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17/07/2006 - 22h48

Suzane nega ter planejado morte dos pais e acusa Daniel Cravinhos

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da Folha Online

Suzane von Richthofen, 22, disse nesta segunda-feira, durante seu interrogatório no 1º Tribunal do Júri de São Paulo, que não sabia dos planos do então namorado, Daniel Cravinhos, e do irmão dele, Cristian, para matar seus pais, Manfred e Marísia von Richthofen. O casal foi morto na casa da família, na zona sul de São Paulo, em outubro de 2002. O julgamento dos três começou nesta terça. "Para mim, era Deus no céu e Daniel na Terra."

No relato, Suzane disse que Daniel usou o consumo excessivo de maconha --um costume que ela diz ter adquirido com ele-- para conduzi-la nas etapas do crime. Disse ter levado os Cravinhos para a casa sem saber do plano de matar o casal e diz ter apenas obedecido às ordens do então namorado ao entrar para checar se os pais estavam dormindo e ao acender uma luz do corredor, em frente ao quarto.

"Eu desci assustada, sem saber o que estava acontecendo direito. Era uma sensação estranha, um aperto no peito", relatou Suzane.

Em seguida, os irmãos teriam golpeado o casal à morte. Em seus interrogatórios, Daniel e Cristian surpreenderam ao desmentir a versão dada no inquérito policial. Eles disseram que apenas Daniel golpeou as vítimas. Cristian teria desistido da ação segundos antes, e deixado o irmão matar o casal.

Suzane disse que, seguindo as instruções de Daniel, passou a desarrumar um dos cômodos da casa, com a intenção de forjar um cenário de roubo. Segundo ela, a certa altura, Cristian, que estava no andar de cima com o irmão, desceu cobrando sacolas plásticas que Daniel havia pedido e, depois de pegar mais uma toalha e uma jarra de água, subiu novamente em direção ao quarto dos Richthofen.

"Todo foi muito confuso naquela noite." Suzane deixou a casa acompanhada de Daniel e os dois seguiram para o motel. Segundo Suzane, o próprio Daniel disse a ela, àquela altura, que a estada seria um bom álibi e pediu que ela guardasse a nota fiscal. "Eu só chorava e ele dizia 'agora não adianta você fazer mais nada'. Não era mais 'amorzinho', era sério. Dizia que eu tinha que ser fria."

Suzane diz que sua "ficha ainda não havia caído", quando ela voltou à casa da família, ao lado do irmão, Andreas. 'Foi um choque muito grande pra ele."

No depoimento, ela contrariou a versão dada por Daniel ao dizer que o pai bateu nela pela primeira vez no Dia das Mães anterior ao assassinato. Ela descreveu a família como 'normal, comum, bem-estruturada, do bem'.

Astrogildo

Segundo a jovem, o pai dos Cravinhos, Astrogildo, a entreteve durante diversas horas na noite do crime. Ela insinuou suspeitar que, naquele período, Daniel e Cristian estivessem preparando as armas --dois bastões.

Durante o relato, Suzane também acusou Astrogildo de ter sido conivente com as mentiras contadas a seus pais para que os dois namorados viajassem sozinhos; e com o consumo indiscriminado de maconha.

Quase todas as vezes em que foi mencionado, Astrogildo balançou a cabeça negativamente. Minutos após o começo do interrogatório, ele deixou o plenário. "Isso é uma palhaçada", disse.

Dinheiro

Em seu interrogatório, Suzane fez questão de enfatizar os momentos em que, de acordo com ela mesma, foi convencida a dar dinheiro ou pagar débitos em nome dos Cravinhos. "Ele nunca falou assim 'eu quero tanto', mas ele falava 'ah, meu amorzinho, eu queria tanto tal coisa' e eu, querendo agradar, dava.'

Suzane mencionou a aquisição de um carro, de um par de óculos escuros e de uma viagem, entre outras.

Conforme seus defensores, Suzane acusa Daniel de tê-la convencido a matar os pais com a intenção de apoderar-se da herança, avaliada em R$ 2 milhões.

Virgindade

De acordo com Suzane, ela perdeu a virgindade com Daniel, no dia do aniversário dele, na casa dos Cravinhos. 'Ele saiu do banho de toalha e sem nada daquilo que eu imaginava, sem nada do que eu sempre sonhei. Naquele dia, eu perdi minha virgindade com ele.'

Quando foi interrogado, Daniel afirmou que Suzane havia perdido a virgindade com o namorado anterior. De acordo com o depoimento de Daniel, no primeiro ano de namoro, Suzane chegou a chorar antes de os dois transarem pela primeira vez. Na ocasião, ela teria admitido a ele que chorava por causa das lembranças do ex. 'Ficou uma situação muito constrangedora pra mim', disse Daniel.

O debate sobre a perda da virgindade de Suzane é importante porque sustenta a principal tese da defesa dela: a de que Daniel a convenceu a matar os pais pelo poder irresistível que exercia sobre ela, desde a perda da virgindade. Essa influência seria potencializada pelo uso de drogas.

Drogas

Suzane, em diversos momentos, afirmou que Daniel usou a influência para convencer a jovem a consumir drogas. Ela relatou que, em 31 de dezembro de 2000, 'nem viu o ano virar', de 'tão maconhada' que estava. A jovem diz que se sentia da mesma forma, na noite em que os pais foram mortos.

"Lá [na casa de Daniel], ele começou a cheirar tíner, a cheirar cola. Ele dizia 'vai, Su, cheira, é legal'. E lá ia eu, e lá ia eu. Fazendo tudo e obedecendo."

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