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23/05/2006 - 16h34

CPI ouve advogada suspeita de comprar áudio de sessão secreta

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ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília

Os integrantes da CPI do Tráfico de Armas ouvem na tarde desta terça-feira a advogada Maria Cristina de Souza Rachado, suspeita de ter comprado a gravação de uma sessão secreta da comissão de um funcionário da Casa. Ela culpou o advogado Sérgio Wesley da Cunha pelo vazamento.

Para a CPI, os advogados são cúmplices. Eles estariam ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e teriam pagado R$ 200 pela gravação da audiência reservada com os delegados da Polícia Civil de São Paulo Godofredo Bittencourt e Rui Ferraz Fontes, do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado).

Na semana passada, o ex-funcionário da Câmara responsável por gravar a audiência, Arthur Vinicius Silva, confirmou ter entregue o material aos advogados em um shopping de Brasília (DF).
Alan Marques/Folha Imagem
A advogada Maria Cristina de Souza Rachado, antes de depor na CPI dos Tráfico de Armas
A advogada Maria Cristina de Souza Rachado, antes de depor na CPI dos Tráfico de Armas


De acordo com Rachado, porém, a cópia dos depoimentos lhe foi oferecida por Cunha. Ela disse ter pedido ao advogado que ambos se certificassem sobre a possibilidade de copiar a gravação, mas que ele lhe garantiu que estava autorizado a copiar o que estivesse relacionado ao seu cliente.

Cunha é advogado de Leandro Lima de Carvalho, preso no último dia 1º de maio suspeito de envolvimento em uma tentativa de resgate de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe do PCC e cliente de Rachado.

Declarações

A advogada chorou durante seu depoimento à CPI e mostrou-se abalada ao relatar ter sido chamada de "pilantra". "Não existem provas de que eu tenha cometido algum delito." Ela admitiu ser advogada de Marcola, mas disse que ele nunca informou a ela que integra uma facção criminosa e que ele só possui o respeito dos demais presos porque "é um injustiçado".

No depoimento, a advogada negou ter tomado conhecimento do conteúdo da gravação da audiência secreta, mas admitiu ter acompanhado Cunha quando ele foi a um shopping copiar o CD. Ela disse que estava em Brasília naquela ocasião porque soube pela internet de que a CPI pretendia votar um requerimento para que Marcola prestasse depoimento.

Tanto o outro advogado suspeito como o ex-funcionário da Câmara que teria vendido a gravação estão isolados em salas da Casa. Cunha deve prestar depoimento ainda nesta terça e o ex-funcionário pode ser chamado para juntar-se aos advogados em uma acareação.

Seqüência

O vazamento dos depoimentos dos delegados ganhou importância na semana passada porque antecedeu a série de ataques contra forças de segurança paulistas e de rebeliões promovida a mando do PCC em vários pontos do Estado de São Paulo.

Na audiência, os delegados informaram, segundo a CPI, que isolariam um grupo de presos considerados de alta periculosidade --incluindo líderes da facção-- e que tinham conhecimento do plano dos criminosos de promover uma megarrebelião no domingo passado, Dia das Mães.

Por meio da gravação vendida aos advogados, as informações teriam chegado a Marcola e detonado a onda de violência.

No dia seguinte à audiência dos delegados, quinta-feira (11), 765 presos foram levados para a penitenciária de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo). Na sexta (12), oito líderes do PCC foram levados à sede do Deic, em Santana (zona norte de São Paulo). Naquele dia, quase simultaneamente, começaram os ataques.

No sábado (13), Marcola foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo) e colocado no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). No domingo (14), auge dos ataques e rebeliões, Marcola recebeu a visita de outra advogada e de representantes do governo estadual, contrariando as regras do RDD.

Há suspeita de acordo. O governo nega ter negociado com o PCC o fim dos ataques, mas admite que o encontro serviu para que a advogada garantisse a integridade física de Marcola e dos outros líderes isolados aos criminosos. Os presos conquistaram ainda outras reivindicações: a instalação de televisores e a mudança da cor dos uniformes.

Desde o último dia 12, quando os ataques começaram, morreram 79 suspeitos de envolvimento nos crimes --conforme balanço divulgado nesta terça pela Secretaria da Segurança--, 41 agentes de segurança --entre policiais, guardas e agentes penitenciários--, quatro civis e 17 presos rebelados. Foram contabilizados ao todo 299 ataques.

Com GABRIELA MANZINI, da Folha Online

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