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03/05/2006
-
23h09
GABRIELA MANZINI
enviada da Folha Online a Ibiúna
O juiz Diego Ferreira Mendes suspendeu às 23h desta quarta-feira o julgamento do jornalista Antonio Pimenta Neves, 69, réu confesso da morte da ex-namorada --a também jornalista Sandra Gomide--, em 2000. O júri começou por volta das 9h no fórum de Ibiúna (64 km a oeste de São Paulo), onde o crime ocorreu, e deverá ser retomado às 9h30 de quinta-feira (4).
Pimenta Neves chegou ao fórum em seu carro --um Taurus azul-- andando de cabeça erguida e passos firmes até o prédio, a despeito dos gritos de "assassino" lançados pela população. Perante o júri, entretanto, ele se manteve cabisbaixo. Em alguns momentos, o público teve a impressão de que ele dormia.
O julgamento começou com o pedido de adiamento do júri feito pela defesa do jornalista. O advogado Frederico Muller alegou que não teve tempo suficiente para examinar as provas; que ainda cabem recursos contra a qualificação do homicídio --por motivo torpe--; e que Pimenta Neves se sente constrangido pela presença da imprensa. O juiz negou o pedido.
Logo depois, o jornalista optou pelo silêncio em seu interrogatório. Para o Ministério Público Estadual, a decisão favoreceu a acusação.
"Se ele não fala depois de seis anos, ele confessa que assassinou da maneira que está na denúncia, ou seja, de maneira torpe [por ciúme] e sem possibilitar defesa", disse o assistente de acusação, Sergei Cobra, em referência às qualificações do homicídio que Pimenta Neves é acusado de ter cometido.
O crime ocorreu no dia 20 de agosto de 2000, em um haras. Sandra Gomide, à época com 32 anos, foi atingida por dois tiros: um nas costas e outro no ouvido.
No final da audiência, o ânimo dos sete jurados --quatro mulheres e três homens-- tornou-se decisivo para validar o julgamento. Caso alguém do grupo demonstrasse cansaço excessivo, estresse ou sono, o fato poderia ser usado pela defesa como argumento para pedir a anulação do júri, devido à impossibilidade dos jurados de opinar com isenção.
Em uma demonstração de que pretende colher provas para pedir a anulação do júri, os advogados do jornalista mantêm uma assistente na platéia instruída a observar o comportamento dos jurados ininterruptamente.
O julgamento alterou a rotina de Ibiúna. Durante todo o dia, dezenas de pessoas revezaram-se diante do fórum --reformado nos últimos dias especialmente para o júri-- para acompanhar a movimentação. O movimento de carros da corporação e da imprensa prejudicou o trânsito no centro da cidade.
Embate
O entra-e-sai de jornalistas e a captação de imagens de Pimenta Neves foram preocupação constante. Os advogados reclamaram ao juiz em mais de duas ocasiões sobre o posicionamento de fotógrafos e cinegrafistas que estavam do lado externo do fórum.
No final da manhã, o juiz chegou a expedir um comunicado à imprensa informando que o jornalista não quer que sua imagem e voz sejam registradas. À tarde, durante a leitura de peças processuais que estão sob sigilo de Justiça, ele enviou um oficial à entrada do fórum para pedir silêncio.
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enviada da Folha Online a Ibiúna
O juiz Diego Ferreira Mendes suspendeu às 23h desta quarta-feira o julgamento do jornalista Antonio Pimenta Neves, 69, réu confesso da morte da ex-namorada --a também jornalista Sandra Gomide--, em 2000. O júri começou por volta das 9h no fórum de Ibiúna (64 km a oeste de São Paulo), onde o crime ocorreu, e deverá ser retomado às 9h30 de quinta-feira (4).
Pimenta Neves chegou ao fórum em seu carro --um Taurus azul-- andando de cabeça erguida e passos firmes até o prédio, a despeito dos gritos de "assassino" lançados pela população. Perante o júri, entretanto, ele se manteve cabisbaixo. Em alguns momentos, o público teve a impressão de que ele dormia.
O julgamento começou com o pedido de adiamento do júri feito pela defesa do jornalista. O advogado Frederico Muller alegou que não teve tempo suficiente para examinar as provas; que ainda cabem recursos contra a qualificação do homicídio --por motivo torpe--; e que Pimenta Neves se sente constrangido pela presença da imprensa. O juiz negou o pedido.
Logo depois, o jornalista optou pelo silêncio em seu interrogatório. Para o Ministério Público Estadual, a decisão favoreceu a acusação.
"Se ele não fala depois de seis anos, ele confessa que assassinou da maneira que está na denúncia, ou seja, de maneira torpe [por ciúme] e sem possibilitar defesa", disse o assistente de acusação, Sergei Cobra, em referência às qualificações do homicídio que Pimenta Neves é acusado de ter cometido.
O crime ocorreu no dia 20 de agosto de 2000, em um haras. Sandra Gomide, à época com 32 anos, foi atingida por dois tiros: um nas costas e outro no ouvido.
No final da audiência, o ânimo dos sete jurados --quatro mulheres e três homens-- tornou-se decisivo para validar o julgamento. Caso alguém do grupo demonstrasse cansaço excessivo, estresse ou sono, o fato poderia ser usado pela defesa como argumento para pedir a anulação do júri, devido à impossibilidade dos jurados de opinar com isenção.
Em uma demonstração de que pretende colher provas para pedir a anulação do júri, os advogados do jornalista mantêm uma assistente na platéia instruída a observar o comportamento dos jurados ininterruptamente.
O julgamento alterou a rotina de Ibiúna. Durante todo o dia, dezenas de pessoas revezaram-se diante do fórum --reformado nos últimos dias especialmente para o júri-- para acompanhar a movimentação. O movimento de carros da corporação e da imprensa prejudicou o trânsito no centro da cidade.
Embate
O entra-e-sai de jornalistas e a captação de imagens de Pimenta Neves foram preocupação constante. Os advogados reclamaram ao juiz em mais de duas ocasiões sobre o posicionamento de fotógrafos e cinegrafistas que estavam do lado externo do fórum.
No final da manhã, o juiz chegou a expedir um comunicado à imprensa informando que o jornalista não quer que sua imagem e voz sejam registradas. À tarde, durante a leitura de peças processuais que estão sob sigilo de Justiça, ele enviou um oficial à entrada do fórum para pedir silêncio.
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