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04/05/2006
-
08h10
da Folha Online
da Folha de S.Paulo
O julgamento do jornalista Antonio Pimenta Neves, 69, réu confesso da morte da ex-namorada --a também jornalista Sandra Gomide--, em 2000, será retomado nesta quinta-feira, no fórum de Ibiúna (64 km a oeste de São Paulo).
O júri começou na quarta (3), por volta das 9h --após várias tentativas de adiamento feitas pela defesa--, e foi suspenso por volta das 23h. A expectativa é que a sentença seja conhecida nesta quinta.
O primeiro dia do julgamento foi marcado pela manifestação de pessoas que aguardavam a chegada de Pimenta Neves ao fórum --e protestaram com gritos de "assassino"-- e pelo silêncio do jornalista durante interrogatório. Questionado pelo juiz Diego Ferreira Mendes se queria se defender da denúncia de homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que impossibilitou defesa da vítima), ele disse que preferia "não se manifestar".
Pimenta Neves, ex-diretor de redação do jornal "O Estado de S.Paulo", tem o direito constitucional de não se manifestar mesmo na Justiça.
Para o Ministério Público Estadual, a decisão favoreceu a acusação. "Se ele não fala depois de seis anos, ele confessa que assassinou da maneira que está na denúncia, ou seja, de maneira torpe [por ciúme] e sem possibilitar defesa", disse o assistente de acusação, Sergei Cobra, em referência às qualificações do homicídio que Pimenta Neves é acusado de ter cometido.
Essa foi a segunda vez que Pimenta Neves se recusou a falar sobre o crime à Justiça. Em 2000, durante a fase inicial do processo criminal, ele afirmou que estava "confuso" e não tinha condições de falar durante uma audiência.
O depoimento mais longo de Pimenta Neves foi dado à polícia, também em 2000, quando afirmou que foi traído "pessoalmente e profissionalmente" por Sandra.
A defesa do jornalista alega que ele agiu sob forte emoção e não premeditou o assassinato.
Jurados
No final da audiência, o ânimo dos sete jurados --quatro mulheres e três homens-- tornou-se decisivo para validar o julgamento. Caso alguém do grupo demonstrasse cansaço excessivo, estresse ou sono, o fato poderia ser usado pela defesa como argumento para pedir a anulação do júri, devido à impossibilidade dos jurados de opinar com isenção.
Em uma demonstração de que pretende colher provas para pedir a anulação do júri, os advogados do jornalista mantêm uma assistente na platéia instruída a observar o comportamento dos jurados ininterruptamente.
Crime
O crime ocorreu no dia 20 de agosto de 2000, em um haras. Sandra Gomide, à época com 32 anos, foi atingida por dois tiros: um nas costas e outro no ouvido.
O jornalista ficou sete meses preso. Em março de 2001, o STF concedeu uma liminar permitindo a Pimenta Neves aguardar o julgamento em liberdade. Para o STF, ele não representa risco à sociedade.
Julgamento
O julgamento alterou a rotina de Ibiúna. Durante todo o dia, dezenas de pessoas revezaram-se diante do fórum --reformado nos últimos dias especialmente para o júri-- para acompanhar a movimentação. O movimento de carros da PM e da imprensa prejudicou o trânsito no centro da cidade.
O entra-e-sai de jornalistas e a captação de imagens de Pimenta Neves foram preocupação constante no primeiro dia do júri. Os advogados reclamaram ao juiz em mais de duas ocasiões sobre o posicionamento de fotógrafos e cinegrafistas que estavam do lado externo do fórum.
No final da manhã, o juiz chegou a expedir um comunicado à imprensa informando que o jornalista não quer que sua imagem e voz sejam registradas. À tarde, durante a leitura de peças processuais que estão sob sigilo de Justiça, ele enviou um oficial à entrada do fórum para pedir silêncio.
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Júri de Pimenta Neves continua nesta quinta-feira em Ibiúna
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da Folha de S.Paulo
O julgamento do jornalista Antonio Pimenta Neves, 69, réu confesso da morte da ex-namorada --a também jornalista Sandra Gomide--, em 2000, será retomado nesta quinta-feira, no fórum de Ibiúna (64 km a oeste de São Paulo).
O júri começou na quarta (3), por volta das 9h --após várias tentativas de adiamento feitas pela defesa--, e foi suspenso por volta das 23h. A expectativa é que a sentença seja conhecida nesta quinta.
Caio Guatelli/Folha Imagem |
Pimenta Neves no fórum de Ibiúna, onde ocorre julgamento |
O primeiro dia do julgamento foi marcado pela manifestação de pessoas que aguardavam a chegada de Pimenta Neves ao fórum --e protestaram com gritos de "assassino"-- e pelo silêncio do jornalista durante interrogatório. Questionado pelo juiz Diego Ferreira Mendes se queria se defender da denúncia de homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que impossibilitou defesa da vítima), ele disse que preferia "não se manifestar".
Pimenta Neves, ex-diretor de redação do jornal "O Estado de S.Paulo", tem o direito constitucional de não se manifestar mesmo na Justiça.
Para o Ministério Público Estadual, a decisão favoreceu a acusação. "Se ele não fala depois de seis anos, ele confessa que assassinou da maneira que está na denúncia, ou seja, de maneira torpe [por ciúme] e sem possibilitar defesa", disse o assistente de acusação, Sergei Cobra, em referência às qualificações do homicídio que Pimenta Neves é acusado de ter cometido.
Essa foi a segunda vez que Pimenta Neves se recusou a falar sobre o crime à Justiça. Em 2000, durante a fase inicial do processo criminal, ele afirmou que estava "confuso" e não tinha condições de falar durante uma audiência.
O depoimento mais longo de Pimenta Neves foi dado à polícia, também em 2000, quando afirmou que foi traído "pessoalmente e profissionalmente" por Sandra.
A defesa do jornalista alega que ele agiu sob forte emoção e não premeditou o assassinato.
Jurados
No final da audiência, o ânimo dos sete jurados --quatro mulheres e três homens-- tornou-se decisivo para validar o julgamento. Caso alguém do grupo demonstrasse cansaço excessivo, estresse ou sono, o fato poderia ser usado pela defesa como argumento para pedir a anulação do júri, devido à impossibilidade dos jurados de opinar com isenção.
Em uma demonstração de que pretende colher provas para pedir a anulação do júri, os advogados do jornalista mantêm uma assistente na platéia instruída a observar o comportamento dos jurados ininterruptamente.
Crime
O crime ocorreu no dia 20 de agosto de 2000, em um haras. Sandra Gomide, à época com 32 anos, foi atingida por dois tiros: um nas costas e outro no ouvido.
O jornalista ficou sete meses preso. Em março de 2001, o STF concedeu uma liminar permitindo a Pimenta Neves aguardar o julgamento em liberdade. Para o STF, ele não representa risco à sociedade.
Julgamento
O julgamento alterou a rotina de Ibiúna. Durante todo o dia, dezenas de pessoas revezaram-se diante do fórum --reformado nos últimos dias especialmente para o júri-- para acompanhar a movimentação. O movimento de carros da PM e da imprensa prejudicou o trânsito no centro da cidade.
O entra-e-sai de jornalistas e a captação de imagens de Pimenta Neves foram preocupação constante no primeiro dia do júri. Os advogados reclamaram ao juiz em mais de duas ocasiões sobre o posicionamento de fotógrafos e cinegrafistas que estavam do lado externo do fórum.
No final da manhã, o juiz chegou a expedir um comunicado à imprensa informando que o jornalista não quer que sua imagem e voz sejam registradas. À tarde, durante a leitura de peças processuais que estão sob sigilo de Justiça, ele enviou um oficial à entrada do fórum para pedir silêncio.
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