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20/07/2006
-
10h56
da Folha Online
O júri do caso Richthofen entra no quarto dia, nesta quinta-feira, no fórum da Barra Funda (zona oeste de São Paulo). São julgados os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos e Suzane von Richthofen, filha de Manfred e Marísia, assassinados em 2002.
Na quarta-feira (19), o principal fato da sessão foi o novo depoimento de Cristian, que confessou ter mentido na última segunda-feira, primeiro dia do julgamento. Agora, ele mudou a versão e assumiu ter participado do crime, ao contrário do depoimento anterior, quando disse que apenas o irmão, Daniel, havia golpeado as vítimas até a morte. Ele responsabilizou Suzane por ter planejado o crime.
O novo interrogatório foi pedido pelo Ministério Público, que alegou que a confissão pode acarretar em uma redução da pena imputada a ele.
Ao final do depoimento, o juiz Alberto Anderson Filho, presidente do 1º Tribunal do Júri, suspendeu o julgamento por alguns minutos, pois o réu chorava muito. Em seguida, o pai do rapaz, Astrogildo, que assistia ao interrogatório da platéia, seguiu para abraçar o filho. Os jurados foram retirados do plenário.
Depoimento
Cristian manteve a declaração de que tentou fazer com que Daniel e Suzane desistissem da idéia de matar o casal, mas disse que decidiu ajudar o irmão e que desferiu o primeiro golpe em Marísia depois que Manfred já havia sido atingido.
"Eu assumo minha parte no crime. Fui eu que matei Marísia. Eu peço perdão a Deus e até a Suzane pelo que eu fiz."
Em seu primeiro interrogatório, Cristian afirmou que, no momento em que avançava sobre Marísia, não conseguiu agir e recuou, ficando de pé, ao lado de uma janela.
No novo interrogatório, Cristian disse que Suzane tentou convencê-lo a participar do assassinato dizendo que, com os pais, ela "não tinha vida", e que o pai havia tentado estuprá-la quando tinha 13 anos. Bastante nervoso, ele ficou de mãos dadas com um dos promotores do caso, Nadir Campos Júnior.
Ele manteve ainda as declarações de que bateu a porta do carro de Suzane quando o trio chegou à casa dos Richthofen na tentativa de acordar as vítimas e que pisou com mais força enquanto caminhava em direção ao quarto do casal, também com a intenção de acordá-los e dar a eles uma chance de reação.
Após as novas declarações de Cristian, a defesa de Suzane anunciou que pedirá ao juiz a nulidade do julgamento, sob a justificativa de que Cristian deixou o plenário abraçado ao pai, e não escoltado, como determina a lei. À Folha, o juiz disse que, se receber o pedido, não o acatará, por entender que não há justificativa para a anulação. "No papel cabe tudo, mas eu não vou deferir esse pedido", disse.
Mãe
Horas antes de Cristian mudar sua versão, também na quarta-feira, a mãe --Nadja Cravinhos de Paula e Silva-- prestou depoimento. Ela disse ter perdoado os filhos e Suzane pelo crime.
"Eles fizeram uma coisa muito grave, mas estão arrependidos. A Justiça é necessária, dói, mas é necessária. Mas cada um tem que pagar pelo que fez, e não pelo que não fez", disse Nadja.
Os irmãos choram durante o depoimento. Antes de deixar o plenário, a mãe pediu ao juiz para abraçar Daniel e Cristian, e foi atendida.
Júri
O júri do caso Richthofen é considerado o mais esperado do ano em São Paulo. Manfred e Marísia foram assassinados com golpes de barra de ferro em 30 de outubro de 2002, enquanto dormiam.
O julgamento começou na última segunda-feira (17), quando foram interrogados os réus. Depois, foram ouvidas testemunhas de defesa e acusação. A fase de leitura das peças processuais começa nesta quinta.
A expectativa é que a sentença seja conhecida entre a noite de hoje e a sexta-feira (21). O prazo dependerá da leitura das peças --que tem 12 volumes --seriam quase 3.000 páginas. A Promotoria diz esperar que a leitura seja rápida, mas há a possibilidade de a defesa de Suzane pedir a leitura da maioria das peças.
Suzane e os irmãos Cravinhos foram denunciados (acusados formalmente) por duplo homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítimas; e fraude processual, por terem alterado a cena do crime.
Em junho, a sessão foi adiada depois que os advogados de Suzane abandonaram o plenário, antes da instauração do júri, em protesto contra a decisão do juiz que presidia a sessão, Alberto Anderson Filho, de ignorar a ausência de uma testemunha da defesa e prosseguir com os trabalhos.
Já os advogados dos irmãos Cravinhos sequer compareceram ao tribunal. Eles alegaram cerceamento da defesa, pois não haviam conseguido encontrar-se com os clientes na semana anterior à data.
Para a Promotoria, os três cometeram o crime para ficar com o patrimônio da família Richthofen. A acusação deve pedir penas idênticas para os réus, que podem chegar a 50 anos. No Brasil, o condenado fica preso por, no máximo, 30 anos.
Colabororaram GABRIELA MANZINI e TATHIANA BARBAR, da Folha Online e LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online. Com informação da Folha de S.Paulo
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O júri do caso Richthofen entra no quarto dia, nesta quinta-feira, no fórum da Barra Funda (zona oeste de São Paulo). São julgados os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos e Suzane von Richthofen, filha de Manfred e Marísia, assassinados em 2002.
Na quarta-feira (19), o principal fato da sessão foi o novo depoimento de Cristian, que confessou ter mentido na última segunda-feira, primeiro dia do julgamento. Agora, ele mudou a versão e assumiu ter participado do crime, ao contrário do depoimento anterior, quando disse que apenas o irmão, Daniel, havia golpeado as vítimas até a morte. Ele responsabilizou Suzane por ter planejado o crime.
O novo interrogatório foi pedido pelo Ministério Público, que alegou que a confissão pode acarretar em uma redução da pena imputada a ele.
André Porto/Folha Imagem |
Algemada, Suzane deixa o 89 DP, onde passou a noite, e vai para júri |
Ao final do depoimento, o juiz Alberto Anderson Filho, presidente do 1º Tribunal do Júri, suspendeu o julgamento por alguns minutos, pois o réu chorava muito. Em seguida, o pai do rapaz, Astrogildo, que assistia ao interrogatório da platéia, seguiu para abraçar o filho. Os jurados foram retirados do plenário.
Depoimento
Cristian manteve a declaração de que tentou fazer com que Daniel e Suzane desistissem da idéia de matar o casal, mas disse que decidiu ajudar o irmão e que desferiu o primeiro golpe em Marísia depois que Manfred já havia sido atingido.
"Eu assumo minha parte no crime. Fui eu que matei Marísia. Eu peço perdão a Deus e até a Suzane pelo que eu fiz."
Em seu primeiro interrogatório, Cristian afirmou que, no momento em que avançava sobre Marísia, não conseguiu agir e recuou, ficando de pé, ao lado de uma janela.
No novo interrogatório, Cristian disse que Suzane tentou convencê-lo a participar do assassinato dizendo que, com os pais, ela "não tinha vida", e que o pai havia tentado estuprá-la quando tinha 13 anos. Bastante nervoso, ele ficou de mãos dadas com um dos promotores do caso, Nadir Campos Júnior.
Ayrton Vignola/Folha Imagem |
Irmãos Cravinhos deixam o 2ºDP e seguem para o fórum da Barra Funda |
Ele manteve ainda as declarações de que bateu a porta do carro de Suzane quando o trio chegou à casa dos Richthofen na tentativa de acordar as vítimas e que pisou com mais força enquanto caminhava em direção ao quarto do casal, também com a intenção de acordá-los e dar a eles uma chance de reação.
Após as novas declarações de Cristian, a defesa de Suzane anunciou que pedirá ao juiz a nulidade do julgamento, sob a justificativa de que Cristian deixou o plenário abraçado ao pai, e não escoltado, como determina a lei. À Folha, o juiz disse que, se receber o pedido, não o acatará, por entender que não há justificativa para a anulação. "No papel cabe tudo, mas eu não vou deferir esse pedido", disse.
Mãe
Horas antes de Cristian mudar sua versão, também na quarta-feira, a mãe --Nadja Cravinhos de Paula e Silva-- prestou depoimento. Ela disse ter perdoado os filhos e Suzane pelo crime.
"Eles fizeram uma coisa muito grave, mas estão arrependidos. A Justiça é necessária, dói, mas é necessária. Mas cada um tem que pagar pelo que fez, e não pelo que não fez", disse Nadja.
Os irmãos choram durante o depoimento. Antes de deixar o plenário, a mãe pediu ao juiz para abraçar Daniel e Cristian, e foi atendida.
Júri
O júri do caso Richthofen é considerado o mais esperado do ano em São Paulo. Manfred e Marísia foram assassinados com golpes de barra de ferro em 30 de outubro de 2002, enquanto dormiam.
O julgamento começou na última segunda-feira (17), quando foram interrogados os réus. Depois, foram ouvidas testemunhas de defesa e acusação. A fase de leitura das peças processuais começa nesta quinta.
A expectativa é que a sentença seja conhecida entre a noite de hoje e a sexta-feira (21). O prazo dependerá da leitura das peças --que tem 12 volumes --seriam quase 3.000 páginas. A Promotoria diz esperar que a leitura seja rápida, mas há a possibilidade de a defesa de Suzane pedir a leitura da maioria das peças.
Suzane e os irmãos Cravinhos foram denunciados (acusados formalmente) por duplo homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítimas; e fraude processual, por terem alterado a cena do crime.
Em junho, a sessão foi adiada depois que os advogados de Suzane abandonaram o plenário, antes da instauração do júri, em protesto contra a decisão do juiz que presidia a sessão, Alberto Anderson Filho, de ignorar a ausência de uma testemunha da defesa e prosseguir com os trabalhos.
Já os advogados dos irmãos Cravinhos sequer compareceram ao tribunal. Eles alegaram cerceamento da defesa, pois não haviam conseguido encontrar-se com os clientes na semana anterior à data.
Para a Promotoria, os três cometeram o crime para ficar com o patrimônio da família Richthofen. A acusação deve pedir penas idênticas para os réus, que podem chegar a 50 anos. No Brasil, o condenado fica preso por, no máximo, 30 anos.
Colabororaram GABRIELA MANZINI e TATHIANA BARBAR, da Folha Online e LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online. Com informação da Folha de S.Paulo
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