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06/11/2006
-
09h42
ANDRÉ CARAMANTE
da Folha de S.Paulo
Gravações telefônicas obtidas pela polícia indicam que o PCC (Primeiro Comando da Capital) enfrenta dificuldades financeiras após a reação do governo de São Paulo aos ataques desencadeados nos meses de maio, julho e agosto.
As escutas foram feitas nos dias 19 e 23 de setembro nos celulares de oito presos ligados aos chefes da facção criminosa --identificados no documento oficial apenas como Gegê, Espirro, Paca, Antrax, Criança, Mané, Veinho e Gaspar.
O PCC estaria tendo problemas até para bancar os cerca de R$ 50 mil gastos, a cada 20 dias, com o transporte dos parentes dos presos nos dias de visita, uma das prioridades do grupo.
Com base nas gravações, a polícia preparou um documento de "alerta", que foi distribuído para as principais autoridades do Estado de São Paulo na área de segurança pública.
Segundo esse documento, obtido pela Folha, em razão da falta de recursos, a facção criminosa reduziu o valor do "bicho-papão" (espécie de imposto da facção cobrado de criminosos que não estão presos) de R$ 1.000 para R$ 550, com o intuito de fazer com que mais bandidos contribuam.
Além disso, segundo o documento, a facção decidiu reformular sua organização interna --deixará de ter o comando totalmente centralizado nas mãos de criminosos presos.
Com as mudanças, as "torres" (espécie de gerente) do grupo serão autônomas, ou seja, os chefes do grupo que estão na rua não precisam mais do aval dos que estão presos para comandar crimes e vice-versa.
A mudança estrutural é decorrente das mortes e do maior rigor imposto aos chefes do PCC a partir das três ondas de violência promovidas pela facção contra as forças de segurança neste ano.
Para os criminosos flagrados nas escutas, em vez dos ataques, teria sido uma alternativa melhor de enfrentamento a distribuição de cartas à sociedade com denúncias sobre o que eles acreditam ser injusto no sistema penitenciário.
A partir das gravações, o governo paulista também descobriu que o PCC prepara para os próximos dias uma ação violenta contra criminosos do litoral do Estado ligados ao traficante Ronaldo Duarte Barsotti de Freitas, o Naldinho. O traficante, que foi preso com Edson Cholbi Nascimento, o Edinho, filho do Pelé, em junho de 2005, é apontado pela polícia como o líder do tráfico na região da Baixada Santista. A ação teria como objetivo tomar pontos de drogas e, assim, aumentar o caixa da facção.
O alerta às autoridades da segurança pública também prevê que a guerra programada pelo PCC contra os comparsas de Naldinho vai gerar "sensação de insegurança" e "refletir negativamente na mídia".
O relatório destaca que os membros do PCC na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP), todos supostamente com poder de manipulação junto aos demais presos, têm acesso a celulares.
Outro lado
Por meio de sua assessora de imprensa, Rosana Garcia, o secretário da Administração Penitenciária, Antônio Ferreira Pinto, foi procurado pela reportagem na noite de ontem. Segundo ela, aos sábados e domingos, Ferreira Pinto tem como princípio profissional pronunciar-se apenas em casos de rebeliões, por exemplo.
A assessora se recusou a levar ao conhecimento do secretário as denúncias de que os presos de Presidente Venceslau 2, teoricamente isolados, hoje têm acesso a telefones celulares.
Especial
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Gravações apontam que PCC passa por sufoco financeiro
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da Folha de S.Paulo
Gravações telefônicas obtidas pela polícia indicam que o PCC (Primeiro Comando da Capital) enfrenta dificuldades financeiras após a reação do governo de São Paulo aos ataques desencadeados nos meses de maio, julho e agosto.
As escutas foram feitas nos dias 19 e 23 de setembro nos celulares de oito presos ligados aos chefes da facção criminosa --identificados no documento oficial apenas como Gegê, Espirro, Paca, Antrax, Criança, Mané, Veinho e Gaspar.
O PCC estaria tendo problemas até para bancar os cerca de R$ 50 mil gastos, a cada 20 dias, com o transporte dos parentes dos presos nos dias de visita, uma das prioridades do grupo.
Com base nas gravações, a polícia preparou um documento de "alerta", que foi distribuído para as principais autoridades do Estado de São Paulo na área de segurança pública.
Segundo esse documento, obtido pela Folha, em razão da falta de recursos, a facção criminosa reduziu o valor do "bicho-papão" (espécie de imposto da facção cobrado de criminosos que não estão presos) de R$ 1.000 para R$ 550, com o intuito de fazer com que mais bandidos contribuam.
Além disso, segundo o documento, a facção decidiu reformular sua organização interna --deixará de ter o comando totalmente centralizado nas mãos de criminosos presos.
Com as mudanças, as "torres" (espécie de gerente) do grupo serão autônomas, ou seja, os chefes do grupo que estão na rua não precisam mais do aval dos que estão presos para comandar crimes e vice-versa.
A mudança estrutural é decorrente das mortes e do maior rigor imposto aos chefes do PCC a partir das três ondas de violência promovidas pela facção contra as forças de segurança neste ano.
Para os criminosos flagrados nas escutas, em vez dos ataques, teria sido uma alternativa melhor de enfrentamento a distribuição de cartas à sociedade com denúncias sobre o que eles acreditam ser injusto no sistema penitenciário.
A partir das gravações, o governo paulista também descobriu que o PCC prepara para os próximos dias uma ação violenta contra criminosos do litoral do Estado ligados ao traficante Ronaldo Duarte Barsotti de Freitas, o Naldinho. O traficante, que foi preso com Edson Cholbi Nascimento, o Edinho, filho do Pelé, em junho de 2005, é apontado pela polícia como o líder do tráfico na região da Baixada Santista. A ação teria como objetivo tomar pontos de drogas e, assim, aumentar o caixa da facção.
O alerta às autoridades da segurança pública também prevê que a guerra programada pelo PCC contra os comparsas de Naldinho vai gerar "sensação de insegurança" e "refletir negativamente na mídia".
O relatório destaca que os membros do PCC na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP), todos supostamente com poder de manipulação junto aos demais presos, têm acesso a celulares.
Outro lado
Por meio de sua assessora de imprensa, Rosana Garcia, o secretário da Administração Penitenciária, Antônio Ferreira Pinto, foi procurado pela reportagem na noite de ontem. Segundo ela, aos sábados e domingos, Ferreira Pinto tem como princípio profissional pronunciar-se apenas em casos de rebeliões, por exemplo.
A assessora se recusou a levar ao conhecimento do secretário as denúncias de que os presos de Presidente Venceslau 2, teoricamente isolados, hoje têm acesso a telefones celulares.
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