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22/05/2006 - 08h58

CRM investiga se polícia matou inocentes em São Paulo

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da Folha de S.Paulo
da Folha Online

Médicos do CRM (Conselho Regional de Medicina) de São Paulo querem saber, até quarta-feira (24), se inocentes foram mortos pela polícia na última semana, depois do início da onda de ataques atribuída ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Eles vão passar o começo desta semana analisando os laudos parciais feitos pelo IML (Instituto Médico Legal) sobre as mortes de suspeitos em confrontos desde o dia 12.

Representantes da Defensoria Pública do Estado também passaram a manhã de domingo (21) na sede central do IML para fiscalizar o trabalho de identificação de ao menos 11 suspeitos mortos que permaneciam no local sem identificação.

O subdefensor Pedro Giberti não descartou, no fim de semana, depois de passar a tarde no instituto, a possibilidade de a polícia ter matado inocentes entre os 109 mortos por suposto envolvimento nos ataques promovidos pelo PCC. "A possibilidade é que tenha havido sim, mas porque você tem um universo muito grande de pessoas atingidas", disse Giberti.

Corpos

No domingo, o diretor de fiscalização do CRM, João Ladislau Rosa, indicado pelo conselho para acompanhar a Defensoria, elogiou o trabalho e disse que todos os esforços estão sendo feitos para identificar os mortos. "O trabalho de hoje foi o de verificar as condições de trabalho e se os procedimentos estavam corretos, e estão, todos os recursos estão sendo usados."

Segundo ele, os 11 mortos que ainda não haviam sido identificados no IML central terão os dados de impressão digitais enviados ao Instituto de Identificação e serão retiradas amostras para exames de DNA. Por esses meios, ele acredita que mais da metade terá a identidade conhecida. "Há um protocolo para identificar. Há fotografias, impressão digital, arcada dentária e DNA", afirmou o médico.

Rosa descartou a possibilidade de que o instituto estivesse enterrando vítimas como indigentes. "Tínhamos duas preocupações: saber se o Estado tentou enterrar alguém sem identificação e se a polícia matou inocentes. Por enquanto, já sabemos que a primeira hipótese não ocorreu", diz Rosa. "O IML fez necropsias completas e seguiu o procedimento padrão. As medidas de identificação, como recolhimento de DNA, também foram tomadas."

Agora os médicos do conselho irão analisar os laudos parciais para tentar distinguir quem foi morto pela polícia e quem morreu em conflitos considerados rotineiros, como brigas entre criminosos. "Dos 273 laudos de necropsia feitos desde o dia 12 [no IML central], 95 apontam vítimas de armas de fogo. Amanhã [hoje] e depois vamos fazer o cruzamento da origem desses corpos e identificar o tipo de agressão. Um tiro na cabeça de perto, por exemplo, não costuma ocorrer em um tiroteio. Com os dados, saberemos se houve ou não morte de inocentes."

Rosa também afirma que a situação no IML ainda não voltou ao normal. "Há alguns corpos fora de câmaras frigoríficas, mas a situação, no entanto, é justificável porque foi uma semana fora do normal."

O acompanhamento foi autorizado pela direção do IML, atendendo a um pedido feito pela comissão composta pelo Ministério Público Federal, pela Defensoria Pública do Estado e por entidades de direitos humanos. O grupo solicitou que as autópsias fossem acompanhadas por um perito independente e que nenhum corpo fosse enterrado como indigente antes de esgotadas todas as tentativas de identificação.

Números

Segundo o último balanço divulgado pelo governo, no sábado (20), morreram 109 suspeitos no Estado desde o último dia 12. Desses, 85 foram levados aos dois IMLs da capital, sendo que 12 corpos permaneciam não identificados. Segundo a Polícia Técnico-Científica, só um corpo foi enterrado sem identificação.

No total, desde o início da crise, 172 pessoas morreram, entre as quais 41 agentes de segurança e 17 presos rebelados.

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