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25/05/2006
-
16h34
da Folha Online
Depois de cinco horas e meia de depoimentos contraditórios e uma prisão decretada, o presidente da CPI do Tráfico de Armas, Moroni Torgan (PFL-CE), encerrou, por volta das 16h desta quinta-feira, a acareação entre dois advogados suspeitos de comprar depoimentos sigilosos --dados por policiais de São Paulo à comissão-- e o ex-funcionário da Câmara que confessou a venda dos áudios.
Para a CPI, a onda de rebeliões e ataques que atingiu São Paulo neste mês foi uma reação das lideranças do PCC após terem acesso aos depoimentos dos delegados Godofredo Bittencourt e Rui Ferraz Fontes, por meio dos advogados Sérgio Wesley da Cunha e Maria Cristina Rachado --que defende Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe da facção criminosa.
"Nós não vamos permitir que facção criminosa nenhuma nos intimide", afirmou Torgan.
Durante acareação com o técnico de som Artur Vinícius Pilastre Silva --que teria feito a cópia dos depoimentos--, Cunha foi algemado por ferir o Código Penal, que prevê prisão por desacato a funcionário público no exercício da função. Em resposta a um deputado --que disse que o advogado teria aprendido bem com a malandragem--, o advogado afirmou que é fácil aprender "aqui".
Ele chegou a ser levado pela Polícia Legislativa, mas assinou um termo circunstanciado e foi liberado.
Contradição
Em um depoimento cheio de contradições, Rachado reafirmou que não pagou nada ao ex-operador de áudio da Câmara Artur Vinícius Pilastre Silva e que teria devolvido ao técnico a cópia do CD com depoimentos sigilosos.
Silva disse que a advogada mentiu ao fazer a afirmação. O técnico repetiu durante a acareação a informação de que teria recebido um "café" de R$ 200 para gravar dois CDs com os depoimentos dos delegados.
A advogada afirmou que, na saída do shopping onde foram copiados os depoimentos, ela tinha R$ 250 na carteira. Depois, afirmou ter voltado para o hotel com R$ 50. Embora negue o pagamento de R$ 200 ao ex-operador, esse seria o valor da diferença entre as cifras citadas pela advogada.
Sob suspeita
Ainda que não tenha havido pagamento em troca dos depoimentos sigilosos dados à comissão, a advogada pode responder por prometer dinheiro ao técnico de som Artur Vinícius Pilastre Silva.
"A senhora não precisava nem ter dado dinheiro, apenas prometido. A senhora dissera no depoimento que Artur Vinícius não iria ao shopping para copiar os CDs à toa", afirmou o deputado Moroni Torgan.
Rachado é investigada pela Corregedoria da Polícia Civil do Estado de São Paulo. A advogada disse desconhecer que seu cliente integra uma facção criminosa. "Eu não acreditava [que Marcola era membro da organização]."
A advogada de Marcola é casada com o delegado José Augusto Rachado, afastado do setor de precatórios de uma delegacia de São Paulo. O delegado teria, segundo apurou a CPI, "segurado" uma carta precatória em nome do advogado Sérgio Wesley da Cunha, também acusado de comprar gravação de depoimentos sigilosos da comissão.
Ameaça
Ao final da acareação, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) e o delegado da Polícia Federal José Antonio Dornelles, que assessora a comissão, disseram ter recebido a informação de uma ameaça contra o presidente da comissão.
O denunciante seria uma testemunha que já colaborou com a CPI, está no Programa de Proteção à Testemunha e telefonou para a secretaria da comissão.
Segundo Jungmann, qualquer ameaça à integridade física do deputado "é uma ameaça à CPI e ao Congresso". "Não vamos permitir que nos acovardem e nem que executem a ameaça", disse.
Colaboraram LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online, TATIANA FÁVARO, da Folha Online e ANDREZA MATAIS, da Folha Online, em Brasília
Com Agência Câmara
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Depois de cinco horas e meia de depoimentos contraditórios e uma prisão decretada, o presidente da CPI do Tráfico de Armas, Moroni Torgan (PFL-CE), encerrou, por volta das 16h desta quinta-feira, a acareação entre dois advogados suspeitos de comprar depoimentos sigilosos --dados por policiais de São Paulo à comissão-- e o ex-funcionário da Câmara que confessou a venda dos áudios.
Para a CPI, a onda de rebeliões e ataques que atingiu São Paulo neste mês foi uma reação das lideranças do PCC após terem acesso aos depoimentos dos delegados Godofredo Bittencourt e Rui Ferraz Fontes, por meio dos advogados Sérgio Wesley da Cunha e Maria Cristina Rachado --que defende Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe da facção criminosa.
Lula Marques/Folha Imagem |
Advogados participam de acareação com o técnico de som (blusa vermelha) na CPI |
"Nós não vamos permitir que facção criminosa nenhuma nos intimide", afirmou Torgan.
Durante acareação com o técnico de som Artur Vinícius Pilastre Silva --que teria feito a cópia dos depoimentos--, Cunha foi algemado por ferir o Código Penal, que prevê prisão por desacato a funcionário público no exercício da função. Em resposta a um deputado --que disse que o advogado teria aprendido bem com a malandragem--, o advogado afirmou que é fácil aprender "aqui".
Ele chegou a ser levado pela Polícia Legislativa, mas assinou um termo circunstanciado e foi liberado.
Contradição
Em um depoimento cheio de contradições, Rachado reafirmou que não pagou nada ao ex-operador de áudio da Câmara Artur Vinícius Pilastre Silva e que teria devolvido ao técnico a cópia do CD com depoimentos sigilosos.
Silva disse que a advogada mentiu ao fazer a afirmação. O técnico repetiu durante a acareação a informação de que teria recebido um "café" de R$ 200 para gravar dois CDs com os depoimentos dos delegados.
A advogada afirmou que, na saída do shopping onde foram copiados os depoimentos, ela tinha R$ 250 na carteira. Depois, afirmou ter voltado para o hotel com R$ 50. Embora negue o pagamento de R$ 200 ao ex-operador, esse seria o valor da diferença entre as cifras citadas pela advogada.
Sob suspeita
Ainda que não tenha havido pagamento em troca dos depoimentos sigilosos dados à comissão, a advogada pode responder por prometer dinheiro ao técnico de som Artur Vinícius Pilastre Silva.
"A senhora não precisava nem ter dado dinheiro, apenas prometido. A senhora dissera no depoimento que Artur Vinícius não iria ao shopping para copiar os CDs à toa", afirmou o deputado Moroni Torgan.
Rachado é investigada pela Corregedoria da Polícia Civil do Estado de São Paulo. A advogada disse desconhecer que seu cliente integra uma facção criminosa. "Eu não acreditava [que Marcola era membro da organização]."
A advogada de Marcola é casada com o delegado José Augusto Rachado, afastado do setor de precatórios de uma delegacia de São Paulo. O delegado teria, segundo apurou a CPI, "segurado" uma carta precatória em nome do advogado Sérgio Wesley da Cunha, também acusado de comprar gravação de depoimentos sigilosos da comissão.
Ameaça
Ao final da acareação, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) e o delegado da Polícia Federal José Antonio Dornelles, que assessora a comissão, disseram ter recebido a informação de uma ameaça contra o presidente da comissão.
O denunciante seria uma testemunha que já colaborou com a CPI, está no Programa de Proteção à Testemunha e telefonou para a secretaria da comissão.
Segundo Jungmann, qualquer ameaça à integridade física do deputado "é uma ameaça à CPI e ao Congresso". "Não vamos permitir que nos acovardem e nem que executem a ameaça", disse.
Colaboraram LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online, TATIANA FÁVARO, da Folha Online e ANDREZA MATAIS, da Folha Online, em Brasília
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