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13/04/2006
-
21h41
KAMILA FERNANDES
da Agência Folha, em Fortaleza
Foi libertado na madrugada desta quinta-feira o sexto seqüestrado ligado a envolvidos no assalto milionário ao Banco Central, em Fortaleza, ocorrido em agosto do ano passado. Antônio Jussiê Alves dos Santos, irmão de Antônio Jussivan Alves dos Santos, o Alemão, tido como um dos líderes da quadrilha de assaltantes, foi torturado e solto após 12 dias em cativeiro.
Ele e sua advogada negaram que tenha havido o pagamento de um resgate, mas a Polícia Civil tem informações de que foram pagos pelo menos R$ 70 mil.
Jussiê foi na quinta à tarde à sede da Polícia Civil em Fortaleza, mas mal conseguia falar. Disse que os seqüestradores o confundiram com seu irmão --que está foragido-- e o chamavam de Alemão. Segundo Jussiê, eles exigiam R$ 1 milhão por sua liberdade. "Eles achavam que eu tinha esse dinheiro", disse, em entrevista.
A semelhança de Jussiê, que é agricultor em Boa Viagem (a 234 km de Fortaleza), com o irmão já fez com que ele fosse preso duas vezes por engano.
Apesar disso, para o delegado Luiz Carlos Dantas, do DIP (Delegacia de Inteligência Policial), dificilmente os seqüestradores erraram o alvo. Segundo ele, a intenção deve ter sido mesmo a de seqüestrar "o irmão de Alemão". "Eles achavam que ele tivesse pelo menos parte do dinheiro."
Entre os outros cinco seqüestros, apenas um não foi acompanhado pela polícia, o de um parente de Antônio Edimar Bezerra, que foi preso em setembro do ano passado com R$ 12,5 milhões escondidos em sua casa. O primeiro seqüestro, de Luiz Fernando Ribeiro, o Fernandinho, aconteceu em São Paulo. Tido como um dos líderes da quadrilha, ele morreu mesmo após o pagamento de um resgate de R$ 2 milhões. Os demais seqüestrados também pagaram resgates.
O assalto ao Banco Central aconteceu em agosto do ano passado. Foram furtados R$ 164,8 milhões da caixa-forte do banco, por meio de um túnel. Onze pessoas estão presas pelo crime, mas a polícia acredita que mais de 20 tenham participado.
A ação contra Jussiê foi bastante violenta. Ele foi seqüestrado no dia 1º deste mês, em frente a uma clínica, em Fortaleza, onde tinha consulta marcada para tratar de uma úlcera. Quatro homens armados, dizendo ser policiais, o prenderam e dispararam tiros. Uma bala acertou de raspão o rosto de Jussiê.
Ele disse que no cativeiro houve tortura. Eram visíveis marcas de queimaduras feitas por cigarros nos braços de Jussiê. Segundo sua advogada, Erbênia Rodrigues, os seqüestradores o mantiveram com as mãos para trás, presas por uma algema, e ainda perfuraram os pés dele --um exame de corpo de delito deve identificar o objeto usado.
Jussiê disse não saber quantos homens eram ao todo. Ele afirmou que permaneceu todo o tempo encapuzado e que não sabe ao certo onde ficou preso. Trêmulo e chorando, ele interrompeu logo a entrevista.
A libertação aconteceu às 2h da madrugada. Segundo Dantas, a polícia não sabia de nada. "Ele estava prestes a viajar para casa, não ia informar nada à Polícia", disse. "Esse tipo de crime é um dos mais difíceis de desvendar, até porque as vítimas ficam com medo de passar informações", disse o superintendente da Polícia Civil no Estado, Nival Freire.
Entre as hipóteses investigadas está a de que os seqüestradores também tenham participado do assalto ao Banco Central, saibam com quem ficou a maior parte do dinheiro e queiram tomá-lo para si, ou mesmo que tenham somente ouvido falar do crime e queiram o dinheiro furtado.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o assalto ao Banco Central em Fortaleza
Sexto seqüestrado por assalto ao BC é libertado em Fortaleza
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da Agência Folha, em Fortaleza
Foi libertado na madrugada desta quinta-feira o sexto seqüestrado ligado a envolvidos no assalto milionário ao Banco Central, em Fortaleza, ocorrido em agosto do ano passado. Antônio Jussiê Alves dos Santos, irmão de Antônio Jussivan Alves dos Santos, o Alemão, tido como um dos líderes da quadrilha de assaltantes, foi torturado e solto após 12 dias em cativeiro.
Ele e sua advogada negaram que tenha havido o pagamento de um resgate, mas a Polícia Civil tem informações de que foram pagos pelo menos R$ 70 mil.
Jussiê foi na quinta à tarde à sede da Polícia Civil em Fortaleza, mas mal conseguia falar. Disse que os seqüestradores o confundiram com seu irmão --que está foragido-- e o chamavam de Alemão. Segundo Jussiê, eles exigiam R$ 1 milhão por sua liberdade. "Eles achavam que eu tinha esse dinheiro", disse, em entrevista.
A semelhança de Jussiê, que é agricultor em Boa Viagem (a 234 km de Fortaleza), com o irmão já fez com que ele fosse preso duas vezes por engano.
Apesar disso, para o delegado Luiz Carlos Dantas, do DIP (Delegacia de Inteligência Policial), dificilmente os seqüestradores erraram o alvo. Segundo ele, a intenção deve ter sido mesmo a de seqüestrar "o irmão de Alemão". "Eles achavam que ele tivesse pelo menos parte do dinheiro."
Entre os outros cinco seqüestros, apenas um não foi acompanhado pela polícia, o de um parente de Antônio Edimar Bezerra, que foi preso em setembro do ano passado com R$ 12,5 milhões escondidos em sua casa. O primeiro seqüestro, de Luiz Fernando Ribeiro, o Fernandinho, aconteceu em São Paulo. Tido como um dos líderes da quadrilha, ele morreu mesmo após o pagamento de um resgate de R$ 2 milhões. Os demais seqüestrados também pagaram resgates.
O assalto ao Banco Central aconteceu em agosto do ano passado. Foram furtados R$ 164,8 milhões da caixa-forte do banco, por meio de um túnel. Onze pessoas estão presas pelo crime, mas a polícia acredita que mais de 20 tenham participado.
A ação contra Jussiê foi bastante violenta. Ele foi seqüestrado no dia 1º deste mês, em frente a uma clínica, em Fortaleza, onde tinha consulta marcada para tratar de uma úlcera. Quatro homens armados, dizendo ser policiais, o prenderam e dispararam tiros. Uma bala acertou de raspão o rosto de Jussiê.
Ele disse que no cativeiro houve tortura. Eram visíveis marcas de queimaduras feitas por cigarros nos braços de Jussiê. Segundo sua advogada, Erbênia Rodrigues, os seqüestradores o mantiveram com as mãos para trás, presas por uma algema, e ainda perfuraram os pés dele --um exame de corpo de delito deve identificar o objeto usado.
Jussiê disse não saber quantos homens eram ao todo. Ele afirmou que permaneceu todo o tempo encapuzado e que não sabe ao certo onde ficou preso. Trêmulo e chorando, ele interrompeu logo a entrevista.
A libertação aconteceu às 2h da madrugada. Segundo Dantas, a polícia não sabia de nada. "Ele estava prestes a viajar para casa, não ia informar nada à Polícia", disse. "Esse tipo de crime é um dos mais difíceis de desvendar, até porque as vítimas ficam com medo de passar informações", disse o superintendente da Polícia Civil no Estado, Nival Freire.
Entre as hipóteses investigadas está a de que os seqüestradores também tenham participado do assalto ao Banco Central, saibam com quem ficou a maior parte do dinheiro e queiram tomá-lo para si, ou mesmo que tenham somente ouvido falar do crime e queiram o dinheiro furtado.
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