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14/08/2006
-
10h52
da Folha Online
da Agência Folha
O repórter da Rede Globo Guilherme Portanova, 30, que ficou seqüestrado entre sábado (12) e esta segunda-feira, prestará depoimento à Polícia Civil nos próximos dias, para colaborar com a investigação. Os criminosos que mantiveram ele e o auxiliar técnico Alexandre Coelho Calado, 27, em cativeiro disseram ser do PCC (Primeiro Comando da Capital).
"Eu não fui agredido e fui alimentado o tempo todo", disse Portanova poucos minutos após sua libertação. "Ali, naquele momento, eles sentiram talvez que tivessem concluído o serviço deles e resolveram me soltar."
Portanova disse ainda que não foi ameaçado de morte enquanto esteve em poder dos bandidos. "Fiquei o tempo todo de capuz."
O repórter e o técnico foram capturados por homens armados na manhã de sábado, quando deixavam uma padaria na avenida Luis Carlos Berrini, a menos de um quilômetro da sede da emissora. Calado foi libertado horas depois, ainda na noite de sábado, também nas proximidades da TV.
O auxiliar foi solto com a incumbência de levar um DVD à Globo e de garantir a exibição de imagens nas quais um suposto integrante do PCC lê uma carta de repúdio ao sistema prisional paulista. Caso contrário, o repórter seria morto. "A vida do teu colega está na tua mão", disseram a Calado.
A Folha apurou que o técnico e a família dele também sofreram ameaças.
Um boletim de plantão comandado pelo também repórter César Tralli entrou no ar à 0h28 de domingo (13) e exibiu as imagens --editadas-- do DVD para todo o Estado. Leia a íntegra da transcrição. Durante todo o dia, não houve mais contato.
Portanova foi deixado em uma rua do Morumbi (zona oeste de São Paulo), no final da noite de domingo. Ele pegou carona em um carro de uma empresa de segurança particular e chegou à sede da emissora, no Brooklin (zona sul de São Paulo), por volta da 1h desta segunda.
Ele foi recebido por colegas. Pouco depois, conseguiu conversar com os pais, que viajaram do Rio Grande do Sul para São Paulo para acompanhar os desdobramentos do caso. Antes da libertação do repórter, a mãe dele disse que trocaria de lugar com ele, se pudesse.
Vídeo
No vídeo exibido pela Globo, um suposto integrante do PCC faz críticas ao sistema penitenciário em frente a uma parede pichada. Ele pede um mutirão para revisão de penas, melhores condições carcerárias, e se posiciona contra o RDD, que impõe regras mais rígidas aos presos.
Nas imagens exibidas, a Globo cortou a introdução na qual eram mostradas armas de guerra, dinamites, granadas e coquetéis molotov. O vídeo entrou no ar no intervalo do "Supercine" que, na Grande São Paulo, costuma ter mais de dez pontos no Ibope, o que equivale a mais de 550 mil domicílios. À noite, a emissora exibiu parte do manifesto no "Fantástico".
Uma cópia do DVD foi enviada à Folha na quarta-feira (9). Sua autenticidade não era comprovada. O jornal relatou parte do conteúdo da filmagem em reportagem publicada na quinta-feira (10).
Uma outra cópia foi jogada, na sexta-feira (11), no estacionamento do SBT. A emissora encaminhou uma cópia ao Ministério Público.
Parte do comunicado repete quase na íntegra trechos de parecer do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça, de abril de 2003. O órgão apontava, na ocasião, aquilo que considerava ilegalidades do RDD.
Captura
No dia do seqüestro, o repórter e o auxiliar técnico haviam passado na padaria cerca de uma hora após chegar à emissora.
Eles deixavam o local rumo a uma caminhonete da Globo quando, segundo testemunhas ouvidas pela Folha, foram abordados por dois homens armados que também estavam no estabelecimento. Um dos homens os fez entrar em um Vectra escuro; o outro entrou em um Gol vermelho.
Dois motoristas de um hotel próximo ao local chegavam à padaria no momento da ação e foram rendidos. Antes de fugir, um dos criminosos entrou no carro da Globo e mexeu nos equipamentos de televisão que lá estavam, mas nada levou.
O Vectra foi encontrado por volta das 8h15 na avenida Portugal, no Brooklin (zona sul de São Paulo). Ele havia sido roubado no último dia 10. Segundo testemunhas ouvidas pela polícia, os criminosos tiraram os funcionários da Globo do veículo e, com eles, entraram no Gol vermelho. Em seguida, o homem que estava na moto ateou fogo no Vectra e fugiu.
Nesta segunda, após ter sido solto, Portanova declarou que trocou de cativeiro "várias vezes".
Perícia
O vídeo foi encaminhado para perícia em busca de digitais. A voz foi comparada com diálogos de seqüestradores gravados pela polícia, sem sucesso. A polícia requisitou também imagens das câmeras das rodovias a fim de tentar descobrir se o Gol utilizado no seqüestro deixou a cidade.
O diretor de jornalismo da TV Globo São Paulo, Luiz Cláudio Latgê, disse que a decisão de atender a reivindicação dos criminosos foi da emissora, sem participação do governo de São Paulo ou da polícia. Em nota, a emissora informou ter sido orientada por órgãos internacionais a ceder à pressão.
Libertação
O auxiliar técnico Alexandre Calado disse ter ficado "apavorado" durante o seqüestro. Quando foi libertado, ele estava emocionalmente abalado. Ele foi levado para um hotel, pela Globo, em local não divulgado. "Ele está muito abalado", confirmou a irmã.
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Saulo tentou evitar a divulgação do vídeo
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Especial
Leia o que já foi publicado sobre seqüestros
Leia o que já foi publicado sobre o PCC
Repórter da Globo prestará depoimento à polícia sobre seqüestro
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da Agência Folha
O repórter da Rede Globo Guilherme Portanova, 30, que ficou seqüestrado entre sábado (12) e esta segunda-feira, prestará depoimento à Polícia Civil nos próximos dias, para colaborar com a investigação. Os criminosos que mantiveram ele e o auxiliar técnico Alexandre Coelho Calado, 27, em cativeiro disseram ser do PCC (Primeiro Comando da Capital).
AP Photo |
O repórter Guilherme de Azevedo Portanova, que foi seqüestrado em SP |
Portanova disse ainda que não foi ameaçado de morte enquanto esteve em poder dos bandidos. "Fiquei o tempo todo de capuz."
O repórter e o técnico foram capturados por homens armados na manhã de sábado, quando deixavam uma padaria na avenida Luis Carlos Berrini, a menos de um quilômetro da sede da emissora. Calado foi libertado horas depois, ainda na noite de sábado, também nas proximidades da TV.
O auxiliar foi solto com a incumbência de levar um DVD à Globo e de garantir a exibição de imagens nas quais um suposto integrante do PCC lê uma carta de repúdio ao sistema prisional paulista. Caso contrário, o repórter seria morto. "A vida do teu colega está na tua mão", disseram a Calado.
A Folha apurou que o técnico e a família dele também sofreram ameaças.
Um boletim de plantão comandado pelo também repórter César Tralli entrou no ar à 0h28 de domingo (13) e exibiu as imagens --editadas-- do DVD para todo o Estado. Leia a íntegra da transcrição. Durante todo o dia, não houve mais contato.
Portanova foi deixado em uma rua do Morumbi (zona oeste de São Paulo), no final da noite de domingo. Ele pegou carona em um carro de uma empresa de segurança particular e chegou à sede da emissora, no Brooklin (zona sul de São Paulo), por volta da 1h desta segunda.
Ele foi recebido por colegas. Pouco depois, conseguiu conversar com os pais, que viajaram do Rio Grande do Sul para São Paulo para acompanhar os desdobramentos do caso. Antes da libertação do repórter, a mãe dele disse que trocaria de lugar com ele, se pudesse.
Vídeo
No vídeo exibido pela Globo, um suposto integrante do PCC faz críticas ao sistema penitenciário em frente a uma parede pichada. Ele pede um mutirão para revisão de penas, melhores condições carcerárias, e se posiciona contra o RDD, que impõe regras mais rígidas aos presos.
Reprodução de TV |
Retratos falados de suspeitos de seqüestrar repórter e técnico da Globo, em São Paulo |
Uma cópia do DVD foi enviada à Folha na quarta-feira (9). Sua autenticidade não era comprovada. O jornal relatou parte do conteúdo da filmagem em reportagem publicada na quinta-feira (10).
Uma outra cópia foi jogada, na sexta-feira (11), no estacionamento do SBT. A emissora encaminhou uma cópia ao Ministério Público.
Parte do comunicado repete quase na íntegra trechos de parecer do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça, de abril de 2003. O órgão apontava, na ocasião, aquilo que considerava ilegalidades do RDD.
Captura
No dia do seqüestro, o repórter e o auxiliar técnico haviam passado na padaria cerca de uma hora após chegar à emissora.
Eles deixavam o local rumo a uma caminhonete da Globo quando, segundo testemunhas ouvidas pela Folha, foram abordados por dois homens armados que também estavam no estabelecimento. Um dos homens os fez entrar em um Vectra escuro; o outro entrou em um Gol vermelho.
Dois motoristas de um hotel próximo ao local chegavam à padaria no momento da ação e foram rendidos. Antes de fugir, um dos criminosos entrou no carro da Globo e mexeu nos equipamentos de televisão que lá estavam, mas nada levou.
O Vectra foi encontrado por volta das 8h15 na avenida Portugal, no Brooklin (zona sul de São Paulo). Ele havia sido roubado no último dia 10. Segundo testemunhas ouvidas pela polícia, os criminosos tiraram os funcionários da Globo do veículo e, com eles, entraram no Gol vermelho. Em seguida, o homem que estava na moto ateou fogo no Vectra e fugiu.
Nesta segunda, após ter sido solto, Portanova declarou que trocou de cativeiro "várias vezes".
Perícia
O vídeo foi encaminhado para perícia em busca de digitais. A voz foi comparada com diálogos de seqüestradores gravados pela polícia, sem sucesso. A polícia requisitou também imagens das câmeras das rodovias a fim de tentar descobrir se o Gol utilizado no seqüestro deixou a cidade.
O diretor de jornalismo da TV Globo São Paulo, Luiz Cláudio Latgê, disse que a decisão de atender a reivindicação dos criminosos foi da emissora, sem participação do governo de São Paulo ou da polícia. Em nota, a emissora informou ter sido orientada por órgãos internacionais a ceder à pressão.
Libertação
O auxiliar técnico Alexandre Calado disse ter ficado "apavorado" durante o seqüestro. Quando foi libertado, ele estava emocionalmente abalado. Ele foi levado para um hotel, pela Globo, em local não divulgado. "Ele está muito abalado", confirmou a irmã.
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