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22/07/2006 - 11h57

Suzane e irmãos Cravinhos são transferidos para presídios do interior

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da Folha Online

Suzane von Richthofen, 22, e os irmãos Daniel Cravinhos, 25, e Cristian Cravinhos, 30, foram transferidos para penitenciárias do interior entre a madrugada e a manhã deste sábado.

De acordo com a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), os irmãos Cravinhos chegaram à Penitenciária 2 de Tremembé (138 km a noroeste de São Paulo) às 10h45 da manhã deste sábado. Suzane foi levada ao Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro (175 km a noroeste de São Paulo), onde já havia ficado presa, por volta das 4h30.

Apu Gomes/Folha Imagem
Cristian e Daniel Cravinhos (foto) e Suzane Richthofen foram para cadeias do interior
Cristian e Daniel Cravinhos (foto) e Suzane Richthofen foram para cadeias do interior
Horas antes, Suzane, Daniel e Cristian foram condenados pelo 1º Tribunal do Júri de São Paulo pela morte dos pais dela, em 2002, na casa da família, no Brooklin, zona sul. Daniel e Suzane pegaram penas de 39 anos e seis meses. Cristian teve condenação de 38 anos e seis meses. O julgamento durou cinco dias.

Os condenados ainda podem recorrer, mas não poderão aguardar em liberdade. Mesmo com a condenação chegando a quase 40 anos, a lei brasileira só permite que eles fiquem presos por 30 anos.

Sentença

Os três réus foram condenados por duplo homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas, além de fraude processual --porque alteraram a cena do crime. Cristian ainda foi condenado por furto. A pena foi estabelecida por juiz Alberto Anderson Filho.

Para Daniel, a pena-base foi de 16 anos de prisão, mais quatro pelos agravantes, para cada uma das mortes. Nos dois casos, foram diminuídos seis meses por conta da confissão. Ele recebeu pena de seis meses e dez dias-multa --cujo valor não foi divulgado-- pela fraude.

Para Cristian, a pena-base foi de 15 anos, mais 4 anos pelos agravantes, também para cada uma das mortes. Também foram diminuídos seis meses, em cada um dos homicídios, pela confissão. Ele foi condenado ainda a um ano de reclusão e pagamento de dez dias-multa pelo furto; e a seis meses de detenção e dez dias-multa --fixada no valor mínimo legal de 1/30 do salário mínimo vigente no país à época do crime, corrigido até o pagamento.

Para Suzane, a pena-base foi de 16 anos, mais 4 pelos agravantes, para cada uma das mortes. Também neste caso, foram diminuídos seis meses de cada morte, pois ela tinha menos de 21 anos na época do crime. Ela foi condenada ainda a seis meses e dez dias-multa, pela fraude.

De acordo com o advogado Mauro Nacif, um dos defensores de Suzane, quatro jurados votaram pela condenação da jovem, e três pela absolvição. A Promotoria defendia uma pena igual para os réus --25 anos por homicídio, o que totalizaria 50 anos para cada um.

Acusação e defesa

Considerado o mais esperado do ano em São Paulo, o júri havia começado na segunda-feira. O último dia, nesta sexta-feira, foi marcado pelos debates da acusação e defesa.

As acusações da Promotoria fizeram Daniel chorar compulsivamente. Ele foi abraçado por Cristian, embora ambos estivessem algemados. Suzane acompanhou a exposição com a cabeça baixa e não esboçou nenhuma reação.

O advogado Geraldo Jabur, um dos defensores dos irmãos Cravinhos, causou espanto e risos na platéia. Primeiro, ele afirmou que Suzane é 'meio parecida' com Bia Falcão, vilã interpretada por Fernanda Montenegro na última novela da Rede Globo, a 'Belíssima'. Depois, ele comparou o namoro de Daniel e Suzane, ao qual os pais dela se opunham, ao relacionamento entre os personagens Safira e Pascoal, da mesma novela.

A defesa de Suzane reafirmou a impressão de que, em determinado grau, buscou apoio no preconceito social para convencer os jurados de que a "menina milionária" --que vivia isolada em uma atmosfera de conforto-- foi dominada e convencida pelo então namorado, Daniel, a participar da morte dos pais.

Segundo a tese, Daniel usou seu envolvimento sexual com a jovem e o uso de drogas para convencê-la a participar do crime. A defesa de Suzane disse ainda que os dois irmãos planejaram matar os Richthofen por interesse financeiro, em busca de conforto. "Suzane não tinha motivo para cometer o crime", disse o advogado Mauro Nacif.

Júri

Os réus foram interrogados no primeiro dia do júri. Na ocasião, Cristian contrariou a versão apresentada durante o inquérito policial e negou ter golpeado Marísia até a morte. Disse que, no momento em que avançava sobre a vítima, não conseguiu agir e recuou, ficando de pé, ao lado de uma janela. Segundo o relato, o irmão, Daniel, havia matado, sozinho, Manfred e Marísia.

A reviravolta ocorreu na quarta (19), após os depoimentos dos informantes e das testemunhas do processo, quando Cristian decidiu falar novamente à Justiça e desmentiu as declarações dadas inicialmente. Ele responsabilizou Suzane por ter planejado o crime.

Cristian mudou a versão e assumiu ter participado do crime horas depois de a mãe, Nadja Cravinhos de Paula e Silva, prestar um depoimento emocionado. 'Eles fizeram uma coisa muito grave, mas estão arrependidos. A Justiça é necessária, dói, mas é necessária. Mas cada um tem que pagar pelo que fez, e não pelo que não fez', disse Nadja.

O quarto dia do júri, na quinta-feira (20), foi destinado à leitura das peças processuais solicitadas pelo Ministério Público e pelas defesas dos réus. Foram lidos depoimentos prestados pelas testemunhas do caso ainda na fase processual e exibidas a filmagem da reconstituição e uma série de reportagens acerca do crime e dos depoimentos dados pelos acusados.

Logo que as reconstituições começaram a ser apresentadas, Daniel começou a chorar. Depois, pediu para deixar o plenário, e foi seguido pelo irmão, Cristian. Suzane saiu duas vezes rapidamente, e uma terceira, permanecendo ausente até o final da sessão.

Adiamento

O julgamento deveria ter ocorrido em junho, mas a sessão foi adiada depois que os advogados de Suzane abandonaram o plenário, antes da instauração do júri, em protesto contra a decisão do juiz que presidia a sessão, Alberto Anderson Filho, de ignorar a ausência de uma testemunha da defesa e prosseguir com os trabalhos.

Já os advogados dos irmãos Cravinhos sequer compareceram ao tribunal. Eles alegaram cerceamento da defesa, pois não haviam conseguido encontrar-se com os clientes na semana anterior à data.

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