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30/09/2006 - 18h12

Para Aeronáutica, chance de haver sobreviventes é "remotíssima"; para presidente da Infraero, é "zero"

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da Folha Online

A possibilidade de encontrar com vida algum dos passageiros do Boeing 737-800 da Gol, que caiu na tarde de sexta-feira em Mato Grosso, é "remotíssima", afirmou no final da tarde deste sábado o brigadeiro Antonio Gomes Leite Filho, representante do comando-geral da Aeronáutica. O acidente com o avião da Gol, que transportava 149 passageiros e seis tripulantes, é o maior da história da aviação brasileira.

Ao lado do presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, Leite explicou que, por conta do difícil acesso ao local onde foram encontrados os destroços, não há prazo para a retirada dos possíveis corpos encontrados. As buscas foram encerradas hoje às 17h45, quando anoiteceu na região, e serão retomadas no domingo de manhã, "ao nascer do Sol", diz a FAB (Força Aérea Brasileira).

Enquanto a Anac prefere a cautela e não confirma nenhuma morte, o presidente da Infraero, tenente-brigadeiro José Carlos Pereira, afirmou que não há nenhum sobrevivente.

"Na prática nós sabemos que é impossível que alguém tenha sobrevivido", disse à Folha Online, no final da tarde deste sábado. "As equipes da Força Aérea já percorreram toda a área do acidente sem encontrar nenhum vestígio, nenhum indício de sobrevivência possível. Apenas corpos e pedaços de corpos e mais pedaços de corpos, nada além disso".

As equipes da FAB chegaram ao local onde foram encontrados os destroços da aeronave apenas nesta tarde. Os pedaços do avião foram localizados por volta das 9h de hoje, em uma área de mata muito fechada, a 200 km do município de Peixoto de Azevedo. Segundo a FAB, a localização exata é de 10º 29' sul e 53º 15' oeste.

Efe
Parentes de passageiros esperam, em Manaus, por notícias sobre acidente da Gol; veja fotos
Parentes de passageiros esperam, em Manaus, por notícias sobre acidente da Gol; veja fotos
O acesso ao local foi feito a partir de uma clareira próxima. Uma vez lá, foram iniciados os trabalhos para abrir mais espaços na mata para permitir o pouso de outros helicópteros. Dois pára-quedistas também foram lançados para avaliar a área e preparar uma pista de pouso.

Assim, a dificuldade de acesso ao local do acidente reduz cada vez mais as chances de que as equipes de resgate localizem e resgatem possíveis sobreviventes. Mesmo assim, a FAB ordenou que o hospital de Peixoto Azevedo deixe médicos de prontidão para receber possíveis feridos.

Mesmo sem a confirmação das mortes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio de nota, disse ter recebido "com enorme pesar" a notícia sobre o acidente que "tomou a vida dos passageiros e tripulantes que voavam de Manaus para Brasília". A Presidência comunicou ainda que o presidente decidiu decretar três dias oficias de luto nacional. "Está seguro de assim poder expressar a comoção que a queda do vôo 1907 causou à nação brasileira."

Efe
Gol divulgou telefone para que parentes de passageiros recebessem informações
Gol divulgou telefone para que parentes de passageiros recebessem informações
Ao lamentar o ocorrido a Gol também anunciou, por meio de nota, a garantia de assistência aos parentes de todos os passageiros do Boeing em qualquer aspecto necessário, incluindo hospedagem, transporte, alimentação, assistência médica, Atendimento psicológico especializado, assistência religiosa e custeio dos funerais.

"Todos os colaboradores da Gol estão comprometidos e engajados em atender às necessidades imediatas das famílias desses passageiros", disse o presidente da companhia, Constantino de Oliveira Júnior.

Colisão

Por enquanto, não foi confirmado oficialmente se a queda do Boeing teria sido causada por uma colisão com um avião menor, um jato Legacy, fabricado pela Embraer, que conseguiu fazer pouso de emergência sem feridos na base aérea da serra do Cachimbo. O Legacy levava quatro passageiros, todos americanos (entre eles um repórter do "New York Times", além do piloto brasileiro.

A posição oficial da Aeronáutica, Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e Infraero (estatal que administra aeroportos) é de que ainda é muito cedo para "especular" as possíveis causas do acidente, e que qualquer conclusão seria "mera especulação".

Efe
Parentes de passageiros do avião da Gol fazem apelo por mais informações
Parentes de passageiros do avião da Gol fazem apelo por mais informações
Apesar disso, a Aeronáutica convidou o piloto e os quatro passageiros a permanecer na base aérea do Cachimbo até que seja determinado o que ocorreu com a aeronave. Segundo a Anac, o processo levará mais de três meses para ser concluído.

O piloto do Legacy foi ouvido durante 5 horas neste sábado, mas não foram divulgados detalhes de suas declarações --a Infraero tampouco informou o nome dos passageiros do jato.

O piloto da Gol, o comandante Décio Chaves Jr., tinha 15 mil horas de vôo. A Gol informou que o avião desaparecido era novo --tinha apenas 200 horas de vôo. Segundo a empresa aérea, o Boeing foi recebido do fabricante em 12 de setembro passado.

Alan Marques/Folha Imagem
Parentes dos passageiros do vôo da Gol 1907 recebem no DF a notícia que avião foi achado <BR>
Parentes dos passageiros do vôo da Gol 1907 recebem no DF a notícia que avião foi achado
O vôo 1907 saiu de Manaus e seguia para Brasília. Já o Legacy saiu de São José dos Campos, interior de São Paulo, e seguia para os Estados Unidos. Antes, faria uma possível parada em Manaus para abastecer. A aeronave que fez pouso forçado está com uma asa avariada e problemas hidráulicos, segundo a Infraero.

Perguntas

Este é o primeiro acidente grave na história da Gol, que começou a voar no início de 2001, e o maior da história do país. Antes, o pior acidente havia sido registrado em junho de 1982, quando um Boeing 727-200 da Vasp bateu em uma montanha da serra de Aratanha, a 30 quilômetros de Fortaleza, causando a morte de 137 pessoas.

Segundo o brigadeiro José Carlos Pereira, piloto experiente, é preciso descobrir o motivo de dois aviões bem equipados e novos estarem no mesmo nível, quando deveriam estar a uma distância mínima de 300 metros. "São aviões com equipamentos anticolisão. Precisamos saber por que eles não evitaram o acidente", disse o brigadeiro.

Pereira também levantou a necessidade de esclarecimentos acerca do fato de qual avião estaria acima ou abaixo do nível correto, e ressaltou que a altura das aeronaves, entre 36 e 37 mil pés, é completamente visualizada por radares.

Na velocidade em que os aviões estavam, de acordo com Pereira, seria impossível aos pilotos fazerem qualquer identificação visual de outro avião. No entanto, os equipamentos deveriam ter alertado sobre a possibilidade de rotas coincidentes.

Quando isso acontece, o sistema alerta o piloto com sinais sonoros e luminosos, além de orientar o procedimento. "O piloto não precisa raciocinar, basta seguir a orientação", explicou.

Com LÍVIA MARRA, Editora de Cotidiano da Folha Online

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