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17/05/2006
-
18h29
FELIPE RECONDO
da Folha Online, em Brasília
A CPI do Tráfico de Armas vai pedir à Justiça a prisão dos supostos advogados do PCC (Primeiro Comando da Capital) Maria Cristina de Souza e Sérgio Wesley da Cunha. Os dois são suspeitos de ter repassado por audioconferência o depoimento sigiloso prestado pelos delegados da Polícia Civil de São Paulo Godofredo Bittencourt e Rui Ferraz Fontes, do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), à comissão.
Os advogados serão investigados também pelo Deic, pelo crime de formação de quadrilha.
A íntegra do depoimento --gravada em dois CDs-- foi vendida aos advogados por R$ 200 pelo ex-funcionário da Câmara Arthur Vinicius Silva, que atuava na sala de áudio da CPI. Os CDs foram entregues na quarta-feira passada (10) aos advogados e transmitidos no mesmo dia --por audioconferência-- a integrantes da cúpula do PCC.
Nas próximas semanas, Silva deve participar de uma acareação com os advogados. O ex-funcionário da Câmara chegou a ser ameaçado de prisão, mas como concordou em colaborar com a CPI e com as investigações, será tratado como "réu colaborador".
"Não tive conhecimento do que tratava o CD. Me ofereceram grana. A idéia do dinheiro me tentou. Infelizmente, não ganho bem. Fui corrompido", disse o Arthur Vinicius. "Estou aqui porque as conseqüências do que fiz foram gigantescas", acrescentou.
Quando as informações chegaram ao líder do PCC, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, ele ordenou o início da série de 251 ataques a forças de segurança e de 80 rebeliões de presos que atingiu diversos pontos do Estado de São Paulo.
Preocupação
Na quinta (11), Ferraz telefonou para o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e relatou que Marcola havia demonstrado conhecer o teor da audiência da CPI, o que gerou a investigação.
Em telefonema ao mesmo deputado, Bittencourt teria dito que as informações não foram a razão da onda de violência. "O Godofredo me ligou e disse que não foi isso que gerou tudo, mas que pode ter ampliado ou multiplicado a reação do PCC", disse Faria de Sá.
"Eu não posso dizer que somos co-autores disso [ação do PCC], mas o vazamento contribuiu para a escalada do PCC até porque a organização ficou sabendo dos planos da Polícia", afirmou o deputado Raul Jungmann.
"Eu acredito que a violência já tinha algum planejamento, mas sem dúvida o vazamento pode ter sido a gota d'água", acrescentou o deputado Moroni Torgan.
Na audiência, os delegados informaram, segundo a CPI, que transfeririam e isolariam um grupo de presos considerados de alta periculosidade --incluindo líderes da facção-- e que tinham conhecimento do plano dos criminosos de promover uma megarrebelião no domingo passado, Dia das Mães.
Seqüência
Conforme informado, na quinta-feira (11), 765 presos foram levados para a penitenciária de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo). Na sexta (12), oito líderes do PCC foram levados à sede do Deic, em Santana (zona norte de São Paulo). Naquele dia, começaram os ataques.
No sábado (13), Marcola foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo) e colocado no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). No domingo (14), auge dos ataques e rebeliões, Marcola recebeu a visita de outra advogada e de representantes do governo estadual, contrariando as regras do RDD.
Há suspeita de acordo. O governo nega ter negociado com o PCC o fim dos ataques, mas admite que o encontro serviu para que a advogada garantisse a integridade física de Marcola e dos outros líderes isolados aos criminosos. Os presos conquistaram ainda outras reivindicações: a instalação de televisores e a mudança da cor dos uniformes.
Desde a última sexta-feira (12), chegou a 146 o número de pessoas morreram em decorrência da onda de violência em São Paulo.
Colaborou TATIANA FÁVARO da Folha Online
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CPI quer pedir prisão de supostos advogados do PCC
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da Folha Online, em Brasília
A CPI do Tráfico de Armas vai pedir à Justiça a prisão dos supostos advogados do PCC (Primeiro Comando da Capital) Maria Cristina de Souza e Sérgio Wesley da Cunha. Os dois são suspeitos de ter repassado por audioconferência o depoimento sigiloso prestado pelos delegados da Polícia Civil de São Paulo Godofredo Bittencourt e Rui Ferraz Fontes, do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), à comissão.
Os advogados serão investigados também pelo Deic, pelo crime de formação de quadrilha.
A íntegra do depoimento --gravada em dois CDs-- foi vendida aos advogados por R$ 200 pelo ex-funcionário da Câmara Arthur Vinicius Silva, que atuava na sala de áudio da CPI. Os CDs foram entregues na quarta-feira passada (10) aos advogados e transmitidos no mesmo dia --por audioconferência-- a integrantes da cúpula do PCC.
Nas próximas semanas, Silva deve participar de uma acareação com os advogados. O ex-funcionário da Câmara chegou a ser ameaçado de prisão, mas como concordou em colaborar com a CPI e com as investigações, será tratado como "réu colaborador".
"Não tive conhecimento do que tratava o CD. Me ofereceram grana. A idéia do dinheiro me tentou. Infelizmente, não ganho bem. Fui corrompido", disse o Arthur Vinicius. "Estou aqui porque as conseqüências do que fiz foram gigantescas", acrescentou.
Quando as informações chegaram ao líder do PCC, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, ele ordenou o início da série de 251 ataques a forças de segurança e de 80 rebeliões de presos que atingiu diversos pontos do Estado de São Paulo.
Preocupação
Na quinta (11), Ferraz telefonou para o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e relatou que Marcola havia demonstrado conhecer o teor da audiência da CPI, o que gerou a investigação.
Em telefonema ao mesmo deputado, Bittencourt teria dito que as informações não foram a razão da onda de violência. "O Godofredo me ligou e disse que não foi isso que gerou tudo, mas que pode ter ampliado ou multiplicado a reação do PCC", disse Faria de Sá.
"Eu não posso dizer que somos co-autores disso [ação do PCC], mas o vazamento contribuiu para a escalada do PCC até porque a organização ficou sabendo dos planos da Polícia", afirmou o deputado Raul Jungmann.
"Eu acredito que a violência já tinha algum planejamento, mas sem dúvida o vazamento pode ter sido a gota d'água", acrescentou o deputado Moroni Torgan.
Na audiência, os delegados informaram, segundo a CPI, que transfeririam e isolariam um grupo de presos considerados de alta periculosidade --incluindo líderes da facção-- e que tinham conhecimento do plano dos criminosos de promover uma megarrebelião no domingo passado, Dia das Mães.
Seqüência
Conforme informado, na quinta-feira (11), 765 presos foram levados para a penitenciária de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo). Na sexta (12), oito líderes do PCC foram levados à sede do Deic, em Santana (zona norte de São Paulo). Naquele dia, começaram os ataques.
No sábado (13), Marcola foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo) e colocado no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). No domingo (14), auge dos ataques e rebeliões, Marcola recebeu a visita de outra advogada e de representantes do governo estadual, contrariando as regras do RDD.
Há suspeita de acordo. O governo nega ter negociado com o PCC o fim dos ataques, mas admite que o encontro serviu para que a advogada garantisse a integridade física de Marcola e dos outros líderes isolados aos criminosos. Os presos conquistaram ainda outras reivindicações: a instalação de televisores e a mudança da cor dos uniformes.
Desde a última sexta-feira (12), chegou a 146 o número de pessoas morreram em decorrência da onda de violência em São Paulo.
Colaborou TATIANA FÁVARO da Folha Online
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