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27/09/2006 - 23h13

Depois de oito horas, namorada de coronel sai do DHPP indiciada

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TATIANA FÁVARO
da Folha Online

A advogada Carla Cepollina, 40, deixou a sede o DHPP (Departamento de Homicídios e proteção à Pessoa) às 22h50 desta quarta-feira, depois de passar cerca de oito horas no local. A polícia concluiu o indiciamento dela no assassinato do coronel da PM e deputado estadual Ubiratan Guimarães, morto no dia 9 com um tiro no abdômen.

Carla foi indiciada por homicídio duplamente qualificado --por motivo fútil (ciúme) e recurso que impossibilitou a defesa da vítima (Ubiratan estava desarmado). A polícia e o Ministério Público dizem que ela colaborou com as investigações, por isso não pedirão sua prisão preventiva.

O inquérito deve ser concluído nos próximos dias e o promotor Luiz Fernando Vaggione, que acompanha o caso, adiantou que apresentará denúncia à Justiça em no máximo 15 dias, prazo legal que ele terá para analisar os documentos.

Caberá à Justiça aceitar ou não a denúncia do Ministério Público. Se a denúncia for aceita, Carla será processada.

A pena para homicídio doloso duplamente qualificado seria, segundo Vaggione, de 12 a 30 anos. Mas o fato de o coronel ter mais de 60 anos quando morreu pode ser agravante na pena.

Outro fator que pesaria contra Carla num possível julgamento seria, segundo o promotor, o fato de a advogada ter ocultado provas depois do encontro do corpo do coronel, no último dia 10. Entre as provas, Vaggione citou uma blusa de cor clara, que Carla teria usado no dia do crime. À polícia ela entregou uma blusa escura.

Críticas

Nem Carla nem sua mãe, a também advogada Liliana Prinzivalli, falaram com a imprensa ao sair do DHPP nesta quarta-feira. Liliana disse estar cansada e as únicas palavras que Carla disse foram "mãe, vai", para que Liliana entrasse logo no carro.

O advogado Antônio Carlos Carvalho Pinto, que defende Carla, considera que os indícios que apontam a autoria do crime para sua cliente são "esquálidos e nem um pouco consistentes". Nesta quarta, ele criticou a polícia paulista e disse que o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) deveria ser mais "prudente".

"Sou capaz de entender o indiciamento, mas considero prematuro. O DHPP deveria ser mais prudente e mais cauteloso", afirmou o advogado.

O processo de indiciamento havia começado na segunda-feira (25), com o início do quarto interrogatório de Carla Cepollina na sede do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). O depoimento havia sido interrompido por sinais de estresse de alguns dos presentes e para que a polícia realizasse buscas no apartamento dela. Na ocasião, foram encontradas três armas no local. Liliana Prinzivalli foi autuada em flagrante por posse ilegal de arma.

Os outros três depoimentos de Carla ocorreram na semana posterior ao crime, quanto a advogada falou com a polícia ainda como testemunha do caso.

Para o delegado Armando de Oliveira da Filho, que conduz as investigações, não há mais dúvidas de que Carla matou o coronel. "O caso está 100% esclarecido", afirmou.

Crime

Comandante da operação conhecida como massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 presos em 1992, Ubiratan morreu com um tiro no abdômen, no último dia 9. O corpo foi encontrado na noite seguinte, enrolado em uma toalha, no apartamento dele, nos Jardins, zona oeste de São Paulo.

Uma das sete armas que o coronel mantinha em casa --um revólver calibre 38-- não foi encontrada no local do crime. Segundo a polícia, o coronel foi morto com uma bala do mesmo calibre, que poderia ser de uma munição especial, segundo o advogado da família de Ubiratan, Vicente Cascione.

Depoimento

Segundo informações da polícia, na primeira vez que foi ouvida Cepollina teria confirmado uma discussão com Ubiratan por causa de um telefonema recebido na noite do crime, de uma delegada da Polícia Federal, amiga de Ubiratan. A mãe da namorada do coronel negou que tenha havido uma briga entre os dois.

Na semana passada, o TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo negou um habeas corpus preventivo pedido em favor de Cepollina. O pedido havia sido feito pela mãe de Carla, alegando coação ilegal, de acordo com o tribunal. Em sua decisão, o desembargador José Orestes de Souza Nery, da 9ª Câmara Criminal, não há evidências de ilegalidade.

A investigação corre sob segredo de Justiça, determinado pelo juiz Richard Chequini, do 1º Tribunal do Júri, no dia 15. No mesmo dia, Chequini determinou a quebra de sigilo telefônico do coronel, de sua namorada e de mais seis pessoas.

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