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08/12/2006
-
06h02
CAROLINA FARIAS
RENATO SANTIAGO
da Folha Online
O urbanista Candido Malta Campos Filho, da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP, afirma que o aniversário de 115 anos da Paulista, comemorado nesta sexta-feira, marca o processo de degradação da avenida. "Mantidas as condições de crescimento da cidade, o futuro da Paulista é sombrio."
Desde sua criação, em 1891, a Paulista passou de pacata avenida residencial a congestionado corredor comercial, e as condições atuais apontam para uma situação "inviável", segundo o urbanista. "O congestionamento dificulta que as pessoas cheguem de carro, e como não está sendo oferecido um sistema de transporte coletivo que o substitua, ela decai."
Ele ressalta, porém, que a degradação não é irreversível e pode ser interrompida com a estruturação do transporte público. "É preciso instalar mais estações de metrô na região e, enquanto isso não é feito, instalar uma malha de linhas de microônibus."
Para Campos Filho, a decadência da Paulista será um processo semelhante ao ocorrido no chamado centro velho da cidade de São Paulo. "A Paulista pode ter o mesmo fim da avenida Duque de Caxias [próxima da 'cracolândia'] ou da avenida Cásper Líbero, na Santa Ifigênia." Nos dois casos, as avenida passaram de movimentadas a degradadas.
Especulação imobiliária
Para o professor de história da arquitetura da FAU José Eduardo de Assis Lefevrè, 64, o que deve salvar a Paulista da degradação são os ciclos imobiliários.
"Nos anos 70, com a alta dos preços dos terrenos, as empresas procuraram outras regiões da cidade mais baratas [como a Luiz Carlos Berrini, na zona sul]. Com isso outras regiões foram valorizadas e passaram a ser muito caras. Quando isso acontece, a Paulista volta a ser atrativo de investimentos", afirmou.
O arquiteto diz acreditar que a avenida está imune à saída de escritórios e empresas, como ocorreu no centro velho.
De acordo com a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), o valor do metro quadrado para um imóvel comercial na Paulista está entre os mais caros de São Paulo. Para um conjunto simples, o metro quadrado custa no mínimo R$ 2.200. Já em um edifício novo e sofisticado, o valor do metro quadrado pode chegar a R$ 8.000.
Importância cultural
Para o arquiteto Benedito Lima de Toledo, professor de história da arquitetura da FAU, outro fator que poderá contribuir para impedir o abandono da Paulista é a manutenção de sua importância no cenário cultural da cidade. "Quando alguém quer fazer uma manifestação que tenha repercussão, não vai à [avenida Brigadeiro] Faria Lima, porque tudo que acontece na Paulista é notícia. Pelo valor que população dá a ela, a Paulista vai se manter."
Toledo nega a idéia de que a avenida esteja em decadência. "Ela nunca sofreu um massacre como a avenida São João [centro velho de São Paulo] quando o minhocão foi construído, por exemplo." Para ele, a Paulista sempre teve alguma distinção, como os casarões no século passado e os edifícios comerciais, atualmente.
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RENATO SANTIAGO
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O urbanista Candido Malta Campos Filho, da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP, afirma que o aniversário de 115 anos da Paulista, comemorado nesta sexta-feira, marca o processo de degradação da avenida. "Mantidas as condições de crescimento da cidade, o futuro da Paulista é sombrio."
Desde sua criação, em 1891, a Paulista passou de pacata avenida residencial a congestionado corredor comercial, e as condições atuais apontam para uma situação "inviável", segundo o urbanista. "O congestionamento dificulta que as pessoas cheguem de carro, e como não está sendo oferecido um sistema de transporte coletivo que o substitua, ela decai."
Ele ressalta, porém, que a degradação não é irreversível e pode ser interrompida com a estruturação do transporte público. "É preciso instalar mais estações de metrô na região e, enquanto isso não é feito, instalar uma malha de linhas de microônibus."
Para Campos Filho, a decadência da Paulista será um processo semelhante ao ocorrido no chamado centro velho da cidade de São Paulo. "A Paulista pode ter o mesmo fim da avenida Duque de Caxias [próxima da 'cracolândia'] ou da avenida Cásper Líbero, na Santa Ifigênia." Nos dois casos, as avenida passaram de movimentadas a degradadas.
Especulação imobiliária
Para o professor de história da arquitetura da FAU José Eduardo de Assis Lefevrè, 64, o que deve salvar a Paulista da degradação são os ciclos imobiliários.
"Nos anos 70, com a alta dos preços dos terrenos, as empresas procuraram outras regiões da cidade mais baratas [como a Luiz Carlos Berrini, na zona sul]. Com isso outras regiões foram valorizadas e passaram a ser muito caras. Quando isso acontece, a Paulista volta a ser atrativo de investimentos", afirmou.
O arquiteto diz acreditar que a avenida está imune à saída de escritórios e empresas, como ocorreu no centro velho.
De acordo com a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), o valor do metro quadrado para um imóvel comercial na Paulista está entre os mais caros de São Paulo. Para um conjunto simples, o metro quadrado custa no mínimo R$ 2.200. Já em um edifício novo e sofisticado, o valor do metro quadrado pode chegar a R$ 8.000.
Importância cultural
Para o arquiteto Benedito Lima de Toledo, professor de história da arquitetura da FAU, outro fator que poderá contribuir para impedir o abandono da Paulista é a manutenção de sua importância no cenário cultural da cidade. "Quando alguém quer fazer uma manifestação que tenha repercussão, não vai à [avenida Brigadeiro] Faria Lima, porque tudo que acontece na Paulista é notícia. Pelo valor que população dá a ela, a Paulista vai se manter."
Toledo nega a idéia de que a avenida esteja em decadência. "Ela nunca sofreu um massacre como a avenida São João [centro velho de São Paulo] quando o minhocão foi construído, por exemplo." Para ele, a Paulista sempre teve alguma distinção, como os casarões no século passado e os edifícios comerciais, atualmente.
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