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16/05/2006
-
14h49
LÍVIA MARRA
Editora de Cotidiano da Folha Online
DIÓGENES MUNIZ
da Folha Online
O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marco Antônio Desgualdo, negou na tarde desta terça-feira que a diminuição dos ataques praticados pelo PCC no Estado tenha sido causada por um acordo com a cúpula da facção. Ele atribuiu a redução da violência ao trabalho de repressão da polícia.
Mais tarde, o comandante-geral da PM, coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, admitiu que houve uma "conversa" entre o líder do PCC, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, a advogada dele e um policial militar, no domingo, mas disse não conhecer o teor do diálogo.
O secretário de Administração Penitenciária de São Paulo, Nagashi Furukawa, acabou confirmando que a facção apresentou condições para pôr fim à série de ataques a forças de segurança do Estado e que houve uma reunião entre representantes do governo e Marcola. Ele voltou a negar que tenha havido acordo entre as partes.
Desde a noite da última sexta-feira (12), quando começou a maior onda de ataques contra a força de segurança do Estado, 71 suspeitos de envolvimento nos ataques foram mortos em supostos confrontos com a polícia --19 deles na madrugada desta terça. Os ataques também deixaram 44 mortos --entre policiais, guardas, agentes penitenciários e civis, num total de 115 mortos, segundo balanço divulgado pelo governo estadual às 13h30 desta terça.
As ações, iniciadas com ataques contra as forças de segurança, se alastraram e atingiram presídios --foram mais de 80 rebeliões em penitenciárias, cadeias e CDPs (Centros de Detenção Provisória). A partir da noite de domingo, agencias bancárias foram atacadas e ônibus acabaram incendiados. Com receio de novas ações, empresas de ônibus pararam de circular e comerciantes fecharam as lojas mais cedo, na segunda-feira (15).
Acordo
Reportagem publicada pela Folha nesta terça, mostra que, por telefone celular, líderes da facção criminosa determinaram a presos e membros do PCC do lado de fora das cadeias que interrompessem a onda de violência.
Segundo o que a Folha apurou, o preso Orlando Mota Júnior, 34, o Macarrão, foi um dos principais interlocutores do governo. Ele e outros líderes do PCC deram a ordem de cessar os atentados. Reportagem publicada pela Folha Online no domingo já indicava a negociação entre o governo e presos. Na ocasião, a Secretaria da Administração Penitenciária negou qualquer acordo.
"Eu nunca fiz acordo ninguém, principalmente com bandido", disse nesta terça o delegado-geral da Polícia Civil.
De acordo com Desgualdo, a polícia já identificou envolvidos nos ataques ocorridos no Estado. Ele disse que alguns "soldados" do PCC foram presos e que a polícia já teria nomes e endereços de outros integrantes.
Ainda segundo Desgualdo, em um primeiro momento, a polícia tinha como objetivo o fim dos ataques e que agora, "com mais calma", será feito um trabalho de investigação para prender e responsabilizar os envolvidos.
Ataques
Desde a última sexta, foram registrados 251 ataques no Estado, segundo o balanço desta terça --entre eles 80 a ônibus. No total, 115 suspeitos foram presos e 113 armas foram apreendidas.
As ações contra as forças de segurança causaram 44 mortes --23 policiais militares, seis policiais civis, três guardas municipais, oito agentes de segurança penitenciária, e quatro civis --entre eles a namorada de um policial. Ficaram feridos 22 PMs, seis policiais civis, oito guardas municipais, um agente penitenciário e 16 cidadãos.
Nas cerca de 80 rebeliões registradas no período, 13 detentos foram assassinados, o que elevaria para 128 o número total de mortos durante a onda de violência --o número leva em conta os policiais e guardas alvos dos ataques, presos e suspeitos.
Retaliação
O movimento é uma retaliação do PCC à decisão do governo estadual de isolar lideranças da facção. Na quinta-feira passada (11), 765 presos foram transferidos para a penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo), em uma tentativa de evitar a articulação de ações criminosas.
No dia seguinte, oito líderes do PCC foram levados para a sede do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), em Santana (zona norte de São Paulo). Entre eles estava o líder da facção, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola. No sábado, ele foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo), considerada a mais segura do país. Na unidade, ele ficará sob o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), mais rigoroso.
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DIÓGENES MUNIZ
da Folha Online
O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marco Antônio Desgualdo, negou na tarde desta terça-feira que a diminuição dos ataques praticados pelo PCC no Estado tenha sido causada por um acordo com a cúpula da facção. Ele atribuiu a redução da violência ao trabalho de repressão da polícia.
Mais tarde, o comandante-geral da PM, coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, admitiu que houve uma "conversa" entre o líder do PCC, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, a advogada dele e um policial militar, no domingo, mas disse não conhecer o teor do diálogo.
O secretário de Administração Penitenciária de São Paulo, Nagashi Furukawa, acabou confirmando que a facção apresentou condições para pôr fim à série de ataques a forças de segurança do Estado e que houve uma reunião entre representantes do governo e Marcola. Ele voltou a negar que tenha havido acordo entre as partes.
Desde a noite da última sexta-feira (12), quando começou a maior onda de ataques contra a força de segurança do Estado, 71 suspeitos de envolvimento nos ataques foram mortos em supostos confrontos com a polícia --19 deles na madrugada desta terça. Os ataques também deixaram 44 mortos --entre policiais, guardas, agentes penitenciários e civis, num total de 115 mortos, segundo balanço divulgado pelo governo estadual às 13h30 desta terça.
As ações, iniciadas com ataques contra as forças de segurança, se alastraram e atingiram presídios --foram mais de 80 rebeliões em penitenciárias, cadeias e CDPs (Centros de Detenção Provisória). A partir da noite de domingo, agencias bancárias foram atacadas e ônibus acabaram incendiados. Com receio de novas ações, empresas de ônibus pararam de circular e comerciantes fecharam as lojas mais cedo, na segunda-feira (15).
Acordo
Reportagem publicada pela Folha nesta terça, mostra que, por telefone celular, líderes da facção criminosa determinaram a presos e membros do PCC do lado de fora das cadeias que interrompessem a onda de violência.
Segundo o que a Folha apurou, o preso Orlando Mota Júnior, 34, o Macarrão, foi um dos principais interlocutores do governo. Ele e outros líderes do PCC deram a ordem de cessar os atentados. Reportagem publicada pela Folha Online no domingo já indicava a negociação entre o governo e presos. Na ocasião, a Secretaria da Administração Penitenciária negou qualquer acordo.
"Eu nunca fiz acordo ninguém, principalmente com bandido", disse nesta terça o delegado-geral da Polícia Civil.
De acordo com Desgualdo, a polícia já identificou envolvidos nos ataques ocorridos no Estado. Ele disse que alguns "soldados" do PCC foram presos e que a polícia já teria nomes e endereços de outros integrantes.
Ainda segundo Desgualdo, em um primeiro momento, a polícia tinha como objetivo o fim dos ataques e que agora, "com mais calma", será feito um trabalho de investigação para prender e responsabilizar os envolvidos.
Ataques
Desde a última sexta, foram registrados 251 ataques no Estado, segundo o balanço desta terça --entre eles 80 a ônibus. No total, 115 suspeitos foram presos e 113 armas foram apreendidas.
As ações contra as forças de segurança causaram 44 mortes --23 policiais militares, seis policiais civis, três guardas municipais, oito agentes de segurança penitenciária, e quatro civis --entre eles a namorada de um policial. Ficaram feridos 22 PMs, seis policiais civis, oito guardas municipais, um agente penitenciário e 16 cidadãos.
Nas cerca de 80 rebeliões registradas no período, 13 detentos foram assassinados, o que elevaria para 128 o número total de mortos durante a onda de violência --o número leva em conta os policiais e guardas alvos dos ataques, presos e suspeitos.
Retaliação
O movimento é uma retaliação do PCC à decisão do governo estadual de isolar lideranças da facção. Na quinta-feira passada (11), 765 presos foram transferidos para a penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo), em uma tentativa de evitar a articulação de ações criminosas.
No dia seguinte, oito líderes do PCC foram levados para a sede do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), em Santana (zona norte de São Paulo). Entre eles estava o líder da facção, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola. No sábado, ele foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo), considerada a mais segura do país. Na unidade, ele ficará sob o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), mais rigoroso.
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