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16/10/2000 - 19h24

Prefeito do Rio quer mudar feira de São Cristovão de lugar

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CRISTINA GRILLO
da Folha de S.Paulo, no Rio

Uma proposta do prefeito Luiz Paulo Conde está dividindo o bairro de São Cristovão, um dos mais antigos do Rio, que tem entre seus muitos tesouros históricos o palácio onde viveu a família imperial brasileira.

Conde quer mudar de lugar a tradicional feira que, há 55 anos, ocupa o Campo de São Cristovão. Conhecida como "feira dos nordestinos", reúne a cada final de semana 818 feirantes que vendem produtos típicos do Nordeste.

No início voltada apenas para atender a um público de imigrantes interessado em encontrar esse tipo de produto, a feira se transformou ao longo dos anos em uma das atrações turísticas da cidade.

Hoje recebe, a cada fim-de-semana, um público estimado em 60 mil pessoas, interessadas não só nos produtos, mas nas apresentações de cordelistas e grupos musicais nordestinos.

Foi lá, por exemplo, que no final de setembro Gilberto Gil fez um show lançando a trilha sonora do filme "Eu, Tu, Eles", de Andrucha Waddington. A feira também foi mostrada ao mundo no início de outubro, quando a emissora francesa TV 5 a incluiu em seu programa sobre a cidade, transmitido durante todo o dia.

A proposta de retirada da Feira de São Cristovão do local onde está instalada foi incluída no PEU (Projeto de Estruturação Urbana) do bairro, que tramita na Câmara dos Vereadores.

Protestos dos feirantes fizeram com que o prefeito retirasse a proposta do PEU, mas a idéia não morreu. Foi criado um grupo de trabalho para estudar alternativas de locais para a feira.

"Não saímos de lá de jeito nenhum. Não vamos aceitar isso. A feira é tradicional e mudá-la de lugar é um suicídio para nós", diz Agamenon de Almeida, 51, presidente da Feira de São Cristovão, associação formada pelos feirantes.

"Não somos contra os feirantes, mas eles prejudicam outra tradição do bairro, o Pavilhão de São Cristovão", afirma Maurício Mendes, 49, presidente da Câmara Comunitária do bairro, que reúne comerciantes e algumas associações de moradores da região.

Abandonado há cerca de 20 anos, o Pavilhão de São Cristovão já funcionou como um grande centro de convenções da cidade. A intenção da Prefeitura é recuperá-lo, transformando a área em uma arena multi-uso _preparada para receber shows, eventos esportivos e outras atividades_, com capacidade para 20 mil pessoas, das quais 17 mil sentadas.

Há ainda a previsão de construção de um multiplex (várias salas de cinema), hotel com cerca de 250 quartos, centro comercial e estacionamento com 1.500 vagas.

O projeto de recuperação do Pavilhão de São Cristovão, com custo estimado em cerca de R$ 100 milhões, prevê parcerias com a iniciativa privada. A Folha apurou que um dos empecilhos para que o projeto seja "comprado" por alguma empresa privada é a realização da feira ao redor do Pavilhão.

"A feira atrapalha os projetos de revitalização do bairro. Não há como conciliar sua manutenção ali com a construção da arena multi-uso", diz Mendes.

A prefeitura já teria em vistas uma área para instalar a feira _um terreno no bairro, às margens da avenida Brasil. Na proposta da Secretaria Municipal de Urbanismo na qual a recuperação do Pavilhão de São Cristovão é apresentada, a mudança da Feira de São Cristovão é apresentada como uma "ação a curto prazo (1 a 3 anos)".

"Eles querem acabar conosco, mas nós não vamos deixar. Daqui não saímos. Somos parte da história do Rio", diz Agamenon de Almeida.

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