Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
09/12/2006 - 13h28

Inspeção em equipamento amplia intervalo entre vôos e causa atrasos

Publicidade

da Folha Online

Por aproximadamente quatro minutos, controladores de tráfego aéreo do Cindacta 1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo), em Brasília, ficaram sem comunicação por rádio com os pilotos, na manhã deste sábado, segundo relatos de operadores à reportagem. Com isso, o espaçamento entre algumas decolagens foi ampliado, o que causou atrasos.

A Folha Online apurou que o sistema não teria sido afetado por uma nova pane, mas as freqüências principais foram cortadas durante uma inspeção técnica. Controladores ouvidos afirmam que os colegas não foram avisados dos trabalhos e que suspeitaram de uma nova falha. Além do maior espaçamento entre as aeronaves, decolagens foram temporariamente suspensas.

Controladores relataram que têm receio de que o problema volte a ocorrer e disseram não ter confiança no sistema.

Na última terça-feira (5), uma pane cortou a comunicação entre o Cindacta 1 e as aeronaves. O equipamento que apresentou problema passou por avaliação técnica, que apontou que não houve sabotagem, mas uma falha humana no episódio que parou os aeroportos do país.

Neste sábado, a falha na comunicação ocorreu por volta das 11h. Para garantir a segurança, algumas decolagens foram temporariamente suspensas e outras tiveram o intervalo ampliado em até 20 minutos --o intervalo considerado normal é de cinco minutos, em média. Os vôos começaram a voltar ao normal às 12h40.

Boletim divulgado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) mostrou que 137 dos 575 vôos programados para ocorrer da 0h às 10h30 deste sábado sofreram atrasos de mais de uma hora. O número corresponde a 23,8%, índice menor que o registrado nos últimos dias --ontem, no mesmo período, os atrasos afetaram 28,6% dos vôos. Neste sábado, apesar da espera, não há registro de tumultos nos terminais.

Falta de técnicos

Na última quinta-feira (7), o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, admitiu que não havia técnicos capazes de solucionar rapidamente a pane no equipamento do Cindacta 1, na última terça-feira.

Na ocasião, Bueno afirmou que o problema foi identificado somente seis horas depois de a pane ocorrer. "Nós não temos um analisador para ver onde ocorreu a pane. Vamos colocar um equipamento mais moderno em cerca de um mês [para substituir o que teve problemas]", disse.

A falha ocorreu na central de áudio digital do Cindacta 1. O equipamento, italiano, é responsável pela distribuição de telefonia e das freqüências que são utilizadas para a comunicação do controle de tráfego com as aeronaves. Profissionais ouvidos pela reportagem dizem que não é possível garantir a segurança aérea com a falta de freqüência. Isso porque, apesar de a aeronave aparecer no radar, os operadores não conseguem falar com os pilotos.

Também na quinta, durante entrevista em que anunciou um pacote de medidas para reduzir os impactos da crise aérea, o comandante chegou a admitir que o equipamento do Cindacta 1 estava "desgastado". Logo em seguida, ao ser questionado por um jornalista, voltou atrás. "Houve falha de comunicação, eu não quis dizer isso. Esse equipamento tem seis anos, tem características desgastadas mas cumpre sua finalidade com segurança", afirmou.

O Cindacta 1 é responsável pelo controle do espaço aéreo em grande parte do país. Atinge os Estados de São Paulo, Rio, Minas, Espírito Santo, Goiás, parte de Mato Grosso e parte de Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal. A causa da pane não foi confirmada.

Crise

Desde terça-feira (5), quando uma pane cortou a comunicação por rádio entre os controladores do Cindacta 1, em Brasília, e os pilotos, passageiros enfrentaram uma série de atrasos e cancelamentos de vôos. Muitos protestaram nos terminais.

No final de outubro, quando os passageiros começaram a enfrentar constantes atrasos nos principais aeroportos do país, os problemas foram causados pela chamada operação-padrão dos controladores de tráfego aéreo, que, de forma isolada, decidiram aumentar o espaçamento entre as decolagens. O objetivo seria garantir a segurança dos vôos, após o acidente com o Boeing da Gol, que causou a morte dos 154 ocupantes.

O setor entrou em colapso na madrugada do último dia 2 de novembro, feriado de Finados. No dia 14 do mesmo mês, véspera do feriado da Proclamação da República, grandes atrasos voltaram a ser registrados nos principais aeroportos do país. Na ocasião, os problemas seriam resultado da falta de controladores no Cindacta 1, em Brasília.

Entre os últimos dias 19 e 20 de novembro, os passageiros enfrentaram transtornos atribuídos, na ocasião, à chuva e ao efeito bola-de-neve causado pelo rompimento de um cabo de fibra ótica do Cindacta 2 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo) --que coordena o tráfego na região Sul.

Com LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online

Leia mais
  • Aeronáutica confirma que manutenção fez vôos decolarem com maior intervalo
  • Após semana tumultuada, aeroportos registram menos atrasos
  • Bastos nega acordo diplomático para liberar pilotos do Legacy
  • Após ordem de Lula, FAB recebe os controladores
  • Blog do Josias: Negligência do governo levou a caos aéreo, diz TCU

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre atrasos de vôos
  • Leia o que já foi publicado sobre a crise no tráfego aéreo
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página