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12/06/2006 - 09h58

Um mês após ataques do PCC, número de mortes é incerto

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da Folha Online
da Folha de S.Paulo

Um mês após os primeiros ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) às forças de segurança de São Paulo, não se sabe ao certo quantas pessoas morreram entre os dias 12 e 19 de maio, nem se havia inocentes entre elas.

Os números oficiais revelam que morreram 42 policiais e agentes de segurança durante a semana de ataques e rebeliões --que atingiram 82 unidades prisionais. Mas não há consenso entre as autoridades sobre a identidade e o número de suspeitos mortos por policiais durante o período.

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo diz que são 123 mortos. O Ministério Público Estadual identificou três mortes a mais do que a polícia.

Peritos analisam 492 laudos necroscópicos de todas as pessoas mortas por arma de fogo no Estado no período, e o número de mortos na reação aos ataques pode crescer.

Contagem

Entidades de direitos humanos se reúnem nesta segunda-feira para fazer o balanço de um mês após os ataques do crime organizado e a reação da polícia e de grupos de extermínio.

"Um mês após os ataques e as mortes, sequer sabemos exatamente quantos morreram no período", disse o advogado Ariel de Castro Alves, coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos.

As entidades responsabilizam o secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, pela não-divulgação da lista completa dos mortos e de sonegação de informações com relação às apurações dos casos.

A secretaria afirma que houve transparência na divulgação de informações. Mesmo assim, na reunião das ONGs que defendem os direitos humanos marcada para hoje também será discutido o possível início de uma campanha para pedir a exoneração do secretário.

O governo de São Paulo diz que só vai se manifestar sobre o assunto se receber o pedido oficialmente.

"Desmantelado"

Em 2002, o governo chegou a qualificar o PCC como "uma organização falida e desmantelada". Mas a facção continua dando demonstrações de força e organização dentro dos presídios.

"A enorme adesão de outros criminosos, após os primeiros ataques, surpreendeu até mesmo a liderança do PCC, que não imaginava ser tão forte", disse o coronel da reserva José Vicente da Silva, ex-titular da Secretaria Nacional da Segurança Pública. "Agora que descobriram esse poder, vão usá-lo para desafiar o Estado e fazer exigências. Estamos vivendo sobre um barril de pólvora."

Enquanto o PCC se fortalece, fica claro que a onda de violência deflagrada em São Paulo estremeceu as bases do governo do Estado.

Depois dos ataques, o governador Cláudio Lembo (PFL) ainda teve de aceitar o pedido de demissão do ex-secretário de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa. Ele entrou em confronto com o secretário Saulo de Castro Abreu Filho depois de confirmar que houve algum tipo de negociação entre o Estado e o PCC. A Secretaria da Segurança nega.

Lembo nega também que Furukawa tenha deixado o governo por uma rixa com o secretário da Segurança. "Os dois secretários tinham suas visões do mundo. Um quis sair, saiu", disse o governador.

"Rebelião Branca"

Na última semana, detentos ligados à facção iniciaram uma espécie de "rebelião branca", na qual os presos se recusaram a sair das unidades para se apresentar em audiências nos fóruns.

De acordo com um levantamento do TJ (Tribunal de Justiça), entre segunda e quinta-feira, 476 das 1.041 requisições para transporte de presos não foram cumpridas.

Para especialistas em segurança, os 373 ataques do PCC, que começaram após a transferência de 765 presos para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, marcam uma nova era da criminalidade brasileira.

José Afonso da Silva, ex-secretário da Segurança Pública de São Paulo, diz não acreditar que ocorram novos ataques neste ano. "Se houve mesmo negociação do Estado com os criminosos, o PCC só voltará à carga quando o novo governo estiver composto, em 2007. Mas daqui para a frente eles vão sempre experimentar a reação oficial para tentar negociar."

Marcola

Na última quinta-feira (8), a CPI do Tráfico de Armas ouviu o depoimento do chefe máximo do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Em suas declarações, Marcola não citou o nome da facção criminosa PCC, organização à qual ele nega pertencer. Mas relatou, a pedido dos parlamentares, a existência de "alguns grupos" que controlam o sistema penitenciário do Estado.

O relator da CPI do Tráfico de Armas, deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), disse que o depoimento do chefe máximo do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, ajudou a confirmar que a principal rota para entrada de armas no Brasil é pela fronteira com o Paraguai.

Para os especialistas, a melhor forma de combater o crime organizado é investir em inteligência policial. "Temos de nos antecipar às possíveis ações. Senão ficaremos sempre adotando medidas reativas aos ataques e de curto prazo", diz José Vicente.

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