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25/04/2006
-
09h29
LAURA CAPRIGLIONE
da Folha de S.Paulo
Chega amanhã a São Paulo o principal líder budista do mundo, Tenzin Gyatso, o dalai-lama. Esta será a terceira visita ao Brasil daquele que é considerado a própria reencarnação do Buda da Compaixão --as outras aconteceram em 1992 e em 1999.
O monge budista ficará hospedado no hotel Grand Hyatt, na avenida das Nações Unidas (zona sul paulistana), um cinco estrelas. Entre os ex-hóspedes ilustres do Grand Hyatt estão os integrantes da banda irlandesa U2, durante a última turnê pelo Brasil.
Em sua visita anterior a São Paulo, o dalai-lama preferiu a companhia bem mais ascética dos monges do Mosteiro de São Bento, no centro. Segundo os organizadores da visita, a mudança de endereço deve-se à complexidade da agenda a ser cumprida.
Da comitiva do dalai-lama farão parte oito pessoas: dois atendentes pessoais, três seguranças, um secretário particular e um tradutor especializado em religião e filosofia, além do representante do budismo tibetano em Nova York.
A partir das 14h de amanhã, o religioso falará a cerca de 200 jornalistas. Entre quinta e sábado, estão previstas seis atividades para públicos com distintos níveis de envolvimento com o budismo --de curiosos a iniciados.
No Templo Zu Lai, em Cotia (Grande SP), falará com monges e religiosos. Já no ginásio do Ibirapuera, com capacidade para 11 mil pessoas, a palestra será sobre "O Poder da Compaixão" e mesclará a sabedoria de 2.500 anos do budismo à linguagem simples dos manuais de auto-ajuda.
Segundo o reverendo e professor-doutor em História das Religiões da USP, Ricardo Mário Gonçalves, o sucesso pop do dalai-lama decorre do fato de ele ser "o maior representante do Renascimento do Oriente". O professor lembra que, até 1957, o Tibete natal do lama era uma sociedade fechada, dominada pela teocracia budista. Foi apenas com a invasão chinesa --e com o conseqüente exílio dos principais líderes religiosos na vizinha Índia-- que o país começou a dialogar com outras culturas e, assim, a disseminar o budismo que praticava.
"É um processo parecido com o que aconteceu no Ocidente depois da invasão de Constantinopla pelos turcos, em 1453. A cultura grega que lá tinha ficado isolada (e protegida) durante a Idade Média, com a invasão turca teve de migrar, sendo decisiva no Renascimento italiano", explica.
"É claro que existe uma dimensão pop nesse fenômeno, como existiu no Renascimento italiano. Mas o dalai-lama é muito mais do que um ídolo pop. É um sábio, um especialista na escola dialética do Vazio, fundada pelo filósofo metafísico Nagajurna no século 2", diz Gonçalves.
Para o monge beneditino Marcelo Barros, o sucesso do lama representa "um claro questionamento da soberba auto-referente de líderes do Ocidente, que assassinam multidões enquanto recitam a Bíblia. Ele fala em despojamento, em compaixão, coisas que a humanidade procura." Barros encontrou-se com o dalai-lama em 99, em Brasília. "Vi pessoas prostrando-se diante dele e ele, dizendo ser um simples monge, pedir-lhes sorrindo que se levantassem. Ele sorri o tempo todo."
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da Folha de S.Paulo
Chega amanhã a São Paulo o principal líder budista do mundo, Tenzin Gyatso, o dalai-lama. Esta será a terceira visita ao Brasil daquele que é considerado a própria reencarnação do Buda da Compaixão --as outras aconteceram em 1992 e em 1999.
O monge budista ficará hospedado no hotel Grand Hyatt, na avenida das Nações Unidas (zona sul paulistana), um cinco estrelas. Entre os ex-hóspedes ilustres do Grand Hyatt estão os integrantes da banda irlandesa U2, durante a última turnê pelo Brasil.
Em sua visita anterior a São Paulo, o dalai-lama preferiu a companhia bem mais ascética dos monges do Mosteiro de São Bento, no centro. Segundo os organizadores da visita, a mudança de endereço deve-se à complexidade da agenda a ser cumprida.
Da comitiva do dalai-lama farão parte oito pessoas: dois atendentes pessoais, três seguranças, um secretário particular e um tradutor especializado em religião e filosofia, além do representante do budismo tibetano em Nova York.
A partir das 14h de amanhã, o religioso falará a cerca de 200 jornalistas. Entre quinta e sábado, estão previstas seis atividades para públicos com distintos níveis de envolvimento com o budismo --de curiosos a iniciados.
No Templo Zu Lai, em Cotia (Grande SP), falará com monges e religiosos. Já no ginásio do Ibirapuera, com capacidade para 11 mil pessoas, a palestra será sobre "O Poder da Compaixão" e mesclará a sabedoria de 2.500 anos do budismo à linguagem simples dos manuais de auto-ajuda.
Segundo o reverendo e professor-doutor em História das Religiões da USP, Ricardo Mário Gonçalves, o sucesso pop do dalai-lama decorre do fato de ele ser "o maior representante do Renascimento do Oriente". O professor lembra que, até 1957, o Tibete natal do lama era uma sociedade fechada, dominada pela teocracia budista. Foi apenas com a invasão chinesa --e com o conseqüente exílio dos principais líderes religiosos na vizinha Índia-- que o país começou a dialogar com outras culturas e, assim, a disseminar o budismo que praticava.
"É um processo parecido com o que aconteceu no Ocidente depois da invasão de Constantinopla pelos turcos, em 1453. A cultura grega que lá tinha ficado isolada (e protegida) durante a Idade Média, com a invasão turca teve de migrar, sendo decisiva no Renascimento italiano", explica.
"É claro que existe uma dimensão pop nesse fenômeno, como existiu no Renascimento italiano. Mas o dalai-lama é muito mais do que um ídolo pop. É um sábio, um especialista na escola dialética do Vazio, fundada pelo filósofo metafísico Nagajurna no século 2", diz Gonçalves.
Para o monge beneditino Marcelo Barros, o sucesso do lama representa "um claro questionamento da soberba auto-referente de líderes do Ocidente, que assassinam multidões enquanto recitam a Bíblia. Ele fala em despojamento, em compaixão, coisas que a humanidade procura." Barros encontrou-se com o dalai-lama em 99, em Brasília. "Vi pessoas prostrando-se diante dele e ele, dizendo ser um simples monge, pedir-lhes sorrindo que se levantassem. Ele sorri o tempo todo."
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