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30/09/2006 - 20h07

Legacy que teria colidido com avião da Gol se preparava para deixar o país

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da Agência Folha
da Folha Online

O Legacy que supostamente se envolveu no acidente sexta-feira (29) com a avião da Gol era um jato novo, recém-fabricado pela Embraer, e estava em vôo para deixar o Brasil pela primeira vez. A informação foi repassada neste sábado por funcionários do aeroporto de São José dos Campos (91 km de São Paulo), no Vale do Paraíba, de onde o jato decolou, e pela Embraer.

O Legacy tinha a bordo sete passageiros e decolou do aeroporto de São José às 14h52 de sexta-feira (29). O destino, segundo os mesmos funcionários, era o aeroporto Eduardo Gomes, em Manaus (AM). De lá, o jato seguiria para os Estados Unidos. A Infraero informou que a aeronave pertence à empresa de táxi aéreo Excel Aire.

De acordo com os funcionários, os passageiros do Legacy teriam embarcado na aeronave diretamente da sede da Embraer, que fica ao lado do aeroporto de São José. Por se tratar de um avião executivo e porque realizaria num primeiro momento um vôo dentro do território brasileiro, a identificação dos passageiros não é necessária, ao contrário do que acontece nos vôos comerciais.

Em Manaus, antes de partir para o exterior, o Legacy seria então vistoriado pela Polícia Federal, e seus passageiros também teriam que apresentar documentos e passaporte.

Construído sobre a plataforma do jato comercial ERJ 145, o Legacy foi o primeiro avião executivo lançado pela Embraer, em 2002. Ele tem capacidade para transportar até 13 passageiros e custa US$ 24 milhões. Tem 26,33m de comprimento e 21,17m de asa a asa.

A Embraer informou que enviou técnicos até a região da queda do Boeing 737-800, da Gol, para ajudar as autoridades na investigação do acidente. Em nota, a empresa disse que o jato é "de propriedade e [estava sendo] operado por um de seus clientes, em vôo de transferência para o exterior". Mas não divulgou o nome do cliente ou dos outros tripulantes. Confirmou, entretanto, que nenhum deles ficou ferido no acidente.

Na nota, a fabricante diz ainda que "lamenta profundamente o acidente" e que "se solidariza com os familiares das vítimas e a Gol Linhas Aéreas neste momento de dor para todos."

A Embraer informou ainda que o Legacy possui um aparelho chamado TCAS (sigla em inglês para Sistema para Evitar Colisão Durante o Vôo), que avisa o piloto quando existe risco de choque com outra aeronave ou mesmo em alvos fixos, como montanhas.

O piloto de helicóptero Eduardo Faria, na profissão há nove anos, disse que o TCAS, no caso de aviões, é acoplado ao próprio piloto automático e, por isso, tem capacidade de, sozinho, desviar o avião de curso quando há risco de colisão.

"Tanto o Boeing da Gol como o Legacy contam com este sistema. Acredito que um dos dois aparelhos tenha falhado ou, então, estava desligado. Com o TCAS funcionando perfeitamente é praticamente impossível uma colisão", disse Faria.

De acordo com o piloto, o TCAS funciona enviando sinais de um avião para o outro por meio de um aparelhos chamado transponder. O próprio sistema avalia se há risco de colisão e, em caso positivo, avisa o piloto por meio de sinais na tela do painel e ainda por meio de um sinal sonoro.

Passageiro

O repórter e colunista do diário norte-americano "The New York Times" Joe Sharkey estava a bordo do avião Legacy, da Embraer, que teria colidido com o Boeing 737, do vôo 1907 da Gol Linhas Aéreas, que caiu na região da cidade de Peixoto de Azevedo (MT) nesta sexta-feira.

A porta-voz do "NYT", Catherine Mathis, não confirmou a informação, mas disse, no entanto, que estava em um vôo e que não ficou ferido. Outra porta-voz do jornal americano, Diane McNulty, disse que Sharkey era um dos passageiros a bordo do Legacy e que estava no Brasil a trabalho, para uma revista especializada no setor de jatos executivos.

O vôo 1907 da Gol saiu de Manaus e seguia para Brasília, na sexta-feira. Transportava 149 passageiros e seis tripulantes. Durante a viagem, teria colidido com o Legacy.

A posição oficial da Aeronáutica, Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e Infraero (estatal que administra aeroportos) é de que ainda é muito cedo para "especular" as possíveis causas do acidente, e que qualquer conclusão seria "mera especulação".

Perguntas

Segundo o tenente-brigadeiro José Carlos Pereira, piloto experiente, é preciso descobrir o motivo de dois aviões bem equipados e novos estarem no mesmo nível, quando deveriam estar a uma distância mínima de 300 metros. "São aviões com equipamentos anticolisão. Precisamos saber por que eles não evitaram o acidente", disse o tenente-brigadeiro.

Pereira também levantou a necessidade de esclarecimentos acerca do fato de qual avião estaria acima ou abaixo do nível correto, e ressaltou que a altura das aeronaves, entre 36 e 37 mil pés, é completamente visualizada por radares.

Na velocidade em que os aviões estavam, de acordo com Pereira, seria impossível aos pilotos fazerem qualquer identificação visual de outro avião. No entanto, os equipamentos deveriam ter alertado sobre a possibilidade de rotas coincidentes.

Quando isso acontece, o sistema alerta o piloto com sinais sonoros e luminosos, além de orientar o procedimento. "O piloto não precisa raciocinar, basta seguir a orientação", explicou.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o Boeing da Gol
  • Confira a cobertura completa do vôo 1907
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