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08/12/2006
-
06h04
CAROLINA FARIAS
da Folha Online
Um incômodo --ou satisfação-- para quem cruza a Paulista são os camelôs. Vende-se tudo na avenida: desde peça de antigüidade para colecionadores a eletroeletrônicos. Irregularmente instaladas nas calçadas, as barracas de yakissoba dividem espaço óculos de sol --disparado, o produto mais popular--, artesanato, roupas usadas e tênis "importados".
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, apenas os integrantes da feira de antigüidades que ocupa o vão livre do Masp aos domingos e da que fica em frente ao parque Trianon em finais de semana alternados têm autorização para vender --inclusive produtos artesanais e comidas-- na Paulista. Os demais são, invariavelmente, irregulares.
Conforme a lei, os ambulantes ilegais podem ter suas mercadorias apreendidas por fiscais da administração municipal a qualquer momento. Na prática, porém, diferentemente do que ocorre em pontos de comércio popular do centro --como a rua 25 de Março e o Brás--, nunca houve confronto entre camelôs e fiscalização na Paulista.
O motivo, como a própria prefeitura admite, é que os camelôs da Paulista se comunicam por rádio e avisam uns aos outros sobre a aproximação dos fiscais, o chamado "rapa".
No final deste ano, ao menos 12 fiscais deverão combater o comércio ilegal na avenida, sob a escolta de 25 guardas civis.
Diferentemente do que ocorre no centro, os camelôs da Paulista não estão organizados em associações ou sindicatos, segundo aqueles ouvidos pela Folha Online.
Vida de camelô
O argentino Guilhermo Júlio da Costa, 56, vende bijuterias nas calçadas da Paulista há cinco anos e garante ganhar o suficiente para pagar o aluguel e dividir despesas com a mulher. O estrangeiro, que diz ser formado em filosofia e letras e ex-empresário do setor de couro, oferece aos passantes da avenida brincos e pulseiras desenhados por ele.
"O Plano Collor e um acidente de carro acabaram comigo. Fiquei parado e fui perdendo tudo", diz Costa, há 28 anos no Brasil.
Flagrado pela fiscalização ao menos quatro vezes, o camelô diz sentir que a população tem uma imagem ruim da categoria --"pensam que somos bêbados, bandidos e que andamos armados"--, mas rebate dizendo que "trabalha muito" e "não vende pirataria".
Para outros, a Paulista é um novo local de trabalho. É o caso do mineiro João, 42, que falou à reportagem sob condição de anonimato. Faz poucos meses que ele mudou seu ponto de venda de óculos de sol e relógios "importados" do bairro da Liberdade para as calçadas portuguesas da Paulista. "O movimento aqui é maior."
O mineiro reclama da ilegalidade --diz trabalhar "como bandido"--, mas prefere sua ocupação atual ao emprego formal anterior, em uma sapataria. "Não digo o quanto ganho, nem adianta perguntar. Senão vão colocar 'olho gordo'." Mas o preço João não esconde. Óculos e relógios são vendidos de R$ 5 a R$ 15.
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Um incômodo --ou satisfação-- para quem cruza a Paulista são os camelôs. Vende-se tudo na avenida: desde peça de antigüidade para colecionadores a eletroeletrônicos. Irregularmente instaladas nas calçadas, as barracas de yakissoba dividem espaço óculos de sol --disparado, o produto mais popular--, artesanato, roupas usadas e tênis "importados".
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, apenas os integrantes da feira de antigüidades que ocupa o vão livre do Masp aos domingos e da que fica em frente ao parque Trianon em finais de semana alternados têm autorização para vender --inclusive produtos artesanais e comidas-- na Paulista. Os demais são, invariavelmente, irregulares.
Conforme a lei, os ambulantes ilegais podem ter suas mercadorias apreendidas por fiscais da administração municipal a qualquer momento. Na prática, porém, diferentemente do que ocorre em pontos de comércio popular do centro --como a rua 25 de Março e o Brás--, nunca houve confronto entre camelôs e fiscalização na Paulista.
O motivo, como a própria prefeitura admite, é que os camelôs da Paulista se comunicam por rádio e avisam uns aos outros sobre a aproximação dos fiscais, o chamado "rapa".
No final deste ano, ao menos 12 fiscais deverão combater o comércio ilegal na avenida, sob a escolta de 25 guardas civis.
Diferentemente do que ocorre no centro, os camelôs da Paulista não estão organizados em associações ou sindicatos, segundo aqueles ouvidos pela Folha Online.
Vida de camelô
O argentino Guilhermo Júlio da Costa, 56, vende bijuterias nas calçadas da Paulista há cinco anos e garante ganhar o suficiente para pagar o aluguel e dividir despesas com a mulher. O estrangeiro, que diz ser formado em filosofia e letras e ex-empresário do setor de couro, oferece aos passantes da avenida brincos e pulseiras desenhados por ele.
"O Plano Collor e um acidente de carro acabaram comigo. Fiquei parado e fui perdendo tudo", diz Costa, há 28 anos no Brasil.
Flagrado pela fiscalização ao menos quatro vezes, o camelô diz sentir que a população tem uma imagem ruim da categoria --"pensam que somos bêbados, bandidos e que andamos armados"--, mas rebate dizendo que "trabalha muito" e "não vende pirataria".
Para outros, a Paulista é um novo local de trabalho. É o caso do mineiro João, 42, que falou à reportagem sob condição de anonimato. Faz poucos meses que ele mudou seu ponto de venda de óculos de sol e relógios "importados" do bairro da Liberdade para as calçadas portuguesas da Paulista. "O movimento aqui é maior."
O mineiro reclama da ilegalidade --diz trabalhar "como bandido"--, mas prefere sua ocupação atual ao emprego formal anterior, em uma sapataria. "Não digo o quanto ganho, nem adianta perguntar. Senão vão colocar 'olho gordo'." Mas o preço João não esconde. Óculos e relógios são vendidos de R$ 5 a R$ 15.
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