29/08/2006 - 11h49

Bastos ensaia despedida do governo em evento em São Paulo

LÍVIA MARRA
Editora de Cotidiano da Folha Online

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, adotou um tom de despedida do governo ao abrir o 12º Seminário Internacional de Ciências Criminais, promovido pelo IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), em São Paulo, nesta terça-feira.

Em sua fala, Bastos insinuou que encerrará seu ciclo no governo mesmo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja reeleito. O ministro afirmou que "está programado" para trabalhar durante quatro anos em Brasília (DF).

"Acho que o trabalho foi muito gratificante, muito proveitoso. Lançamos as bases de novas instituições no Brasil, que estão fortes como nunca, mas quatro anos é bastante."

Bastos classificou o GGI (Gabinete de Gestão Integrada da Segurança Pública), instalado há alguns dias em São Paulo, como uma "ferramenta capaz de enfrentar o crime organizado" e disse que o grupo atuará de acordo com as informações trocadas entre os Estados.

O ministro disse ainda esperar que os programas do setor de segurança implantados pelo governo federal tornem-se padrão para os estaduais; e voltou a afirmar que o governo de São Paulo tem à sua disposição 40 vagas na penitenciária federal de Catanduvas (PR).

GGI

O recém-instalado GGI iniciou suas investigações pelo monitoramento das 412 contas bancárias supostamente ligadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital) que foram listadas pela Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo, Estado onde a facção criminosa atua.

O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e o DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional) acompanham as contas. Se alguma irregularidade for comprovada, o Ministério Público deverá pedir a indisponibilidade dos valores.

Com a estratégia, o GGI pretende estancar as fontes de financiamento dos criminosos.

Seminário

O 12º Seminário Internacional será realizado até a próxima sexta-feira. Em palestras e painéis, especialistas debaterão temas como o futuro da Lei dos Crimes Hediondos, a Justiça para adolescentes infratores, problemas atuais da Justiça penal, crimes eleitorais, violência de gênero e direito penal, corrupção, Comissão Parlamentar de Inquérito, interceptação telefônica e liberdade de imprensa, entre outros.

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