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20/08/2006
-
09h07
TALITA FIGUEIREDO
da Folha de S.Paulo, do Rio
Ilegal no país, o aborto faz parte da realidade de boa parte dos adolescentes brasileiros. Pesquisa realizada com quase 5.000 jovens em três municípios do Brasil (Rio, Salvador e Porto Alegre) aponta que 16,7% das adolescentes abortaram o primeiro filho, e 45,9% dos jovens homens entrevistados tiveram namoradas que interromperam a primeira gravidez.
A pesquisa mostrou ainda que 15,5% das moças desejaram provocar aborto ao engravidar do primeiro filho, e 11,12% tentaram realizá-lo sem sucesso. Já entre os rapazes, 20% informaram que desejavam que suas parceiras interrompessem a gravidez.
Para a pesquisadora Greice Menezes, a diferença entre as declarações dos rapazes e das moças sobre a realização do aborto deve-se a dois fatores básicos. Primeiro, as meninas têm problemas em assumir terem recorrido ao aborto. Segundo, os homens podem ter um maior número de parceiras. Ainda de acordo com a pesquisadora, ao contrário do que o "imaginário popular" entende, quem mais faz abortos são as jovens de maior renda e escolaridade. A pesquisa apontou que as mulheres que tinham nível de escolaridade médio ou superior completo relataram três vezes mais o desfecho do aborto na primeira gravidez do que as jovens de baixa escolaridade.
Em relação à renda, as jovens que vinham de famílias cuja renda per capita era superior a um salário mínimo relataram ter recorrido ao aborto quatro vezes mais do que as jovens que vieram de famílias com renda inferior a um salário mínimo. Meninas de maior renda podem se submeter ao procedimento em clínicas particulares e ter atendimento médico. Já as mais pobres, segundo a pesquisadora, fazem uso de medicamentos abortivos e chás.
"Os estudos já realizados nessa área sempre eram feitos com mulheres que se submetiam a procedimentos de finalização de abortos mal feitos em hospitais particulares, o que gerava a idéia equivocada de que eram as mais pobres que faziam, já que só elas procuram clínicas públicas", disse.
Diferenças de regiões
Greice destacou ainda a diferença entre as capitais pesquisadas. Salvador é o local onde as meninas se iniciam sexualmente mais tarde, mas há mais ocorrências de gravidez e, conseqüentemente, abortos: 19% das meninas e 60,7% dos meninos tiveram namoradas que interromperam a gravidez.
O Rio de Janeiro está em segundo lugar, com 17% das moças e 39,5% dos rapazes. Em Porto Alegre, capital onde a iniciação sexual ocorre mais cedo, o aborto é menos usual, com 8,4% das gaúchas e 31% dos rapazes declarando que suas parceiras o fizeram.
A pesquisa Gravad (Gravidez na Adolescência) gerou o livro "O Aprendizado da Sexualidade: Reprodução e Trajetórias Sociais de Jovens Brasileiros" (536 páginas, R$ 59, Editora Garamond/Editora Fiocruz), que será lançado na terça-feira. O livro reúne os resultados da pesquisa realizada com 4.634 moças e rapazes com idades entre 18 e 24 anos com perguntas que retrocedem ao início da adolescência.
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da Folha de S.Paulo, do Rio
Ilegal no país, o aborto faz parte da realidade de boa parte dos adolescentes brasileiros. Pesquisa realizada com quase 5.000 jovens em três municípios do Brasil (Rio, Salvador e Porto Alegre) aponta que 16,7% das adolescentes abortaram o primeiro filho, e 45,9% dos jovens homens entrevistados tiveram namoradas que interromperam a primeira gravidez.
A pesquisa mostrou ainda que 15,5% das moças desejaram provocar aborto ao engravidar do primeiro filho, e 11,12% tentaram realizá-lo sem sucesso. Já entre os rapazes, 20% informaram que desejavam que suas parceiras interrompessem a gravidez.
Para a pesquisadora Greice Menezes, a diferença entre as declarações dos rapazes e das moças sobre a realização do aborto deve-se a dois fatores básicos. Primeiro, as meninas têm problemas em assumir terem recorrido ao aborto. Segundo, os homens podem ter um maior número de parceiras. Ainda de acordo com a pesquisadora, ao contrário do que o "imaginário popular" entende, quem mais faz abortos são as jovens de maior renda e escolaridade. A pesquisa apontou que as mulheres que tinham nível de escolaridade médio ou superior completo relataram três vezes mais o desfecho do aborto na primeira gravidez do que as jovens de baixa escolaridade.
Em relação à renda, as jovens que vinham de famílias cuja renda per capita era superior a um salário mínimo relataram ter recorrido ao aborto quatro vezes mais do que as jovens que vieram de famílias com renda inferior a um salário mínimo. Meninas de maior renda podem se submeter ao procedimento em clínicas particulares e ter atendimento médico. Já as mais pobres, segundo a pesquisadora, fazem uso de medicamentos abortivos e chás.
"Os estudos já realizados nessa área sempre eram feitos com mulheres que se submetiam a procedimentos de finalização de abortos mal feitos em hospitais particulares, o que gerava a idéia equivocada de que eram as mais pobres que faziam, já que só elas procuram clínicas públicas", disse.
Diferenças de regiões
Greice destacou ainda a diferença entre as capitais pesquisadas. Salvador é o local onde as meninas se iniciam sexualmente mais tarde, mas há mais ocorrências de gravidez e, conseqüentemente, abortos: 19% das meninas e 60,7% dos meninos tiveram namoradas que interromperam a gravidez.
O Rio de Janeiro está em segundo lugar, com 17% das moças e 39,5% dos rapazes. Em Porto Alegre, capital onde a iniciação sexual ocorre mais cedo, o aborto é menos usual, com 8,4% das gaúchas e 31% dos rapazes declarando que suas parceiras o fizeram.
A pesquisa Gravad (Gravidez na Adolescência) gerou o livro "O Aprendizado da Sexualidade: Reprodução e Trajetórias Sociais de Jovens Brasileiros" (536 páginas, R$ 59, Editora Garamond/Editora Fiocruz), que será lançado na terça-feira. O livro reúne os resultados da pesquisa realizada com 4.634 moças e rapazes com idades entre 18 e 24 anos com perguntas que retrocedem ao início da adolescência.
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