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09/12/2006
-
10h01
RICARDO FELTRIN
editor-chefe da Folha Online
Há quase um ano a vida dos pacatos moradores da rua Avanhandava virou de ponta-cabeça graças ao projeto de um único empresário, Walter Mancini. Na rua corre o chiste de que seu objetivo é dominar o mundo, começando pela Avanhandava. Durante meses a fio, nós, moradores, fomos acordados pontualmente às 8h com britadeiras. A obra atrasou. Devia ter acabado em setembro. Dezembro está aí e ainda há reparos a fazer, graças à incompetência dos construtores, à má escolha de materiais e ao rebuscado (e horroroso) projeto arquitetônico.
A obra mal acabou e já tem trechos com afundamentos. Óbvio! Deviam saber que tijolinhos delicados não servem de pavimentação numa via que recebe caminhões de várias toneladas --aliás, dos próprios fornecedores dos quatro estabelecimentos comerciais de Mancini.
Durante a reforma ocorreram vários acidentes --alguns graves--, causados pela absoluta falta de sinalização. Uma pobre senhora de 68 anos rompeu os ligamentos do pé ao cair num buraco diante do prédio da Fazenda. Um outro morador sofreu uma queda na outra calçada, em buraco também não sinalizado. Ficou uma semana internado. Quatro carros caíram em enormes valas abertas e mal-ajambradas pelos funcionários da "parceira" prefeitura, causando prejuízo aos proprietários.
Para encerrar, há a feiúra do projeto: enormes vigas de pedra erguidas, o primeiro sinal do mau gosto, que prossegue com fontes estilo rococó. Podia ser pior. Mancini queria fontes luminosas!
Os taxistas foram banidos da rua. Afinal, o empresário precisa de espaço para estacionar e manobrar os carros dos seus clientes. Ah, sim, a rua tinha uma única vaga destinada a deficientes físicos, mas ela desapareceu. Não se queixem, deficientes! Mancini precisa estacionar seus ônibus particulares carregados de turistas!!
Após dez anos, sem nenhum pesar, estou deixando a Avanhandava. Podia até comprar o apartamento que alugo há tanto tempo, mas pensei bem... Deus me livre de viver num feudo dominado por um empresário que acha que moradores de uma rua são um empecilho para seus negócios.
Não serei eu quem vai atrapalhar seu projeto de dominar o mundo.
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editor-chefe da Folha Online
Há quase um ano a vida dos pacatos moradores da rua Avanhandava virou de ponta-cabeça graças ao projeto de um único empresário, Walter Mancini. Na rua corre o chiste de que seu objetivo é dominar o mundo, começando pela Avanhandava. Durante meses a fio, nós, moradores, fomos acordados pontualmente às 8h com britadeiras. A obra atrasou. Devia ter acabado em setembro. Dezembro está aí e ainda há reparos a fazer, graças à incompetência dos construtores, à má escolha de materiais e ao rebuscado (e horroroso) projeto arquitetônico.
A obra mal acabou e já tem trechos com afundamentos. Óbvio! Deviam saber que tijolinhos delicados não servem de pavimentação numa via que recebe caminhões de várias toneladas --aliás, dos próprios fornecedores dos quatro estabelecimentos comerciais de Mancini.
Durante a reforma ocorreram vários acidentes --alguns graves--, causados pela absoluta falta de sinalização. Uma pobre senhora de 68 anos rompeu os ligamentos do pé ao cair num buraco diante do prédio da Fazenda. Um outro morador sofreu uma queda na outra calçada, em buraco também não sinalizado. Ficou uma semana internado. Quatro carros caíram em enormes valas abertas e mal-ajambradas pelos funcionários da "parceira" prefeitura, causando prejuízo aos proprietários.
Para encerrar, há a feiúra do projeto: enormes vigas de pedra erguidas, o primeiro sinal do mau gosto, que prossegue com fontes estilo rococó. Podia ser pior. Mancini queria fontes luminosas!
Os taxistas foram banidos da rua. Afinal, o empresário precisa de espaço para estacionar e manobrar os carros dos seus clientes. Ah, sim, a rua tinha uma única vaga destinada a deficientes físicos, mas ela desapareceu. Não se queixem, deficientes! Mancini precisa estacionar seus ônibus particulares carregados de turistas!!
Após dez anos, sem nenhum pesar, estou deixando a Avanhandava. Podia até comprar o apartamento que alugo há tanto tempo, mas pensei bem... Deus me livre de viver num feudo dominado por um empresário que acha que moradores de uma rua são um empecilho para seus negócios.
Não serei eu quem vai atrapalhar seu projeto de dominar o mundo.
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