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02/10/2006 - 10h06

Família de bebê ainda espera por um milagre

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CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

"Mulher, não vejo a hora de chegar aí!" Essa foi última mensagem deixada por Fabiana Grangeiro Calandrini, 32, no Orkut da irmã, Taiana. Quatro dias depois, a caminho da terra natal, a Paraíba, ela e o filho Ariano, 1, estariam entre as 154 vítimas do vôo 1907.

Médica radiologista, Fabiana, 32, mora com o filho e o marido, o também radiologista Denis Calandrini, em Manaus. Na última sexta-feira, ela embarcou com o garoto e a babá, Antonia Carla Oliveira, para Brasília. De lá, seguiriam para Esperança (PB), onde mora a família de Fabiana.

No próximo sábado, ela e o marido seriam padrinhos de casamento de Matias, o irmão caçula da médica. A cerimônia foi adiada. Anteontem, Matias, o irmão Renato e dois tios seguiram para Brasília, onde se juntaram a Denis à espera de notícias de Fabiana e Ariano.

Desde que soube do acidente aéreo, a família da médica, majoritariamente católica, está em vigília, rezando para que um milagre aconteça. Um milagre como o que fez com que Ariano, nascido aos seis meses de gestação, sobrevivesse ileso.

"Ela lutou tanto para ter o filho. Não é justo que se vão desse jeito. Ainda não perdemos a fé de que ela e Ariano estejam vivos. Até que se prove o contrário, para nós eles estão vivos", diz a prima Nina Honorata, 27, que, junto com os demais familiares, acompanha as notícias da tragédia em Esperança. Segundo ela, os pais e a irmã da médica estavam sedados, sem condições de dar entrevista.

"Não estou acreditando no que estão dizendo na TV. Fico o tempo todo procurando notícias de sobreviventes", comentou a amiga Gisélia. "Ainda há esperanças, ela deve estar à espera de ajuda. Ainda não acabaram as buscas", completou outra amiga, Adriana Siqueira.

Segundo Nina, Fabiana é uma pessoa "impossível de não amar". "Ela é muito querida por todos. Estava radiante com a maternidade e com a vida em Manaus", diz ela.

Faculdade de medicina

Formada pela Faculdade de Medicina de Campina Grande, na Paraíba, Fabiana conheceu Denis quando fazia residência médica no Hospital Ipiranga, em São Paulo. Casaram-se após dois anos de namoro, moraram alguns meses em Campina Grande e, há seis meses, viviam em Manaus.

"É um casal apaixonado, feito um para o outro. O Denis só tem a ela e ao filho. Tanto o pai como a mãe dele morreram de câncer. Não posso nem imaginar ele perder agora a mulher e o filho", relata Nina.

No ensino fundamental e médio, Fabiana foi aluna do Colégio das Damas, uma tradicional instituição católica de Campina Grande. Ali decidiu ser médica e ganhou dos amigos o carinhoso apelido de "Foca". Tinha uma turma de 11 amigos que estudaram juntos para o vestibular de medicina. Todos passaram no exame.

Uma das amigas do tempo de colégio é a pernambucana Lila Câmara. "Estudamos juntas desde a quinta série colegial. Íamos e voltávamos juntas da escola caminhando. Ela sempre teve um sorriso no rosto. Passei muitos fins de semana em sua casa, em Esperança, amava ir para lá. Adorava a família dela, seus irmãos e sua mãe."

Lila diz que ela e Fabiana ficaram 13 anos sem se ver e se reencontraram em São Paulo. "Conheci seu marido, muito gente fina, educado e atencioso. Ela, com a mesma carinha de sempre, de menina", conta.

Ontem, a página de Fabiana no Orkut, que reúne fotos dela, do marido e da família, contabilizava mais de 600 mensagens. A maioria, de apoio aos familiares da médica. "Esse sorriso lindo foi ter com Deus, alegrar os espíritos que já a esperavam. Qualquer palavra é pouca diante da dor", escreveu Rita de Cassia Coffani.

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