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08/12/2006
-
17h26
GABRIELA MANZINI
da Folha Online
Os advogados José Carlos Dias e Theo Dias, defensores dos pilotos norte-americanos envolvidos na queda do Boeing da Gol, afirmaram nesta sexta-feira que o delegado da PF (Polícia Federal) que preside inquérito sobre o acidente, Ramón Almeida da Silva, agiu de forma preconceituosa e pressionado por "conteúdo político" ao decidir indiciar a dupla.
Os pilotos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino comandavam o Legacy que bateu no ar contra o avião da Gol no último dia 29 de setembro. Mesmo avariado, o Legacy conseguiu pousar após a colisão, e seus sete ocupantes --seis norte-americanos-- saíram ilesos. O Boeing, porém, caiu em uma região de mata fechada de Mato Grosso, e seus 154 ocupantes morreram.
"Eu acho profundamente estranho o ato desse delegado. Faz parecer que tem contexto político, como aquele que precisa encontrar culpados para tirar a atenção de quem deveria tomar conta do espaço aéreo. Parece que há uma intenção em dizer: 'foram esses americanos'", afirmou o advogado José Carlos. "O Brasil é o país do indiciamento."
Nenhum dos dois pilotos respondeu às perguntas feitas pela PF durante as quase seis horas de depoimento, ainda segundo os advogados.
Eles disseram ter protegido os clientes da postura do delegado que, em conversa telefônica anterior ao depoimento, teria dito que estava disposto a indiciar os norte-americanos.
Os criminalistas disseram que os pilotos negam ter cometido irregularidades e que eles tiveram ordens dos controladores de tráfego aéreo de São José dos Campos (SP) para permanecer a 37 mil pés de altitude, em rota de colisão com o Boeing e contrariando o plano de vôo. "O espaço aéreo é dinâmico, e o que prevalece é a última palavra", disse Théo.
Os advogados ainda estenderam as críticas à comissão do setor aeronáutico que conduz uma apuração do caso em paralelo à PF. "A Aeronáutica disse que concluiria as investigações em dez meses quando, pela experiência internacional, sabe-se que isso pode levar até anos."
Crise
Desde o final de outubro passado, o setor aéreo brasileiro passa por uma severa crise. Os problemas começaram quando, sob a alegação de que precisavam aumentar a segurança dos vôos após o acidente com o Boeing, os controladores de tráfego aéreo implantaram a chamada operação-padrão e aumentaram à força o espaçamento entre decolagens.
O resultado foi uma seqüência de atrasos e cancelamentos de vôos que prejudicou milhares de passageiros e teve reflexos, inclusive, na rede hoteleira.
Neste mês, os atrasos voltaram a ocorrer, mas devido a uma pane que cortou a comunicação por rádio entre os controladores do Cindacta 1, em Brasília, e os aviões, na última terça-feira (5). Diversos vôos precisaram ser cancelados e os passageiros tiveram que ser realocados. Houve novos atrasos, e os saguões dos maiores aeroportos ficaram lotados.
Logo no começo da crise, o ministro da Defesa, Waldir Pires, começou a negociar com os controladores nos moldes sindicais, e foi duramente criticado pelos militares, que o acusavam de incentivar a desobediência. Nesta semana, com o novo agravamento da crise, o governo federal decidiu criar um gabinete para propor soluções.
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da Folha Online
Os advogados José Carlos Dias e Theo Dias, defensores dos pilotos norte-americanos envolvidos na queda do Boeing da Gol, afirmaram nesta sexta-feira que o delegado da PF (Polícia Federal) que preside inquérito sobre o acidente, Ramón Almeida da Silva, agiu de forma preconceituosa e pressionado por "conteúdo político" ao decidir indiciar a dupla.
Os pilotos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino comandavam o Legacy que bateu no ar contra o avião da Gol no último dia 29 de setembro. Mesmo avariado, o Legacy conseguiu pousar após a colisão, e seus sete ocupantes --seis norte-americanos-- saíram ilesos. O Boeing, porém, caiu em uma região de mata fechada de Mato Grosso, e seus 154 ocupantes morreram.
Jorge Araújo/Folha Imagem |
O advogado José Carlos Dias, que defende os pilotos do jato Legacy, da empresa ExcelAire |
Nenhum dos dois pilotos respondeu às perguntas feitas pela PF durante as quase seis horas de depoimento, ainda segundo os advogados.
Eles disseram ter protegido os clientes da postura do delegado que, em conversa telefônica anterior ao depoimento, teria dito que estava disposto a indiciar os norte-americanos.
Os criminalistas disseram que os pilotos negam ter cometido irregularidades e que eles tiveram ordens dos controladores de tráfego aéreo de São José dos Campos (SP) para permanecer a 37 mil pés de altitude, em rota de colisão com o Boeing e contrariando o plano de vôo. "O espaço aéreo é dinâmico, e o que prevalece é a última palavra", disse Théo.
Os advogados ainda estenderam as críticas à comissão do setor aeronáutico que conduz uma apuração do caso em paralelo à PF. "A Aeronáutica disse que concluiria as investigações em dez meses quando, pela experiência internacional, sabe-se que isso pode levar até anos."
Crise
Desde o final de outubro passado, o setor aéreo brasileiro passa por uma severa crise. Os problemas começaram quando, sob a alegação de que precisavam aumentar a segurança dos vôos após o acidente com o Boeing, os controladores de tráfego aéreo implantaram a chamada operação-padrão e aumentaram à força o espaçamento entre decolagens.
O resultado foi uma seqüência de atrasos e cancelamentos de vôos que prejudicou milhares de passageiros e teve reflexos, inclusive, na rede hoteleira.
Neste mês, os atrasos voltaram a ocorrer, mas devido a uma pane que cortou a comunicação por rádio entre os controladores do Cindacta 1, em Brasília, e os aviões, na última terça-feira (5). Diversos vôos precisaram ser cancelados e os passageiros tiveram que ser realocados. Houve novos atrasos, e os saguões dos maiores aeroportos ficaram lotados.
Logo no começo da crise, o ministro da Defesa, Waldir Pires, começou a negociar com os controladores nos moldes sindicais, e foi duramente criticado pelos militares, que o acusavam de incentivar a desobediência. Nesta semana, com o novo agravamento da crise, o governo federal decidiu criar um gabinete para propor soluções.
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