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14/05/2006 - 21h57

Presos liberados serão investigados; mortos em ataques passam de 60

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da Folha Online

O comandante-geral da PM, coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, afirmou neste domingo que os cerca de 10 mil detentos que receberam autorização para visitar suas famílias, no final da semana passada, são considerados suspeitos de envolvimento no maior ataque criminoso coordenado da história do Estado de São Paulo.

Os ataques contra forças de segurança --delegacias, postos, veículos militares e policiais em trabalho ou de folga-- começaram na noite de sexta-feira (12). Os números são alterados a cada hora, e foram corrigidos pela Segurança várias vezes, mas, a princípio, cerca de 60 pessoas teriam morrido até a noite deste domingo. Destas, 23 são suspeitas de agir a mando do PCC (Primeiro Comando da Capital).

O coronel Borges confirma que a polícia já tem registros de mortos e feridos que faziam parte dos "liberados" para visitar familiares no Dia das Mães, comemorado neste domingo.

"Sim, há indultados entre os que agiram", disse ele.

"Nós já estamos 'virando' (o jogo), é questão de tempo", afirmou em seguida o diretor do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), delegado Godofredo Bittencourt.

Ele defendeu a retirada de antenas para celular de regiões próximas a presídios. "Celular é hoje mais perigoso que uma arma. É preciso calar o celular nos presídios", disse.

Onda de ataques

A violência se alastrou e atingiu 78 penitenciárias, CDPs (Centros de Detenção Provisória) e cadeias públicas. Na noite deste domingo, os presos permaneciam rebelados em 53 unidades. Há mais de 226 reféns.

Orquestradas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), as ações são uma resposta à decisão do governo estadual de isolar líderes da facção. Na quinta-feira (11), 765 presos foram transferidos para a penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo), com a intenção de coibir ações promovidas pela facção.

No dia seguinte, oito líderes foram levados para a sede do Deic, em Santana (zona norte de São Paulo). Entre eles estava o líder da facção, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola. No sábado, ele foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo), considerada a mais segura do país. Na unidade, ele ficará sob o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), mais rigoroso.

Ataques

Segundo o balanço parcial do governo do Estado, até a noite deste domingo, foram 115 ataques. Morreram 20 policiais militares --12 deles em folga--, cinco policiais civis --todos em folga--, três guardas municipais, oito agentes penitenciários --todos em folga--, dois civis e 14 suspeitos, baleados em confrontos.

Na cidade de São Paulo, as ações ocorreram no centro (5), na zona norte (8), na zona oeste (5), na zona sul (9) e na zona leste (15). Foram 17 ataques na Grande São Paulo, 10 no litoral e 31 no interior. Outras 16 ocorrências ainda não foram especificadas. A maioria das ações foi contra a Polícia Militar --57 casos.

Entre a tarde e a noite deste domingo, também foram registrados incêndios em dez ônibus na cidade de São Paulo. Não há registro de vítimas, e a suspeita é que as ações tenham sido promovidas por criminosos ligados ao PCC.

Rebeliões

Detentos de 53 unidades prisionais do Estado de São Paulo promoviam rebeliões simultâneas às 19h deste domingo, de acordo com o governo estadual.

Não há confirmação do número total de pessoas feridas ou mortas nos motins, mas informações preliminares indicam que alguns detentos foram mortos por rivais, durante os tumultos.

Presos de uma penitenciária do Paraná e quatro de Mato Grosso do Sul também promoveram rebeliões neste domingo, em um movimento solidário à onda de ataques realizada pelo PCC em São Paulo.

Em duas unidades da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) --no complexo da Vila Maria (zona norte) e no complexo do Tatuapé (zona leste)-- também foram registrados motins. De acordo com a assessoria de imprensa da fundação, não há como afirmar se os movimentos foram motivados pela série de rebeliões registrada nas unidades prisionais do Estado e atribuída à facção criminosa.

Participaram desta reportagem o editor-chefe da Folha Online, RICARDO FELTRIN, a editora de Cotidiano da Folha Online, LÍVIA MARRA, e as repórteres GABRIELA MANZINI, JULIANA CARPANEZ e MARY PERSIA

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