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14/11/2006 - 11h57

Aeronáutica convoca controladores para acabar com atrasos em vôos

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PATRÍCIA ZIMMERMANN
da Folha Online, em Brasília

Controladores de tráfego aéreo voltaram a ser convocados pelo Comando da Aeronáutica em nova tentativa de pôr fim aos atrasos nos vôos. A medida também foi adotada no dia 2 de novembro, feriado de Finados, quando o setor entrou em colapso.

Segundo Ulisses Fontenele, ex-controlador e ex-presidente da associação da categoria, a medida atinge 150 controladores do Cindacta 1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), entre eles aqueles que estavam de folga e deverão ficar de prontidão. Os operadores teriam sido orientados a levar roupas de cama, o que indica que não há previsão para o término do esquema emergencial.

Para Fontenele, a medida não resolve o problema do tráfego aéreo. Ele diz que a convocação aumenta a tensão e o cansaço entre os controladores.

Nesta terça-feira, passageiros enfrentam o quarto dia de atrasos na primeira crise após o colapso do setor no feriado de Finados (2). Com a convocação extraordinária, o governo teria como objetivo, além de acabar com os atrasos, evitar que novos problemas ocorram na quarta (15), feriado da Proclamação da República.

A reportagem apurou que a falta de controladores de tráfego aéreo no setor --desfalcado desde o acidente com o Boeing da Gol que matou 154 pessoas-- motivou o chamado "plano de reunião" pelo Comando da Aeronáutica.

Esquema emergencial

Segundo a Aeronáutica, o esquema emergencial foi acionado com o objetivo de normalizar as escalas de serviço. Afirma, ainda, que o plano é "um procedimento administrativo previsto na legislação e tem o objetivo "de reunir, no menor tempo, todo o efetivo de uma unidade a fim de atender a possíveis situações especiais ou emergenciais".

Durante o período em que o esquema vigorar --ainda não confirmado--, os controladores do Cindacta 1 deverão permanecer na organização, "de maneira a atender às necessidades operacionais de serviço", diz a Aeronáutica em nota. O Comando afirma que serão cumpridos os horários de descanso e a jornada de trabalho.

A Aeronáutica afirma que o procurador Giovanni Rattacaso, do Ministério Público Militar, acompanhará o processo, no Cindacta 1, para "evidenciar a transparência e a legalidade das medidas adotadas".

Medidas

Na segunda (13), após reunião entre representantes da Infraero, da Aeronáutica, do Ministério da Defesa e da Anac com a ministra Dilma Rousseff, a Casa Civil prometeu, em nota, que as "medidas necessárias" seriam tomadas para acabar com os atrasos dos vôos. Não foram informadas, porém, quais são as medidas.

Com o anúncio, os controladores continuam sem sinalização clara sobre a promessa de atendimento de suas reivindicações --contratação de mais profissionais, regulamentação da carreira, criação de gratificação e desmilitarização do setor.

Também ontem, o ministro da Defesa, Waldir Pires, minimizou os problemas nos aeroportos, apesar de balanço da Infraero apontar atrasos em 42% dos vôos (629). "Não houve nada. Quantas vezes temos atrasos de duas, três horas?", afirmou, de acordo com informações da Agência Brasil.

Falta de controladores

O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, disse acreditar que os atrasos deverão persistir enquanto o número de controladores de tráfego aéreo em Brasília não for suficiente.

No mesmo dia, o setor de Comunicação da Aeronáutica havia negado o desfalque e informado que todos os consoles operavam normalmente, apesar da série de atrasos.

O setor, já desfalcado com o afastamento de controladores após a queda do Boeing da Gol, no dia 29 de setembro, ficou sem outros dois profissionais no último sábado (11) --um teve um problema familiar e outro, quebrou a perna, de acordo com Wellington Rodrigues, presidente da ABCTA (Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo.

No final de outubro, os controladores de tráfego aéreo decidiram, de forma isolada, iniciar a chamada operação-padrão, com maior espaçamento entre as decolagens. O objetivo seria garantir a segurança dos vôos. As normas internacionais determinam que cada operador deve controlar, no máximo, 14 aeronaves no mesmo instante.

O resultado do movimento foi uma seqüência de atrasos e cancelamentos de vôos. Na madrugada do último dia 2, o tráfego aéreo parou. Milhares de passageiros sofreram com esperas de até 20 horas. Na ocasião, o governo acionou uma operação emergencial para pôr fim aos atrasos, o que desagradou muitos controladores.

Força-tarefa

A força-tarefa convocada no início do mês envolveu 149 controladores. O não-cumprimento poderia resultar em punição e prisão.

Na ocasião, além da convocação extraordinária, o controle do tráfego aéreo foi reforçado por mais um grupo de operadores, formado por militares da reserva e operadores remanejados de outros Estados. Todos foram acompanhados por um médico e por psicólogos.

Os atrasos diminuíram após a convocação, e o Ministério da Defesa aceitou negociar com a categoria, o que gerou uma crise com a Aeronáutica. Enquanto o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, acusa o ministro da Defesa, Waldir Pires, de "incentivar a anarquia" e abrir um "grave precedente" ao negociar com os controladores, Pires mantinha o diálogo em moldes sindicais.

A reportagem apurou que alguns controladores estão insatisfeitos com as negociações feitas com o governo federal.

Colaborou LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online
Com Folha de S.Paulo


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