Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/05/2006 - 11h13

Secretário da Administração Penitenciária de SP pede demissão

Publicidade

LÍVIA MARRA
editora de Cotidiano da Folha Online

O secretário da Administração Penitenciária de São Paulo, Nagashi Furukawa, pediu demissão do cargo nesta sexta-feira, durante audiência realizada com o governador Cláudio Lembo (PFL).

A saída de Furukawa ocorre dias depois da série de ataques e rebeliões promovida pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) no Estado --motins se espalharam por cerca de 80 unidades prisionais entre os últimos dias 12 e 15. Divergências na condução do caso e na política da segurança pública teriam motivado o pedido de demissão.

Folha Imagem
Nagashi Furukawa, que deixou a Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo
Nagashi Furukawa, que deixou a Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo
Em seu lugar assumirá, interinamente, Luiz Carlos Catirse, que é pedagogo e funcionário de carreira da secretaria, de acordo com o governo estadual. Catirse é ex-diretor da penitenciária de Casa Branca (240 km a norte de São Paulo) e atualmente coordena as unidades prisionais do Vale do Paraíba e litoral.

Furukawa estava no cargo desde dezembro de 1999. Durante o período, enfrentou fugas e rebeliões, entre elas a maior já ocorrida no Estado e que envolveu 29 unidades, em 2001. A megarrebelião também foi orquestrada pelo PCC, com auxílio de telefones celulares.

São 144 unidades sob responsabilidade da Secretaria da Administração Penitenciária. De acordo com registros da secretaria, a população carcerária era de 124.935 pessoas até a última quarta-feira (24).

Crise

Em seu pedido de demissão, Furukawa alegou razões de "natureza pessoal" para deixar o cargo. Ao aceitar o pedido, o governador agradeceu os serviços prestados e, em despacho, afirmou que a filosofia aplicada no sistema penitenciário por ele "será objeto de análise, reflexão e futuras decisões".

O desgaste se agravou em meio à onda de violência que se alastrou por São Paulo desde o último dia 12, atribuída à facção criminosa. Divergências com o secretário da Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho, teriam contribuído para o pedido de demissão.

Os ataques e rebeliões foram uma resposta do PCC à decisão do governo estadual de isolar lideranças. Para pôr fim ao movimento, representantes do governo teriam estabelecido um acordo com o chefe da facção, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, no dia 14.

O governo confirmou que houve uma "conversa" com o chefe da facção, mas negou qualquer acordo para encerrar os ataques.

Há suspeitas de que a violência que se espalhou por São Paulo tenha sido intensificada depois do vazamento de depoimentos sigilosos dos delegados Godofredo Bittencourt e Rui Ferraz Fontes na CPI do Tráfico de Armas. Segundo a comissão, integrantes da facção tiveram acesso aos áudios das declarações por meio dos advogados Sérgio Wesley da Cunha e Maria Cristina Rachado, que pagaram R$ 200 a um técnico de som da Câmara para obter a gravação.

Números

Cerca de 300 ataques atribuídos ao PCC foram registrados desde o início da maior ação contra as forças de segurança do Estado.

Os crimes causaram a morte de 24 policiais militares, sete policiais civis, três guardas municipais, oito agentes penitenciários e quatro civis. Nas rebeliões, 17 presos morreram.

A operação policial para conter a violência e localizar os criminosos resultou em outras 110 mortes. De acordo com a Secretaria da Segurança, 79 das vítimas tinham envolvimento com criminosos. Outras 135 pessoas foram presas.

Leia mais
  • CPI encerra acareação, após depoimentos contraditórios e prisão
  • Governo transfere presos do interior de SP após motins

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o PCC
  • Leia a cobertura completa sobre os ataques do PCC em SP
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página