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25/11/2006 - 11h07

Operador diz que desconhecia plano do Legacy

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ELIANE CANTANHÊDE
Colunista da Folha de S.Paulo

Segundo os primeiros depoimentos de controladores de vôo que atuavam no dia do maior acidente aéreo da história brasileira, um sargento de Brasília, de 22 anos, considerou ter dado uma orientação "parcial" ao informar seu colega em São José dos Campos (SP) que o Legacy estava autorizado a voar a 37 mil pés (11,2 km).

Nos depoimentos, aos quais a Folha teve acesso, ele admitiu que desconhecia a previsão de três altitudes diferentes. Disse que, ao receber o pedido de São José para confirmar a autorização de vôo do Legacy, "não tinha informações de que a aeronave pretendia, em seu plano, modificar o seu nível de vôo em Brasília nem na posição Teres [já em Mato Grosso]".

Como se sabe, o Legacy seguiu em 37 mil pés até se chocar com o Boeing, em Mato Grosso, desrespeitando o plano de vôo, que previa uma descida até 36 mil pés após a passagem por Brasília e a subida a 38 mil pés pouco antes da colisão.

A alegação do militar foi a de que essas informações não eram visíveis na "strip eletrônica", ou seja, no registro do plano de vôo nos radares do Cindacta-1, o centro de controle que tem sede em Brasília e ao qual a torre de São José está subordinada. O delegado argumentou que as informações completas seriam facilmente obtidas por meio da "tecla especial". O militar respondeu que "não entendeu ser necessário acessá-la", pois ele se limitava às especificações do vôo apenas no setor número um --ou seja, até Brasília, não no restante do trajeto.

O suboficial de 52 anos de São José que conversou com o controlador e depois autorizou a decolagem do Legacy disse à PF que tinha conhecimento dos três níveis e que, ao consultar "o controle competente em Brasília", recebeu como resposta que estava autorizado "o nível 370 na proa de Poços de Caldas [MG]". Depois, "transmitiu a autorização [aos pilotos americanos] nesses exatos termos". Na conversa entre os dois controladores, o de São José se referiu à rota "São José-Eduardo Gomes", que foi depois repassada pela torre ao Legacy, junto com a altitude de 37 mil pés, e pode ter induzido os pilotos a achar que deveriam ir sempre no mesmo nível até o destino final, Manaus.

O controlador de Brasília argumentou que interpretou a menção "São José-Eduardo Gomes" "apenas como uma forma de identificação de qual vôo e aeronave se estava tratando e não da extensão completa da autorização que seria recebida".

Os depoimentos confirmam que um outro sargento, de 27 anos, não percebeu que o sistema corrigiu automaticamente o plano de vôo virtual do Legacy quando este passou por Brasília, mostrando altitudes previstas e não as que estavam efetivamente sendo voadas. O transponder do Legacy ficou inoperante --tirando do sistema sua altitude real.

O sargento alegou que estava ocupado "com outros tráfegos [aviões]". Segundo a FAB, eram cinco os aviões controlados por ele, abaixo do limite de 14.

Nos depoimentos, em 35 páginas, os controladores dizem que estavam sem sobrecarga. O tráfego estava tranqüilo e que eles estavam dentro de escalas normais de trabalho e folga.

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