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03/12/2006 - 09h10

Kassab prepara obras para justificar tarifa

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ALENCAR IZIDORO
da Folha de S.Paulo

A gestão Gilberto Kassab (PFL) embutiu nos cálculos técnicos e políticos do reajuste muito acima da inflação da tarifa de ônibus em São Paulo a premissa de não abrir mão da renovação da frota e das obras nos corredores --mesmo que isso onerasse os passageiros.

A opção foi feita diante da avaliação de que esses investimentos teriam visibilidade e compensariam, ao longo do tempo, os desgastes provocados pela alta de 15% da passagem no último dia 30, de R$ 2 para R$ 2,30 --contra a alta de 6,9% do IPCA e 4,7% do IPC.

A decisão política envolve a estratégia de, somente em 2007, substituir 20% da frota de ônibus da capital paulista por veículos novos e maiores, buscando como meta emparelhar com a administração da ex-prefeita Marta Suplicy (PT).

Ela também abrange os planos de acelerar a expansão do Fura-Fila até Cidade Tiradentes, na zona leste, terminar as obras do corredor da avenida Vereador José Diniz e começar as de novos corredores.

Uma das prioridades envolve a pista exclusiva de ônibus à esquerda no eixo da 23 de Maio, com passarelas suspensas conectadas a estações de transferência de passageiros. "O martelo ainda não está batido", afirma Frederico Bussinger, secretário dos Transportes, embora seus assessores digam planejar ao menos um trecho dessa obra até 2008 (de um projeto total de 100 km de corredores na capital paulista inteira).

A avaliação de Kassab de que a prioridade deveria ser buscar alguma mudança visível do transporte coletivo, e não necessariamente manter uma tarifa baixa, foi reforçada pelo posicionamento de empresários de ônibus --diretamente interessados em novos investimentos (leia texto nesta página)-- e por uma pesquisa que chegou à prefeitura antes da definição do novo valor da passagem.

O levantamento da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) feito entre agosto e setembro deste ano mostrava insatisfação maior da população com a falta de qualidade dos ônibus paulistanos do que com os preços cobrados.

Essa tendência foi reforçada com a implantação do bilhete único, em 2004, e sua integração com a rede metroferroviária, no final de 2005 --embora 60% dos passageiros usem uma só condução em seu trajeto.

Na pesquisa da ANTP, a reclamação do preço, na época de R$ 2, aparecia em sexto lugar no ranking de itens que a população pedia ao transporte, com 6% das respostas, muito atrás, por exemplo, dos 50% que queriam menor espera/mais ônibus nas ruas e 26% que cobravam a diminuição da lotação.
Além disso, a opinião dos que consideravam a tarifa do ônibus da cidade de São Paulo cara em relação à renda do passageiro havia despencado de 73% para 58%, entre 2005 e 2006.

Os dados (que hoje, depois do reajuste, poderiam ser bem diferentes) ajudaram a cúpula do transporte a definir sua estratégia, principalmente depois da intenção manifestada pelo prefeito de frear as crescentes subvenções, programadas no Orçamento para R$ 320 milhões no ano que vem --quantia que Kassab quer tentar reduzir na prática, ainda que alguns técnicos digam ser insuficiente.

A opção foi estimulada, segundo assessores de Bussinger e da presidência da SPTrans, pela constatação de que, com a existência do bilhete único, a situação ainda segue vantajosa para boa parte dos usuários.
Mas há técnicos do próprio município para quem a prioridade deveria ser a manutenção do baixo custo do transporte, até devido ao crescimento elevado da passagem desde os anos 90 --algo que levou muita gente a ter que andar a pé por não ter dinheiro para a tarifa.

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