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10/11/2006
-
09h12
LEILA SUWWAN
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Durante a meia hora do período de "alerta" devido ao sumiço do radar do vôo 1907 da Gol, em 29 de setembro, o controle aéreo de Brasília viveu nervosismo e ansiedade. Só quando chegou ao centro a notícia de que um jato havia feito pouso de emergência na serra do Cachimbo, relatando um choque no ar, os 30 controladores presentes desabaram em choro, desespero ou paralisia.
Tentavam entender como a colisão poderia ter ocorrido, esperavam notícias sobre o paradeiro do Boeing e continuaram trabalhando por mais de uma hora até uma nova equipe render os dez controladores que cuidavam do setor que monitorava a área do acidente, em que morreram 154 pessoas.
O relato é de um controlador presente no dia. Desde então a Aeronáutica teria recebido 36 atestados médicos de controladores e um deles teve AVC (acidente vascular cerebral) em pleno trabalho, dizem colegas. As baixas e o estresse de trabalho foram os principais ingredientes para a crise dos aeroportos, quando a operação-padrão em Brasília afetou vôos e passageiros em todo o país.
A Aeronáutica confirma que pôs uma psicóloga de plantão no dia da colisão e que hoje há sete profissionais se revezando na sala de controle. Não é divulgado o estado dos operadores, mas há relatos de seguidas crises de choro, tremores, insônia, perda de peso, dormência no corpo e quatro internações.
Alguns se queixam do atendimento dado e dizem que a reação do Comando ao controle de fluxo nos aeroportos (convocação geral, cancelamento de folga, ameaças) piorou a situação.
"Eu ainda choro, não posso deixar a cabeça pensar", diz o controlador, que não quis ser identificado. "Vejo o piloto tentando controlar o Boeing, mãos presas ao manche. E o desespero das pessoas." No dia, houve pânico entre os controladores ao verem o noticiário na TV da sala de repouso, mas ainda discutiam a hipótese de um pouso forçado como o do vôo da Varig que, em 89, desceu no mato, com 46 sobreviventes.
Segundo relatos, ainda sob crença de que o Legacy seguia o plano de vôo, teciam a tese de que a colisão teria ocorrido na descida de 38 mil para 36 mil pés --prevista na rota antes de Manaus. Na realidade, ambos os aviões estavam a 37 mil pés.
"As mulheres foram rapidamente amparadas. Mas, logo depois, os homens desabaram, os que não ficaram completamente em choque, anestesiados, não querendo acreditar." Ficaram no centro de controle até de madrugada. Outro controlador, que não trabalhava no dia, relata que está com estresse pós-traumático. "O problema é o medo, medo de isso acontecer de novo. Junta isso com a desilusão coletiva, a falta de boas condições de trabalho."
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
Durante a meia hora do período de "alerta" devido ao sumiço do radar do vôo 1907 da Gol, em 29 de setembro, o controle aéreo de Brasília viveu nervosismo e ansiedade. Só quando chegou ao centro a notícia de que um jato havia feito pouso de emergência na serra do Cachimbo, relatando um choque no ar, os 30 controladores presentes desabaram em choro, desespero ou paralisia.
Tentavam entender como a colisão poderia ter ocorrido, esperavam notícias sobre o paradeiro do Boeing e continuaram trabalhando por mais de uma hora até uma nova equipe render os dez controladores que cuidavam do setor que monitorava a área do acidente, em que morreram 154 pessoas.
O relato é de um controlador presente no dia. Desde então a Aeronáutica teria recebido 36 atestados médicos de controladores e um deles teve AVC (acidente vascular cerebral) em pleno trabalho, dizem colegas. As baixas e o estresse de trabalho foram os principais ingredientes para a crise dos aeroportos, quando a operação-padrão em Brasília afetou vôos e passageiros em todo o país.
A Aeronáutica confirma que pôs uma psicóloga de plantão no dia da colisão e que hoje há sete profissionais se revezando na sala de controle. Não é divulgado o estado dos operadores, mas há relatos de seguidas crises de choro, tremores, insônia, perda de peso, dormência no corpo e quatro internações.
Alguns se queixam do atendimento dado e dizem que a reação do Comando ao controle de fluxo nos aeroportos (convocação geral, cancelamento de folga, ameaças) piorou a situação.
"Eu ainda choro, não posso deixar a cabeça pensar", diz o controlador, que não quis ser identificado. "Vejo o piloto tentando controlar o Boeing, mãos presas ao manche. E o desespero das pessoas." No dia, houve pânico entre os controladores ao verem o noticiário na TV da sala de repouso, mas ainda discutiam a hipótese de um pouso forçado como o do vôo da Varig que, em 89, desceu no mato, com 46 sobreviventes.
Segundo relatos, ainda sob crença de que o Legacy seguia o plano de vôo, teciam a tese de que a colisão teria ocorrido na descida de 38 mil para 36 mil pés --prevista na rota antes de Manaus. Na realidade, ambos os aviões estavam a 37 mil pés.
"As mulheres foram rapidamente amparadas. Mas, logo depois, os homens desabaram, os que não ficaram completamente em choque, anestesiados, não querendo acreditar." Ficaram no centro de controle até de madrugada. Outro controlador, que não trabalhava no dia, relata que está com estresse pós-traumático. "O problema é o medo, medo de isso acontecer de novo. Junta isso com a desilusão coletiva, a falta de boas condições de trabalho."
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