicamentos. Depois de passar por vários psiquiatras, desistiu de se tratar, até que, no ano passado, recebeu a visita dos pesquisadores. "Eles me encaminharam para o HC e agora participo da fase hospitalar. Tenho acompanhamento médico e estou me sentindo bem melhor."

Leia mais
  • 10% da Grande SP precisa de psiquiatra

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre tratamaneto psiquiátrico
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página